domingo, 13 de janeiro de 2013

Tendência imutável

A mudança é uma característica inerente ao ser humano. A vida é dinâmica, e o que hoje é de um jeito, amanhã será de outro. Nos tempos atuais, isso é, ainda, mais facilmente constatável, pois as mudanças ocorrem num espaço de tempo cada vez menor. No entanto, no Rio Grande do Sul, existe algo que é imune à ação do tempo, configurando uma tendência absolutamente imutável. Trata-se da preferência da imprensa esportiva pelo Internacional. Invariavelmente, a cada ano, o Inter é visto como em vantagem sobre o Grêmio, seu grupo de jogadores é considerado mais qualificado, suas contratações são tidas como melhores. Nem o fato de que os resultados de campo desmintam tais apreciações é levado em conta. Em 2013, não está sendo diferente. Nem bem o ano começou, e sem que as competições tenham se iniciado, o Inter, mais uma vez, é considerado como estando num estágio superior ao do Grêmio. As alegações são as de sempre, isto é, de que o Inter tem um grupo mais qualificado e que realizou melhores contratações. O fato, concreto, de que o Inter, nos dois últimos anos, teve resultados de campo pífios, é solenemente ignorado. Analisemos, então os dois pilares que sustentam a tese da superioridade do Inter sobre o Grêmio. A primeira é sobre a qualidade do grupo de jogadores, tida como superior. Em 2011 e 2012, o Inter ganhou, apenas, o Campeonato Gaúcho. Nas demais competições, de maior nível, teve um desempenho medíocre. Mesmo os Gauchões que venceu nesse período, foram ganhos sem brilhantismo. Em 2011, contou com a soberba do Grêmio, que, depois de ganhar o primeiro Gre-Nal da decisão, no Beira-Rio, achou que, no segundo jogo, no Olímpico, o título viria com facilidade, e se deixou surpreender. Em 2012, jogando no Beira-Rio contra o modesto Caxias, o Inter levou um "banho de bola" no primeiro tempo, o qual terminou com a vitória parcial do clube caxiense por 1 x 0, obrigando a entrada, no segundo tempo, de D'Alessandro, que estava sem condições clínicas de jogar, para virar a partida e obter o título. A participação do Inter, no ano passado, na Libertadores, foi modestíssima, ficando, na classificação geral, em 16º lugar entre 32 participantes. No Campeonato Brasileiro, competição em que os dois clubes tomaram parte, o Inter foi o 10º colocado entre os 20 disputantes, enquanto o Grêmio foi 3º colocado e lutou pelo vice-campeonato até a última rodada. A segunda alegação é de que o Inter, para 2013, fez melhores contratações do que o Grêmio. As contratações do Inter, feitas aceleradamente nos últimos dias, não incluem nenhum jogador de currículo vistoso. Pelo contrário, alguns tem uma trajetória profissional bem opaca. Nomes como Vítor Júnior, Caio, Bruno Peres e Hélder estão longe de ser entusiasmantes. Enquanto isso, o Grêmio trouxe jogadores como Dida e Cris, com passagens pela Seleção Brasileira principal em Copas do Mundo, William José, campeão sul-americano e mundial pela Seleção Brasileira Sub-20, e Alex Telles, grande revelação do Juventude, de apenas 19 anos. Mesmo assim, a imprensa esportiva do Rio Grande do Sul já vê o Inter saindo na frente do Grêmio. Tudo muda no mundo, o tempo todo. Menos a descarada preferência da imprensa esportiva gaúcha pelo Inter.