segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Ricardo Boechat

A morte de Ricardo Boechat, hoje ocorrida, de forma trágica, na queda de um helicóptero, representa a perda de um dos maiores nomes do jornalismo brasileiro. Não há nessa afirmação nenhuma concessão ao tom laudatório comumente empregado quando da morte de alguém importante. Boechat era, verdadeiramente, um jornalista de primeiríssimo nível. Seu colega na Rede Bandeirantes, José Luiz Datena, chegou a afirmar que Boechat era o maior jornalista brasileiro em atividade. Talvez fosse, mesmo. Boechat tinha características que são indispensáveis a um bom jornalista, mas que vem sendo esquecidas pelos profissionais da área. São elas a independência, o senso crítico, a incisividade, a coragem. Boechat fez desafetos tanto à esquerda quanto à direita do espectro ideológico. Afinal, nunca abdicou de tecer críticas segundo o teor dos fatos, sem tomar partido em favor de nenhum lado. O desaparecimento de Boechat coincide com um momento em que o país foi tomado pela burrice e pelo obscurantismo, com um governo que encaminha o Brasil para um retrocesso medieval. Num quadro tão desolador, uma figura como Boechat destoava do contexto. Era uma mente lúcida em meio a escuridão. Por tudo isso, Ricardo Boechat vai fazer muita falta.