domingo, 27 de fevereiro de 2022

O anúncio de Tite

O técnico da Seleção Brasileira, Tite, anunciou, durante a semana, que deixará o cargo após a Copa do Mundo, seja qual for o resultado que a equipe obtenha. O anúncio de Tite soa como uma obviedade. Tendo fracassado na Copa de 2018, Tite não teria como prosseguir no caso de um novo insucesso. Se for campeão, não teria porque perder a chance de sair como vencedor, depois de um longo período no cargo. O que chama a atenção é a reação da imprensa esportiva assim que Tite fez sua declaração. Começou, de forma praticamente imediata, uma campanha para que o futuro técnico da Seleção seja um estrangeiro. Não faltou, como de outras vezes, quem sonhasse com o espanhol Josep Guardiola, técnico do Manchester City, para assumir no lugar de Tite. Outros lembram o fato de que Jorge Jesus está livre no mercado para sugerir o seu nome. Como se percebe, a fixação por técnicos estrangeiros não se dá só nos clubes, também tomou conta da imprensa. No próximo Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão, que iniciará em abril, nove dos 20 clubes já têm técnicos estrangeiros. Parece uma fórmula mágica, o que, evidentemente, é um equívoco. Os problemas da Seleção e dos clubes não se devem às nacionalidades de seus técnicos. São muito mais profundos, têm causas estruturais. A classe dos técnicos brasileiros está sendo desmerecida de um modo cruel e injusto. Sem grandes jogadores não há como esperar resultados notáveis, e aí reside o principal problema do futebol brasileiro no momento. O resto é conversa fiada dos arautos da "modernidade" do futebol.