quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Os protestos não pararam

Algumas manifestações nas seções de leitores dos jornais e nas redes sociais expressavam a impressão de que, após os movimentos que varreram o país no mês de junho, com multidões protestando nas ruas, tudo teria voltado ao normal, ou seja, um estado de letargia. Não é verdade. Todos os dias tem ocorrido protestos no Brasil. No Rio de Janeiro, continuam as manifestações nas cercanias da residência do governador Sérgio Cabral Filho. A Câmara de Vereadores foi ocupada, a exemplo do que havia ocorrido em Porto Alegre. Em São Paulo e Belo Horizonte, também se verificam protestos. Hoje, em Porto Alegre, manifestantes se concentraram em frente ao prédio onde reside o prefeito José Fortunatti. Como se vê, a mobilização não cessou. Claro que, passado o impacto inicial da ida de milhões de pessoas às ruas, os protestos se tornam mais específicos em suas motivações e reúnem grupos menores, mas, tudo indica, eles vieram para ficar. O brasileiro pegou gosto pelas reivindicações, pelo exercício da democracia. Sabe que, sem pressionar os políticos, nada se consegue. Nem mesmo durante a visita do Papa Francisco ao Brasil os protestos cessaram. Eles se incorporaram à rotina do país. A forma convencional de se fazer política não estava mais se mostrando suficiente para o atendimento das demandas populares. Foi preciso o clamor das ruas para que os políticos saíssem da sua acomodação. Muitos condenam as manifestações, tachando-as de baderna. Nada mais falso. Elas não são novidade em outros lugares do mundo. Por aqui, a já conhecida tendência do brasileiro ao imobilismo, fez com que ocorressem de forma muito esporádica. Não é mais assim. Se os governantes e parlamentares estão contando que, com o tempo, tudo voltará a ser como antes, podem desistir. Terão, de agora em diante, de conviver com a pressão permanente das ruas.