terça-feira, 21 de junho de 2011

A contundência de uma frase

Vivemos na era da informação. Diariamente, recebemos um volume enorme de notícias, que chegam até nós pelos jornais, rádio, televisão e internet. Dessa forma, muitos dados e declarações, por vezes, nos escapam, em meio ao muito que é divulgado. Porém, em outras ocasiões, acontece o contrário, somos tocados de maneira especial por algum fato ou afirmação. Foi o que aconteceu comigo, hoje, ao tomar conhecimento da morte da ex-vedete e atriz Wilza Carla. Ela começou sua carreira artística como vedete, valendo-se de um corpo escultural. No entanto, começou a engordar muito, o que fez com que buscasse outros caminhos, como jurada de programas de televisão, comediante e atriz. Fez cerca de 40 filmes e atingiu seu ponto alto na carreira com o papel de "Dona Redonda", na novela "Saramandaia", da Rede Globo, de 1976. Valendo-se das formas opulentas da atriz, Dona Redonda era uma mulher que morria ao explodir de tanto comer. Com o tempo, entretanto, a obesidade começou a cobrar seu preço, e Wilza Carla desenvolveu doenças como hipertensão arterial e diabetes. Há 17 anos, sofreu um acidente vascular cerebral que fez com que, a partir de então, vivesse acamada. Tornou-se precocemente envelhecida, em nada lembrando o que fora antes. Foram-se embora, a partir daí, o dinheiro, a fama, os amigos. Wilza Carla passou a conviver com a saúde frágil e a solidão. O que mais me tocou em toda essa história, entretanto, e que remete ao título desse texto, foi a frase da filha da atriz, Paola Faenza Bezerra da Silva, sobre a morte de sua mãe: "Na verdade, eu sinto assim, para muitos, ela já tinha morrido há muito tempo". A frase me atingiu como um golpe, por tudo de dor e desolação que transmite. Dentre todas as formas de morrer, por certo, a pior de todas é a morte ainda em vida, pelo esquecimento, pelo abandono. Como aconteceu com Wilza Carla.