sábado, 2 de junho de 2012

Voracidade capitalista

No capitalismo, é sabido, só o que importa é o lucro. Em nome de aumentarem seus ganhos, os empresários praticam toda a sorte de ações exploratórias da mão-de-obra. Afora os prejuízos causados aos trabalhadores, a população como um todo se ressente dos efeitos de tal postura. Um exemplo disso é o que vem acontecendo em supermercados e hipermercados de Porto Alegre. Apesar da existência de uma lei municipal, aprovada em 2010, que prevê que os supermercados com mais de quatro caixas devem contar com o serviço de empacotador, a regra não vem sendo observada em vários estabelecimentos. Isso gera muitos transtornos. O mais evidente deles é a lentidão no empacotamento das mercadorias, resultando na formação de longas filas. Isso porque, na ausência de um funcionário específico para proceder o empacotamento, o caixa tem de acumular essa função ou o próprio cliente tem de fazê-lo. Em redes de supermercado como Nacional/Big Shop, Carrefour e Rissul, o caixa ainda tem de pesar hortigranjeiros e frutas, receber faturas de água, luz e telefone, e fazer recarga de celulares. Na busca de faturar mais, tais estabelecimentos suprimem uma função, diminuindo postos de trabalho, obrigam os caixas, trabalhadores que recebem apenas um salário mínimo, a desempenhar múltipla atividades, e prejudicam os consumidores. O pior é que, em vez de desculpar-se e prometer uma mudança de atitude, o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados, Antônio Cesa Longo, diz que a iniciativa privada tem a opção de utilizar ou não os empacotadores. Longo afirma que cada estabelecimento tem o direito de decidir sobre o oferecimento desse serviço, e declara ser contrário a interferência do poder Legislativo nesta questão. Até aí nenhuma novidade. Empresários adoram a ideia do estado mínimo, que nada fiscaliza, permitindo a implantação de um capitalismo sem freios. A ausência de empacotadores é um desrespeito flagrante a uma lei municipal, o que torna imperiosa a punição dos infratores. Trata-se de mais uma prova de que o estado mínimo é uma balela que só serve a quem quer encher os bolsos explorando os trabalhadores e lesando os consumidores. Evidencia também que a presença do poder estatal é indispensável para coibir abusos da iniciativa privada. Ao contrário do que vem sendo postulado por arautos da "modernidade", precisamos, cada vez mais, de um Estado forte e atuante.