sábado, 13 de agosto de 2011

Corrupção

O que antes era eventual, tornou-se um hábito. A corrupção no Brasil passou a ser regra, não uma exceção. O país parece ter aceitado conviver com a corrupção como algo que faz parte da vida diária. São tantos os escândalos, tão numerosas as denúncias de novos deslizes que surgem a cada dia, que se torna difícil até acompanhar a evolução de tais acontecimentos. A cada nova edição das revistas semanais de informação, tomamos conhecimento de favorecimentos ilícitos, pagamento de propinas, desvio de verbas, enriquecimento repentino e inexplicado, entre tantas outras falcatruas de autoridades dos mais diversos escalões. Interesses ideológicos à parte, pois certas publicações aproveitam-se de tais fatos para tentar incutir sua visão de mundo, é forçoso constatar que o exercício do poder no Brasil está contaminado e corroído pela ação de pessoas destituídas de qualquer idealismo, que usam a política para a satisfação dos seus próprios interesses e de seus apaniguados. A cada semana, um novo ministério é atingido, por denúncias. Começou com os Transportes, passou para a Agricultura, chegou ao Turismo. Nessa sequência, pouco a pouco, todos os ministérios do governo da presidente Dilma Roussef terão contra si alguma evidência de irregularidade. Dilma é honesta e tem se mostrado, até onde é possível, enérgica no combate aos escândalos. Ocorre que tudo o que está acontecendo é resultado de uma forma de governabilidade que a presidente já herdou de seus antecessores no cargo. Desde a redemocratização do país, criou-se uma fórmula de governar baseada na aliança entre partidos, que distribui cargos entre os aliados, e concede toda sorte de agrados e facilidades para os mesmos, sob a justificativa de obter maioria nas votações do Congresso Nacional. O resultado nefasto de tal prática é, afora a disseminação dos atos corruptos, o esvaziamento da oposição. Com a maioria desejando usufruir as vantagens de se associar ao poder, restam poucos que queiram se dedicar ao exercício de fazer oposição, fundamental para a saúde de um regime democrático. O Brasil precisa, urgentemente, redesenhar seu modelo de administração pública. Por melhores que sejam as ações de governo, por mais que cresça a economia, um país não pode conviver indefinidamente com a corrupção entranhada e disseminada nos estamentos de poder. Uma "faxina" completa no modo de se governar o país se faz, cada vez mais, necessária.