terça-feira, 15 de março de 2022

A volta da censura

O filme "Como se tornar o pior aluno da escola", de 2017, serviu para que um velho fantasma da ditadura militar retornasse ao cenário político brasileiro. A volta da censura é mais um dado execrável do desastroso governo de Jair Bolsonaro. Com base em uma cena que, alegadamente, faria apologia à pedofilia, o ministro da Justiça, Anderson Torres, determinou a retirada do filme dos catálogos de streaming que operam no país. O não cumprimento da determinação implicará numa multa diária de R$ 50 mil. A plataforma de streaming Globoplay já anunciou que não cumprirá a medida. Especialistas do meio juŕídico já declararam que a determinação é inconstitucional. O mais curioso é que, quando do seu lançamento, em 2017, o filme foi saudado por bolsonaristas que, agora, o querem censurar. A razão da mudança de comportamento está relacionada a Danilo Gentilli, um dos atores do filme e autor do livro no qual foi baseado. Gentilli, um "humorista" abominável, apoiou Bolsonaro nas eleições de 2018, mas, atualmente, tornou-se um crítico do presidente genocida. Foi o que bastou para que os defensores de Bolsonaro se voltassem contra Gentilli. A censura é um instrumento de governos autoritários. Nada justifica a sua aplicação. Ninguém é obrigado a assistir um filme. Nem mesmo um erro na classificação etária do filme justificaria una ação censória. A cena em questão, segundo o comediante Fábio Porchat, que toma parte nela, é, mesmo, "escrota", mas isso não pode servir de pretexto para a censura. Na verdade, tudo indica ser essa mais uma cortina de fumaça para desviar a atenção da opinião pública dos escândalos do governo Bolsonaro.