quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A vida é buliçosa

Os feriadões de final de ano e as férias de verão fazem com que uma multidão invada as estradas e praias pelo país afora, em busca de lazer e diversão. O verão é, sem dúvida, a mais alegre das estações, conclama ao convívio. O calor próprio da estação estimula as pessoas a saírem da "toca" e buscarem a celebração da vida nos espaços coletivos. Claro, todo esse movimento gera transtornos, como estradas lotadas e, consequentemente, "engarrafadas", preços altos no comércio, e uma série de outras situações estressantes. No Rio Grande do Sul, particularmente, as queixas são ainda maiores, pois seu litoral tem poucas belezas naturais, muito vento, e a água, quase sempre, é escura e fria. Isso faz com que algumas pessoas sustentem a ideia de que o melhor, no verão, seria ficar em Porto Alegre, que, devido ao esvaziamento parcial pela migração para as praias, se tornaria uma cidade muito agradável. Conversa fiada. A capital do Rio Grande do Sul é insuportavelmente quente no verão. O calor de Porto Alegre é abafado e úmido, causando enorme mal-estar. Os defensores da esdrúxula tese dizem que, no verão, os restaurantes da cidade ficam vazios, o trânsito flui com facilidade, os cinemas também tem mais lugares disponíveis. Ora, e daí? Viver numa cidade grande implica entender que ela tem uma considerável população, o que leva a uma expressiva presença de público nos seus diversos espaços. Porto Alegre esvazia no verão por ser uma cidade que combina o já citado calor sufocante com a falta de praias, a ausência de belezas naturais e a  total inexistência de atrativos turísticos. Portanto, é natural que, chegado o verão, milhões de pessoas queiram fugir de tal quadro. Aos que fazem a ode ao silêncio e à tranquilidade da capital transformada, temporariamente, em cidade semi-abandonada, cabe lembrar que a vida é, necessariamente, frenética e buliçosa. Viver é expandir-se, não se recolher. Tanto é assim que o lugar mais calmo que existe é o cemitério, pois, lá, todos estão mortos.