terça-feira, 2 de junho de 2020

A lógica perversa de Bolsonaro

Claramente, o presidente Jair Bolsonaro não tem nenhum apreço ou respeito pela vida alheia. Defensor da ditadura militar, Bolsonaro chegou a dizer, certa vez, que o regime golpista de 1964 deveria ter matado mais trinta mil pessoas, afora as que assassinou. Em relação à pandemia de coronavírus, Bolsonaro sempre procurou minimizar sua importância. Como a doença é altamente contagiosa, e gera muitas vítimas fatais, Bolsonaro apelou para o negacionismo, pois as ações para enfrentar a pandemia exigiriam muitos gastos públicos. Esses gastos levariam o governo a ter de abandonar o teto estabelecido, comprometendo sua política econômica, feita para favorecer o grande empresariado, que lhe dá sustentação financeira. O argumento de Bolsonaro contra a quarentena, alegando que ela quebrava a economia e também causava mortes por impedir os que precisavam trabalhar de ganhar dinheiro para poder viver, é um exemplo do seu pensamento sociopata. A economia temporariamente paralisada não precisa implicar em que os trabalhadores morram de fome. Basta que o Estado, enquanto durar a pandemia, providencie o auxílio emergencial aos mais necessitados. Na Alemanha, país que já superou a fase mais grave da pandemia, esse auxílio foi de cinco mil euros. No Brasil, foi de três parcelas de 600 reais, e muitos ainda nem receberam a segunda, outros tiveram o auxílio inexplicavelmente recusado, sem contar as pessoas que não teriam direito a ele e foram agraciadas. O valor ínfimo seria ainda menor, o que só não ocorreu por intervenção do Congresso, já que o governo queria pagar parcelas de 200 reais. A obrigação do governo seria gastar o que fosse necessário, sem limites, para adquirir respiradores para os doentes, equipamentos de proteção individual aos profissionais de saúde, e testes para detecção de infecção por coronavírus. Porém, isso faria ruir o plano do ministro da Economia, Paulo Guedes, de redução do tamanho do Estado. A lógica perversa de Bolsonaro ficou expressa, mais uma vez, hoje pela manhã. Completamente indiferente às 32 mil vítimas fatais causadas pela pandemia, até agora, Bolsonaro foi perguntado, por uma apoiadora, o que diria para os que perderam pessoas para a doença, e respondeu que lamentava, mas que esse "é o destino de todos". Para Bolsonaro, a vida dos outros não tem nenhum valor.