quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Congresso apequenado

Era por todos sabido que os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), respectivamente, são aliados do genocida Jair Bolsonaro, que apoiou abertamente suas candidaturas. Porém, suas atitudes no dia de hoje, depois dos ataques de Bolsonaro às instituições, nas manifestações de ontem, deixam o Congresso apequenado, de uma forma inaceitável. Lira antecipou-se ao pronunciamento do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, e fez um discurso "conciliador", afirmando que é preciso parar com "bravatas", e que as questões políticas serão resolvidas na data certa, em 3 de outubro de 2022, quando se realizarão as próximas eleições. A colocação de Lira demonstra, claramente, sua intenção de continuar se negando a abrir um processo de impeachment contra Bolsonaro. Uma postura que afronta a Constituição. Como deixou claro Luiz Fux, posteriormente, em seu pronuciamento, os ataques de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal e a um de seus membros, o ministro Alexandre de Moraes, configuram crime de responsabilidade, pois infringem o artigo 85 da Constituição, e o Congresso deve tomar as medidas cabíveis. Lira, portanto, está fugindo à sua obrigação. Pacheco não ficou atrás. Na ânsia de blindar Bolsonaro, cancelou as sessões de hoje e amanhã do Senado, por saber que os parlamentares de oposição iriam fazer fortes declarações sobre os acontecimentos de ontem. Ainda que tenham sido apoiados por Bolsonaro, Lira e Pacheco são presidentes das casas do Congresso, e não podem colocar suas conveniências políticas acima do respeito às instituições.