quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O estigma do envelhecimento

A população brasileira está envelhecendo rapidamente. O número de idosos vem crescendo significativamente, e a expectativa média de vida vem se ampliando de modo progressivo. Ainda assim, o envelhecimento, um processo natural da existência humana, segue sendo tratado como um estigma. O episódio envolvendo a atriz Vera Fischer num aeroporto, no último dia 6, mostra  o quanto é absurda essa situação. Vera foi flagrada embarcando num vôo sem maquiagem. Um dos maiores símbolos sexuais brasileiros em tempos passados, Vera hoje é uma senhora de 63 anos, e é natural que isso se reflita na sua aparência. No entanto, sites da internet e as redes sociais não tiveram esse entendimento, e fizeram comentários jocosos sobre a atriz, que hoje exibe um corpo acima do peso e um rosto sem viço. Até mesmo montagens foram feitas, mostrando o antes e o depois da atriz, com uma foto em que ela aparece ainda majestosa aos 48 anos, e, ao lado, o flagrante colhido no aeroporto. A beleza e a juventude são efêmeras, como tudo na vida. A velhice não deve ser vista como um castigo ou uma desonra, ela é uma decorrência natural de uma existência longa. O tratamento dado ao aspecto físico atual de Vera Fischer revela o quanto a sociedade está tomada pela frivolidade e pobreza interior, privilegiando o que é superficial em detrimento de valores mais sólidos e profundos. O ser humano nunca teve tanto acesso ao conhecimento e à informação como atualmente, mas, contraditoriamente, continua a ser predominantemente raso e fútil.