domingo, 28 de dezembro de 2014

Solidariedade

Os jogos beneficentes de ontem, no Maracanã e Beira-Rio, foram demonstrações de solidariedade de jogadores e do público. Afinal, essa é uma época de festas e de férias. No Maracanã, nem mesmo o forte calor e o apelo das belas praias do Rio de Janeiro afastaram a presença de uma numerosa plateia. No Beira-Rio, a instabilidade do tempo também não demoveu as pessoas de prestigiarem a promoção. Em ambos os casos, bem como em todos os jogos do gênero, o que menos interessa é o resultado da partida, que é festiva. O que importa é a ajuda aos mais necessitados, especialmente num período do ano marcado por celebrações. O futebol atrai o público mesmo quando está oficialmente em recesso. Somando-se a isso o estímulo à solidariedade, temos estádios com grande presença de espectadores e muitas pessoas carentes beneficiadas. Um atitude meritória de jogadores atuais e do passado, devidamente correspondida pelos que estiveram nos estádios.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Discoteca básica

O livro "Discoteca Básica", recentemente lançado, de autoria de Zé Antônio Algodoal, diretor de programas de tv e músico, trata de saber quais os dez discos preferidos de 100 personalidades, nacionais e estrangeiras. Esse tipo de lista é algo que sempre interessa ás pessoas. Em geral, todos gostamos de rankings e classificações. Escolher dez grandes discos é uma tarefa difícil, tantos são eles. O gosto de cada um é algo muito pessoal, portanto as preferências são as mais variadas. Na minha lista constariam discos como "Revolver", "Sargent Peppers Lonely Hearts Club Band" e "Abbey Road", todos eles dos Beatles, "All Things Must Pass",  de George Harrison, "Brothers in the Arms", do Dire Straits, "Eric Clapton Acoustic MTV", a trilha sonora do filme "Saturday Night Fever", "Gal Canta Caymmi", "As canções que você fez pra mim", com Maria Bethânia interpretando clássicos de Roberto Carlos, "Rita Lee" (1980), "Erasmo Carlos Convida - Vol. 1(1980)". Esses são apenas alguns dos muitos discos de que gosto. Poderia citar vários outros, mas foram os primeiros de que lembrei na tentativa de fazer uma lista. Faça a sua também, é um modo de recordarmos de discos e músicas que marcaram nossas vidas.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

A descaracterização do Natal

Mesmo para quem não é religioso, como é o meu caso, chama a atenção a descaracterização do Natal. Uma festividade essencialmente religiosa, afinal celebra o nascimento de Jesus Cristo, o Natal transformou-se, tão somente, numa data comercial. Aqueles que acompanharam com atenção os meios de comunicação nos últimos dias devem ter percebido que a quase totalidade das referências ao Natal era em relação à busca pela compra dos presentes, o movimento alucinante de pessoas em lojas e shoppings centers, enfim, à dimensão consumista da data. Ontem, isso ficou ainda mais claro numa matéria levada ao ar pelo "Jornal Nacional", da Rede Globo. Ao chamar a reportagem, a apresentadora diz :"Hoje, ele foi o grande assunto no mundo". Pensei, imediatamente, tratar-se de Jesus, devido ao Natal, mas o foco da matéria era o Papai Noel! Em 2014, talvez como em nenhum outro ano, o Natal está sendo a festa do Papai Noel. Praticamente não se vêem referências de cunho religioso em relação à data. O conteúdo da celebração foi deixado de lado, e o Natal torna-se, assim, apenas um pretexto para incitar o consumo, como outras datas ao longo do ano que visam manter o comércio aquecido. Se perguntarmos para muitas crianças, fascinadas pelos presentes que acabaram de ganhar, o que se comemora no Natal, muitas delas não saberão responder. O capitalismo é um sistema implacável. Nada sobrevive à sua sanha de incentivo ao consumismo. O Natal, como acontecimento religioso,. só é cultuado, ainda, por pessoas de uma fé mais arraigada, boa parte delas mais idosas. Para a maioria da população e, particularmente, os mais jovens, é apenas uma festa consumista e motivo para se aproveitar um feriadão.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Perfil conservador

A presidente Dilma Rousseff apresentou, hoje, o nome de mais 13 ministros para o seu segundo mandato. O que chama a atenção é o perfil demasiadamente conservador de muitos dos escolhidos. Depois da indicação de Joaquim Levy para presidente do Banco Central, nomes como Kátia Abreu, Gilberto Kassab e Armando Monteiro, para os ministérios, respectivamente, da Agricultura, das Cidades, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, dão ao governo uma face pouco compatível com uma orientação de esquerda. Não se trata, propriamente, de uma novidade, mas, sim, de uma tendência que se acentuou em nome da "governabilidade". A necessidade de obter apoio no Congresso Nacional faz o governo adotar uma ampla política de alianças, reunindo partidos que nada tem em comum em termos programáticos, mas que sempre estão interessados em obter a sua fatia de poder, traduzida em cargos e verbas. Porém, alguns nomes, mesmo nessa perspectiva, são difíceis de aceitar num governo comandado pelo PT. A senadora Kátia Abreu, uma das maiores lideranças do "agronegócio", defende ideias incompatíveis com um governo de matriz de esquerda. Hélder Barbalho, que assumirá o posto de  ministro da Pesca e Aquicultura, afora ser pouco conhecido, é filho do ex-governador do Pará, Jáder Barbalho, um dos políticos de biografia mais comprometedora do país. Menos mal que para o cargo de secretário geral da Presidência da República está sendo cogitado o nome de Miguel Rosseto. A presença de Rosseto, num cargo de tamanha importância dentro do governo, ajudaria a equilibras a balança, impedindo um avanço ainda maior das forças conservadoras. Tendo obtido uma vitória por margem pequena na eleição, a presidente Dilma parece buscar atrair a simpatia de quem, costumeiramente, lhe faz oposição. O risco que se corre, em situações como essa, é não se obter as vantagens pretendidas e ainda perder o apoio dos colaboradores mais fiéis. Governar, é, também, contrariar interesses. Não dá para agradar a todos. Por isso, o mais indicado é apostar na coerência das propostas, dando ao governo uma identidade clara, sem demasiadas concessões. Pode parecer algo exageradamente idealista, mas é a única saída para a política não ser, apenas, uma troca de favores e interesses.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Joe Cocker

O rock e o blues perderam, hoje, uma de suas maiores figuras. Joe Cocker morreu, vítima de câncer, aos 70 anos. Em 50 anos de carreira, Cocker gravou 40 discos. Participou do lendário festival de Woodstock, onde fez uma interpretação histórica de "With a Litttle Help From My Friends", de John Lennon e Paul McCartney. Em 1983, ganhou o Grammy por "Up Where We Belong", música que gravou em dueto com Jennifer Warner. Outros de seus sucessos foram "You Are So Beatiful" e "Unchain My Heart". Em 2007 tornou-se "sir", ou seja, Cavaleiro do Império Britãnico. Cocker é, sem favor, um astro da música. Seu estilo era único, não deixa sucessores.

Contratações

Grêmio e Inter anunciaram, nas últimas horas, contratações que estão longe de entusiasmar seus torcedores. No sábado, o Grêmio apresentou Marcelo Oliveira, de 27 anos, vindo do Palmeiras. Marcelo Oliveira, ao que se diz, veio para ser o lateral esquerdo do Grêmio, no entanto, joga também em diversas outras posições. Na lateral esquerda, não joga desde  2013. Porém, isso nem é o mais importante. O que inquieta o torcedor é que ele é um jogador apenas mediano, e estava no Palmeiras, que fez péssima campanha no Campeonato Brasileiro. As duas contratações feitas pelo Grêmio até agora, a outra foi o meia Douglas, que estava no Vasco e retorna ao clube, apontam  para perspectivas nada animadoras em 2015. Hoje, foi a vez do Inter anunciar uma contratação, a do seu tão esperado novo técnico. O escolhido foi o uruguaio Diego Aguirre, ex-jogador do clube. Aguirre foi vice-campeão da Libertadores de 2011 como técnico do Peñarol, e, na ocasião, eliminou o Inter nas oitavas de final, em pleno Beira-Rio. Perdeu, na decisão, para o Santos de Neymar e Paulo Henrique Ganso. Afora isso, sua trajetória não apresenta grandes feitos, mas pesam a seu favor a identificação que possui com o Inter e o conhecimento que tem da Libertadores, competição prioritária do clube em 2015. Não há como ignorar, todavia, que, para quem sonhou com Tite, e cogitou nomes como os de Vanderlei Luxemburgo e Mano Menezes, ou mesmo a continuidade de Abel Braga, Diego Aguirre representa um anticlímax, sem contar que sua contratação contraria uma das declarações do novo presidente do Inter, Vitório Píffero, de que não traria um técnico estrangeiro.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Visão equivocada

Uma nota na seção "Radar" da revista "Veja", em sua mais recente edição, chama a atenção por expor uma visão equivocada sobre a tentativa dos meios de comunicação de se manterem em sintonia com o "futuro" e de agradarem ao público jovem. A nota refere-se ao fato de que a Rede Globo, que completará 50 anos em 2015, pretende comemorar a data com "cuidado". A Globo teme parecer apegada ao passado e, por isso, não quer rechear a programação com um tom de nostalgia, pois entende que isso afugenta o telespectador mais jovem. A ideia central da comemoração é falar de futuro o tempo todo, conforme "Veja". Entendo que há erros conceituais nessa postura. Primeiramente, 50 anos é uma data redonda, e muito expressiva quando se trata da história de uma empresa. Em tão largo espaço de tempo, são muitos os feitos a serem exaltados. Portanto, o recurso à nostalgia não seria nenhuma impropriedade. Em segundo lugar, a preocupação em agradar o público jovem já levou a própria Globo a cometer erros. Recentemente, ela levou ao ar a novela "Geração Brasil" com uma história de muitos personagens jovens e calcada na onipresença da informática nos dias de hoje. A novela foi um fracasso. A busca obsessiva pela audiência faz com que os veículos de comunicação tentem identificar o que os jovens querem e que busquem antecipar tendências para o futuro. A ideia de que o passado deva ser desprezado e de que só o novo tem vez é um absurdo. Ao abolirmos as citações ao passado, estamos nos condenando a ausência de referências. A trajetória de uma empresa, e mesmo a vida de uma pessoa, é uma construção ao longo do tempo. Não se pode ignorar a importância do passado nessa caminhada. O futuro é importante, mas é uma abstração. O passado, por já estar consolidado, merece ser lembrado, e, no caso de uma história vitoriosa como a da Globo, receber o devido destaque.

sábado, 20 de dezembro de 2014

Formalidade

O título de campeão mundial de Clubes conquistado, hoje, pelo Real Madrid com uma vitória de 2 x 0 sobre o San Lorenzo, em Marrakesh, foi o cumprimento de uma formalidade. A distância técnica entre os dois times é imensa, em favor do Real Madrid. O San Lorenzo portou-se com o brio próprio dos argentinos, o que lhe proporcionou uma derrota digna, e mais do que isso não poderias obter. O clube argentino livrou-se, assim, de um vexame como o do Santos, que em 2011 foi goleado pelo Barcelona por 4 x 0. O único senão foi o frango tomado pelo goleiro Torrico no segundo gol do Real Madrid, logo no início do tempo final de jogo. Não fosse ele, o San Lorenzo poderia ter dado mais trabalho para o Real Madrid. Ainda assim, não haveria como impedir que o clube espanhol ficasse com o título. Mesmo com um Cristiano Ronaldo discreto, a exemplo do que já acontecera na partida pelas semifinais, contra o Cruz Azul, o Real Madrid impôs sua maior qualidade, com jogadores como Benzema, Beale e Isco. Escolhido como o maior clube do século 20, o Real Madrid possui 10 títulos da Champions League e, hoje, venceu o Mundial de Clubes pela quarta vez. Com seu time atual, cheio de astros, tem tudo para continuar ampliando essa galeria de conquistas.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Título mundial

O que era aguardado com muita expectativa nos últimos dias, finalmente, foi alcançado. Gabriel Medina conquistou o primeiro título de campeão mundial de surfe para o Brasil. Um feito histórico, sem dúvida. O que surpreende aos mais leigos nesse esporte é como um país de litoral tão extenso, e com tantos praticantes do surfe, ainda não tivesse um campeão mundial dessa modalidade. Multicampeão em esportes coletivos, o Brasil tem resultados mais modestos nos individuais. Com sua conquista, Gabriel Medina se junta a um grupo restrito, de nomes ilustres como Émerson Fittipaldi, Nélson Piquet e Ayrton Senna, no automobilismo, Maria Esther Bueno e Gustavo Kuerten, no tênis, César Cielo, na natação, Adhemar Ferreira da Silva e Joaquim Cruz, no atletismo, Éder Jofre e Miguel de Oliveira, no boxe, Aurélio Miguel e Rogério Sampaio, no judô, todos ganhadores de competições individuais internacionais. Como costuma ocorrer quando surge um novo campeão, o número de praticantes do surfe deverá aumentar significativamente no país. Tomara que o feito de Medina não seja algo episódico, e que ele e outros praticantes desse esporte de tanto apelo visual possam obter novas conquistas para o país.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Vacuidade

Vivemos num mundo frívolo e superficial, e a produção cultural reflete isso, pois é de uma terrível pobreza. Numa época dominada pelo consumismo, a forma é exaltada, e o conteúdo é desprezado. O avanço acelerado da tecnologia e da informática impactam a vida de todos e as relações entre as pessoas. Hoje, quase todos estão "conectados". Se não estão, sentem-se excluídos. A era digital caminha a passos largos. As transformações sociais se dão de forma tão rápida e acentuada que torna-se difícil assimilá-las. Com isso, há quem se preocupe em se antecipar às "novas tendências", em identificar para onde sopram os ventos. Com base em tais intenções, o grupo de comunicação RBS, do Rio Grande do Sul, promoveu,  na terça-feira, um evento intitulado "Vox 2014". Conforme o título da matéria de um dos jornais do grupo sobre o acontecimento, o mesmo visava à "escuta das vozes do futuro". O evento, que deverá ter edições anuais, constou da realização de palestras durante todo o dia, que puderam ser assistidas por 400 pessoas no local em que se realizavam ou por televisão e internet pelos demais interessados. Os palestrantes, em grande número, eram pessoas dos setores mais diversos. Nesse grupo tão heterogêneo havia uma chefe de cozinha, jornalistas, músicos, humorista, apresentador de televisão. Tentei, de todas as formas, encontrar um eixo nesse evento, um fio condutor. Não consegui. O "Vox 2014" foi elaborado a partir de um estudo realizado pela cineasta Flávia Moraes sob encomenda do Grupo RBS. De acordo com a promotora do encontro, o trabalho de Flávia enumera "valores vitais para quem produz ou consome informação na nova era". Toda essa argumentação não consegue esconder uma enorme vacuidade nesse tipo de evento. Desde que a presidência do grupo mudou de mãos, chegando à terceira geração da família que o fundou, a preocupação em ser "moderna" e preparada para os "desafios dos novos tempos" tem sido uma marca da RBS. No entanto, no terreno prático, nada tem se constatado. Seu principal jornal, "Zero Hora", por exemplo, passou, recentemente, por uma reforma que empobreceu seu conteúdo e sua apresentação visual. O jornalismo, que deveria ser o cartão de visitas do grupo, sofre com constantes levas de demissões. A busca de "modernidade" da empresa carece de foco e de precisão, é difusa e inconsistente. Reflete o seu atual comando, que é um repositório de intenções vagas e sem método de como enfrentar os desafios do que "está por vir". No fundo, não passa de uma ladainha modernosa sem nenhum sentido.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Anúncio histórico

O anúncio, feito, hoje, do restabelecimento das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba, é um fato histórico. O embargo comercial dos EUA à Cuba prosseguirá, pois depende do Congresso para ser derrubado, mas o passo que foi dado é muito grande. O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou, também outras medidas, como facilitar viagens de americanos à Cuba, e a autorização de vendas e exposições de bens e serviços para o país caribenho. Obama divulgou, também, a autorização para americanos importarem bens de até US$ 400 de Cuba e o início de novos esforços para melhorar o acesso do país a telecomunicações e internet. As medidas mais práticas foram o restabelecimento da embaixada dos EUA em Cuba e a revisão da designação dada pelos americanos ao país de Estado que patrocina o terrorismo. Pronunciando-se a respeito da decisão histórica, Barack Obama disse: "A mudança é ainda mais difícil quando nós carregamos a carga pesada da história nos nossos ombros. Mas, hoje, nós estamos fazendo essas mudanças porque é a coisa certa a fazer". O presidente de Cuba, Raul Castro, declarou: "Devemos aprender a arte de conviver de forma civilizada com nossas diferenças". Sábias palavras de ambos. Os republicanos do Congresso americano já criticaram Obama pelas decisões tomadas, o que mostra o quanto será difícil levantar o embargo. Porém, como disse Obama, era o certo a se fazer. Raul Castro reconheceu haver muitas diferenças entre os dois países sobre diversas questões como soberania e direitos humanos, mas manifestou confiança de que eles possam estabelecer um entendimento a esse respeito. Muito ainda há a avançar na relação entre Estados Unidos e Cuba, mas as medidas anunciadas hoje já possuem um enorme significado. A Guerra Fria, finalmente, está acabando de vez.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Presidente boquirroto

Há um ditado que expressa que o peixe morre pela boca. Ele parece se encaixar com perfeição no novo presidente do Inter, Vitório Píffero, eleito no sábado. Píffero baseou sua campanha na promessa de grandes contratações. Em relação ao técnico, Píffero, desde o início, fixou-se no nome de Tite. Logo após o anúncio de sua vitória nas urnas, chegou a dizer que fora o único técnico com que mantivera contato. Anteriormente, numa entrevista concedida dois dias antes da eleição, Píffero fez severas críticas ao trabalho de Abel Braga em 2014, e declarou que embora considere Mano Menezes um bom técnico não o acha adequado para esse momento do Inter. Mais tarde, também afastou a hipótese de contratar Celso Roth. Ontem, começaram as complicações para Píffero. Tite, o técnico dos seus sonhos, foi contratado pelo Corinthians. Antes do acerto de Tite com o clube paulista, ocorrido á noite, Abel, no início da tarde, em entrevista para a Rádio Bandeirantes, de Porto Alegre, afirmou que não ficaria no Inter. Numa última busca de um  técnico de renome, o Inter, hoje, tentou o nome de Vanderlei Luxemburgo, que recusou. À tarde, ao apresentar o vice-presidente de futebol, Luís Fernando Costa, Píffero tentou minimizar os efeitos das notícias negativas. Disse que Tite já estava acertado com o Corinthians há cerca de 20 dias, de que não tentara a contratação de Luxemburgo, e que o atual técnico do Flamengo é que, em diversas oportunidades, teria lhe revelado o desejo de treinar o Inter. Afora isso, admitiu recuar nos vetos aos nomes de Mano Menezes e Celso Roth e deixou circular a hipótese de uma reaproximação com Abel. Vitório Píffero é um dirigente bem sucedido, mas sempre foi dado a falar demais. O Inter já está pagando o preço por ter um presidente boquirroto. Píffero prometeu muito, e, mesmo antes de tomar posse oficialmente, seus planos não estão se concretizando. Faltando dois meses para começar a disputa de mais uma Libertadores, o Inter sequer tem o seu técnico definido. O trocadilho, nessa hora, é inevitável. O começo de administração do presidente do Inter está sendo pífio.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Rolling Stones em Porto Alegre

Os Rolling Stones se apresentarão em Porto Alegre em 10 de novembro de 2015. A notícia, espetacular, confirma o que já havia sido informado há algum tempo, sem que, no entanto, existisse uma data marcada. Ainda falta quase um ano, mas a expectativa dos muitos fãs do grupo, por certo, já está nas alturas. Porto Alegre já recebeu shows de mitos como Paul McCartney, Ringo Starr, Bob Dylan, Eric Clapton, Roger Waters, Madonna, Deep Purple, e faltava acrescentar os Rolling Stones a esse seleto grupo. Com mais de 50 anos de carreira e integrado por setentões, o grupo ainda emociona as plateias em todos os lugares por onde passa. Seu set list é uma coleção de clássicos. Músicas como "Satisfaction", "Let's Spend the Night Togheter", "Under My Thumb" "It's Only Rock'n Roll", "Brown Sugar", "Angie", "Start Me Up", "Waiting on a Friend", entre tantas outras, atravessam gerações e levam os fãs ao êxtase em seus shows. Será uma apresentação histórica, e inesquecível para os que a ela comparecerem. Não será um show gratuito, como o que levou 1,5 milhão de pessoas a ocuparem as areias da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em fevereiro de 2006. Os ingressos não deverão ser baratos, mas valerão cada centavo cobrado. Para os amantes da música, a partir da definição da data do show, começa uma contagem regressiva cercada de ansiedade. Não será fácil esperar por tão grande momento.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Estranho fenômeno

A música, em décadas passadas, já teve um espaço nobre na televisão brasileira. Vários programas e os célebres festivais, faziam da música uma grande atração televisiva. Com o tempo, a música foi encolhendo a sua participação na televisão e sendo relegada a horários pouco atrativos. Porém, agora, um outro fato negativo aparece nessa relação. Os poucos espaços televisivos para a música ainda existentes estão sendo ocupados, de maneira majoritária, pelos artistas ditos "sertanejos". Esse gênero musical, em tempos idos uma manifestação autêntica de origem "caipira", hoje deu lugar ao chamado "sertanejo universitário". Duplas dedicadas a essa "vertente musical" brotam aos magotes, como ervas daninhas. Em comum, apresentam melodias pobres e letras rasas, cheias de pieguices e lugares comuns. Não há como entender esse estranho fenômeno de popularidade de "artistas" tão desprovidos de talento. O Brasil tem, na música, uma das suas grandes riquezas culturais, reconhecida no mundo inteiro. Tom Jobim, por exemplo, cuja morte completou 20 anos há poucos dias, compôs, junto com Vinícius de Moraes, "Garota de Ipanema", a segunda música com maior número de execuções em todos os tempos. Um país que possui nomes como Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia, entre outros, não pode ter, como gênero dominante de uma época, algo tão simplório como a música sertaneja, seja no estilo "universitário" ou não. Até porquê, somos um país onde a maioria esmagadora da população vive nas cidades, sem contar que temos um vasto e lindo litoral. Seria mais lógico vivermos a explosão de uma música praieira do que reverenciar composições que fazem alusões à peões, rodeios, estradas de chão e romances tendo o campo por cenário, o que pouco tem a ver com a realidade brasileira.

sábado, 13 de dezembro de 2014

Vitória esmagadora

Como já era esperado, o candidato de oposição, Vitório Píffero, ganhou a eleição para presidente do Inter, realizada hoje. A vitória de Píffero foi esmagadora, com 15.051 votos, enquanto o candidato da situação, Marcelo Medeiros, fez 5.927. O resultado comprova o que já se sabia, isto é, que para o torcedor, a hegemonia no Campeonato Gaúcho não basta. Giovanni Luigi, o presidente que sai, ganhou os quatro gauchões que disputou, mas não conquistou títulos mais relevantes e viu, nesse período, o Grêmio participar mais vezes da Libertadores que o seu clube. Píffero, por sua vez, ocupou o cargo de vice-presidente de futebol quando das conquistas da Libertadores e do Mundial de Clubes em 2006. Como presidente, foi campeão da Libertadores de 2010. A tarefa de Medeiros como candidato da situação, portanto, era ingrata. Os associados optaram pela perspectiva da retomada dos grandes títulos, e, tanto antes como depois de eleito, Píffero tem sustentado um discurso ambicioso, prometendo a contratação de um técnico e de jogadores de alto nível para que o Inter conquiste a Libertadores pela terceira vez. A expectativa em torno da administração de Píffero é muito alta. Resta saber se ele vai corresponder a ela.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Contrastes

Nada pode ser mais contrastante que o final de ano dos torcedores de Grêmio e Inter. O término do Campeonato Brasileiro foi melancólico para o Grêmio, que, dos 12 últimos pontos disputados, ganhou apenas um. Com isso, terminou o Brasileirão num modesto 7º lugar, e ficou de fora da Libertadores depois de disputá-la nos dois últimos anos. Com o Inter, tudo foi diferente, pois, dos últimos 15 pontos disputados na competição, ganhou 13, e classificou-se para a principal competição sul-americana de forma direta, sem ter de enfrentar a fase prévia. O mais estranho é que esses desempenhos dos dois clubes aconteceram imediatamente após uma goleada do Grêmio sobre o Inter por 4 x 1. A velha afirmativa do conselheiro do Inter, Ibsen Pinheiro, de que vitória em Gre-Nal arruma a casa do vencedor e desarruma a do derrotado, dessa vez, não se confirmou. O Inter, que irá escolher o seu novo presidente amanhã, promete não economizar para formar um time forte, capaz de lutar pelo título da Libertadores. O Grêmio, que empossou Romildo Bolzan como presidente para o biênio 2015/2016 na quarta-feira, só aponta para corte de gastos, saída de grandes jogadores e pouquíssimas contratações. Para um clube que vive uma exasperante escassez de títulos há muitos anos, o panorama não poderia ser mais desolador. Há um ditado que expressa que não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe. No caso do Grêmio, até a sabedoria popular, pelo visto, está sendo contrariada.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Revisão indispensável

O relatório final da Comissão Nacional da Verdade, que apurou os crimes cometidos pelos agentes do Estado brasileiro durante a ditadura militar, foi entregue ontem. A presidente Dilma Rousseff, no seu pronunciamento em relação ao fato, emocionou-se e teve de interromper sua fala por alguns instantes. Dilma sentiu, na própria carne os efeitos da violência do regime golpista. Porém, de nada adiantará o tempo despendido na confecção do relatório se o mesmo não levar à revisão da Lei de Anistia, proporcionando a punição dos que praticaram torturas e assassinatos em nome da ditadura. Muitas vozes se levantam sustentando a ideia de que a Lei da Anistia foi uma via de mão dupla, e que não cabe revisá-la. Essa é uma visão típica de conservadores, pessoas que não tem apreço pela democracia nem pelos direitos humanos. O argumento de que a Lei da Anistia eximia de responsabilização, pelos crimes que praticaram, ambos os lados, o da ditadura e o dos que a combatiam, é cínico. A Lei de Anistia foi apresentada pelos então detentores do poder como um prato feito, e os que foram perseguidos e exilados não estavam em condições de recusá-la, pois era o meio que tinham de retomar o curso interrompido de suas vidas. Na verdade, o regime militar sentia que já estava nos seus estertores, e buscou um meio de que seus agentes pudessem sair de cena impunes. Nossos vizinhos, Uruguai e Argentina, também passaram por ditaduras militares, mas após o fim do regime autoritário, seus artífices foram punidos. O Brasil precisa fazer o mesmo. A revisão da Lei da Anistia é indispensável. Chega de impunidade!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Espanholização

Há muitos cronistas esportivos e dirigentes que desejam a volta do formulismo ao Campeonato Brasileiro. Eles propõem que a competição tenha uma fase classificatória, após a qual ocorreriam jogos no sistema "mata-mata". Alegam que, assim, o campeonato ganha em emoção, e que um maior número de torcidas permanece com interesse e mobilização, pois não há o risco de um clube disparar para a conquista do título. Outro argumento que vem sendo utilizado ultimamente, pelos defensores do execrável formulismo, é o de que ele ajuda a equilibrar a disputa, que estaria ameaçada por uma "espanholização" em favor de Flamengo e Corinthians.. Por "espanholização" entenda-se uma vantagem financeira esmagadora dos dois clubes citados sobres os demais, a exemplo do que acontece na Espanha com Real Madrid e Barcelona. Essa foi a justificativa do ex-presidente do Inter, Fernando Carvalho, na edição dessa quarta-feira do programa "Sala de Redação", da Rádio Gaúcha, para apoiar a volta dos "mata-matas" ao Brasileirão, no que foi apoiado pelo presidente eleito do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior, que tomará posse hoje. Romildo disse que o formulismo permite que um time que esteja, no dia da decisão, mais mobilizado e focado, possa vencer um adversário teoricamente superior, e conquistar o título. Poucas vezes vi uma tamanha demonstração de mediocridade. O futuro presidente gremista deseja ganhar títulos "correndo por fora" ou "comendo pelas beiradas", certamente por não confiar na possibilidade de ser o melhor dentre todos e se impor sobre eles, como fez o Cruzeiro nos dois últimos anos. Lamentável! Os argumentos dos adeptos do formulismo, por sinal, são extremamente frágeis. Eles esquecem que o atual campeão espanhol, mesmo com toda a desigualdade na distribuição de recursos, é o Atlético de Madrid, e de que o Cruzeiro, bicampeão brasileiro, recebe a mesma cota de televisão de Grêmio e Inter, que é muitíssimo inferior ao que ganham Flamengo e Corinthians. O Cruzeiro, inclusive, é o único dos grandes clubes do país que não ganhou nenhum Campeonato Brasileiro na era do formulismo. Depois que a disputa passou a ser por pontos corridos, já foi campeão três vezes. A dupla Gre-Nal tem que abandonar o discurso do coitadismo. Se, dos quatro principais estados do futebol do país, só o Rio Grande do Sul ainda não teve um clube campeão brasileiro na era dos pontos corridos, a culpa não é da fórmula da competição nem do valor da cotas de televisão. O que está faltando é competência. A desigualdade de recursos é apenas uma desculpa esfarrapada. Tomara que essas vozes não sejam ouvidas pelos que comandam o futebol brasileiro. A volta do formulismo ao mais importante campeonato do país seria um retrocesso inadmissível, e só pioraria o já combalido futebol brasileiro.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Vinte anos sem Tom Jobim

O dia de ontem marcou a passagem dos 20 anos da morte de Tom Jobim. Sem favor nenhum, Jobim é um dos maiores brasileiros de todos os tempos. Só ou em parceria, compôs clássicos da música reconhecidos no mundo todo. O maior deles, "Garota de Ipanema", composição sua e de Vinícius de Moraes, é a segunda música com maior número de execuções em todos os tempos, só perde para "Yesterday", dos Beatles. Tom Jobim, no entanto, compôs muitas outras pérolas, como "Insensatez", "Eu sei que vou te amar" "A Felicidade", "Samba do Avião". O incrível é que não se percebe, no Brasil, uma reverência em torno de seu nome que corresponda à sua expressão como artista. Há alguns anos, o Aeroporto do Galeão foi redenominado como "Tom Jobim", mas, em termos práticos, o novo nome não "pegou". Uma estátua de Tom Jobim foi erguida em Ipanema. Porém, ainda é pouco. As novas gerações tem pouco conhecimento de quem foi Tom Jobim. Num país de autoestima tão baixa, é fundamental mostrar aos mais novos que o Brasil tem um compositor que, em arrecadação de direitos autorais, só ficou atrás dos Beatles. As músicas da Bossa Nova, movimento que teve em Tom Jobim um de seus alicerces, são sucesso, até hoje, no mundo todo. No Brasil, berço de origem do movimento, são quase ignoradas. O brasileiro tende a autodepreciar-se e a achar que tudo o que é de fora é melhor. Tom Jobim é uma das provas de que o Brasil é capaz de revelar talentos artísticos de prestígio internacional. Os 20 anos sem Tom Jobim representam uma lacuna enorme para a música. Os brasileiros lhe devem um reconhecimento mais amplo à sua obra.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Premiação reveladora

Foram entregues, hoje, os prêmios da 45ª edição do troféu "Bola de Prata", da revista Placar, para os melhores jogadores do Campeonato Brasileiro. A seleção final não ficou ruim, mas pelo menos duas escolhas revelam a precariedade atual do futebol brasileiro. O jogador premiado na lateral esquerda, Zé Roberto, do Grêmio, já tem 40 anos de idade, e só retornou à posição do início de sua carreira, por absoluta falta de melhores opções no grupo. Um jogador de 40 anos, que ocupa uma posição de maneira emergencial e é escolhido o melhor do campeonato é algo que mostra a que ponto chegou a dificuldade da revelação de novos valores no futebol brasileiro. A outra escolha que escancara as limitações do nosso futebol é a da "Bola de Ouro", para o melhor jogador da competição. O escolhido foi Ricardo Goulart, do Cruzeiro. Ricardo Goulart é um bom jogador, mas nada mais do que isso. Sua premiação como o melhor do Brasileirão apenas corrobora a constatação de que a competição, em 2014, foi nivelada por baixo, sem a presença de times ou jogadores de exceção. Se, antes, era pródigo em revelações, o futebol brasileiro vive, hoje, uma acentuada escassez de novos talentos.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Mediocridade

O Grêmio empatou com o Flamengo em 1 x 1, hoje, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro. A partida não valia mais nada para os dois clubes, mas o Grêmio jogou com todos os titulares disponíveis, enquanto o Flamengo usou um time reserva. Ainda assim, a atuação do Grêmio foi marcada pela mediocridade. O time saiu atrás do Flamengo no placar, numa falha de Marcelo Grohe, e empatou graças a um erro de arbitragem, pois antes de sofrer a falta cometida pelo goleiro César, que foi expulso, Barcos conduziu a bola com a mão. Depois de golear o Inter e o Criciúma, o Grêmio disputou mais 12 pontos e só ganhou um. Terminou o Brasileirão em 7º lugar, 19 pontos atrás do campeão, o Cruzeiro. Uma campanha muito inferior às duas edições anteriores do campeonato, quando foi 3º colocado e vice-campeão, respectivamente. Mais um ano de sofrimento para um clube que não ganha um Campeonato Gaúcho desde 2010, e não conquistou nenhum título de expressão depois de 2001. No vestiário, os dirigentes não apareceram, apenas o técnico Felipão e o gerente remunerado Rui Costa. Felipão, falando como se dirigente fora, anunciou o pior quadro possível para o torcedor em 2015, com a saída de oito jogadores do grupo principal,  e a contratação de apenas um ou dois. A complementação do grupo se dará com jogadores que já estão no clube e garotos das categorias inferiores. Se 2014 foi ruim para o torcedor gremista, 2015 deverá ser muito pior.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Combinação imbatível

O Inter venceu o Figueirense por 2 x 1, de virada, hoje, no Orlando Scarpelli, pelo Campeonato Brasileiro. Com isso, obteve a classificação direta para a Libertadores, pois embora tenha terminado o Brasileirão com o mesmo número de pontos do Corinthians, alcançou duas vitórias a mais. Mais uma vez, o Inter conseguiu uma combinação que tem se mostrado imbatível nessa reta final de competição, a de uma péssima arbitragem com uma sorte imensa. Depois de empatar com o São Paulo com um gol marcado em impedimento, e ganhar do Atlético Mineiro com a sonegação de um pênalti escandaloso em favor do adversário, o Inter se valeu da atuação horrorosa do árbitro Mariélson Alves (BA), e de uma sorte incompreensível, para vencer o Figueirense. A exemplo do jogo contra o Atlético Mineiro, o gol da vitória veio no último minuto dos acréscimos. O árbitro foi decisivo para o resultado. Ainda no início do jogo, o lateral esquerdo Alan Ruschel, do Inter, deu uma cotovelada criminosa em um adversário, e não foi expulso. No segundo tempo, o volante França, do Figueirense, foi expulso por uma falta que não cometeu. Próximo ao final do jogo, Alan Ruschel, finalmente, foi expulso. O árbitro deu quatro minutos de acréscimo, durante os quais ocorreram mais duas expulsões, uma para cada lado. O bom senso recomenda que, nesses casos, o árbitro encerre o jogo no tempo previsto. Estranhamente, o árbitro optou por dar mais um minuto de acréscimo, período em que saiu o gol da vitória do Inter. Os jogadores do Figueirense, revoltados, foram para cima do árbitro após o jogo. O centroavante do Inter, Rafael Moura, agiu como escudo para o árbitro. Se persistir com essa combinação, o Inter não terá adversário capaz de derrotá-lo. Afinal quem pode superar a dupla formada por erros de arbitragem e uma sorte absurda?

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Prática recorrente

A cada vez que um partido sucede a outro no poder, nos vemos diante de uma prática recorrente. Ela consiste em alardear que a situação financeira recebida é "dramática". Com o governador eleito do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), não foi diferente. Sartori disse que sabia da situação financeira do Estado, mas que desconhecia a extensão das dificuldades. Em função desse quadro, anunciou que adotará "medidas duras" no campo econômico. Todos os governantes, quando quem lhes antecedeu no poder é de uma corrente ideológica diversa da sua, descrevem um panorama financeiro catastrófico, que resulta numa "herança maldita" que terão de administrar. Assim, podem justificar o não cumprimento de promessas de campanha, pois o "caos financeiro" lhes levará a falta de recursos para novos investimentos. No caso em questão, a situação tem um efeito ainda mais perverso. Sartori tentou se esquivar, durante a campanha, de qualquer definição mais clara sobre suas intenções, caso fosse eleito. As razões para esse comportamento são claras. O futuro governador do Rio Grande do Sul é adepto das práticas econômicas neoliberais, que levam ao arrocho salarial, cortes nos investimentos, aumento do desemprego e privatizações. Agora, já eleito, fala em medidas duras. O ex-ocupante do cargo, Alceu Collares, sem papas na língua, já declarou que Sartori fará um mau governo, pois, lembrou, todos as administrações estaduais anteriores do PMDB foram ruins, o que é absolutamente verdadeiro. Porém, o eleitor deu a Sartori uma vitória maciça no segundo turno. Não terá o direito de se queixar quando as "medidas duras" afetarem o seu bolso. Afinal, como expressa o ditado popular, quem corre por gosto não cansa.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Mudança definitiva

Embora sua inauguração vá completar dois anos na próxima segunda-feira, a Arena do Grêmio ainda não era sentida pelo clube e pela torcida como o seu novo endereço. A parceria com a construtora responsável pela obra, e o fato de o estádio Olímpico não ter sido implodido no prazo previsto, com a continuidade da realização de treinos no local, contribuíram para que a Arena ainda não tivesse emplacado no imaginário do torcedor como a nova casa do Grêmio. Dois acontecimentos dessa semana deverão mudar esse quadro. Os treinos para o jogo de domingo contra o Flamengo, o último do Grêmio em 2014, serão os derradeiros da história do antigo estádio. O Centro de Treinamento Luiz Carvalho, em frente à Arena, recentemente inaugurado, será, a partir de 2015, o local definitivo dos treinos do Grêmio. O outro fato que marca o começo efetivo da nova era na vida do clube é a abertura, na Arena, de um restaurante e casa noturna que funcionará de terça a domingo. Com isso, os planos de tornar a Arena um espaço multiuso começam a sair do papel, o que mudará a relação da comunidade com o estádio, e irá impactar positivamente toda a região onde ele está sediado. O bairro Humaitá, e seu entorno, iniciará uma etapa de valorização, que será acentuada na medida em que os prédios de alto padrão que estão sendo erguidos pela mesma construtora que fez a Arena forem concluídos. O Olímpico, cuja inauguração completou 60 anos em setembro, será, daqui em diante, uma terna lembrança. A mudança definitiva do Grêmio para a Arena, enfim, é uma realidade.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Tensão política

A alta voltagem emocional verificada durante a campanha para a eleição presidencial ainda não se dissipou. Nem mesmo a indicação, por parte da presidente reeleita Dilma Rousseff, de uma nova equipe econômica do agrado das forças conservadoras e do "mercado" conseguiu diminuir o clima de beligerância entre situação e oposição. A proposta do governo de alterar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, e os desdobramentos do "petrolão", o escândalo do momento, tem elevado a tensão política às alturas. Como não poderia deixar de ser, o candidato derrotado na eleição presidencial, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), está tentando aparecer como o líder da inconformidade oposicionista. Não passa dia sem que uma nova declaração de Aécio, sempre em tom bombástico, chegue ao conhecimento da opinião público. Aécio já disse que foi derrotado por uma "organização criminosa" e, agora, declarou que, se comprovado o uso de propina na campanha, o governo será "ilegítimo". O quiproquó ocorrido nas galerias do Congresso em função da proposta de alteração da LDO é outro exemplo do clima político incendiário que vive o país. O lado bom de tudo isso é que a ainda jovem democracia brasileira está passando no teste. Ao contrário do que sustentam mentes retrógradas e golpistas, o Brasil não é uma nau sem rumo. Os graves acontecimentos do "petrolão" estão sendo devidamente investigados, sem engavetamentos de denúncias, tão comuns em outros governos. A economia experimenta uma fase de turbulência, o que pode ocorrer em qualquer governo, mas as medidas para solucionar os problemas estão sendo tomadas, com a presidente Dilma agindo de forma pragmática e não ideológica. O governo reeleito tem muitos desafios pela frente, mas eles serão enfrentados dentro da normalidade constitucional, sem que se ponha fogo no circo.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Emoção na última rodada

O sorteio dos grupos da Libertadores de 2015, realizado hoje à noite, tornou os jogos de sábado pelo Campeonato Brasileiro carregados de emoção. Os jogos Figueirense x Inter e Corinthians x Criciúma definirão quem irá para a pré-Libertadores, e quem já entrará diretamente na fase de grupos. Pelo sorteio, o clube brasileiro que disputar a pré-Libertadores, caso consiga ir adiante, entrará no chamado "grupo da morte", junto com São Paulo, San Lorenzo, atual campeão da competição e Danúbio, do Uruguai. O clube que entrar direto na fase de grupos enfrentará o Emelec (EQU), um clube chileno e o vencedor de Monarcas Morelia (MÉX)) x The Strongest (BOL), na pré-Libertadores. Portanto, afora ter uma pré-temporada mais longa, o clube que for direto para a fase de grupos pegará adversários bem mais fáceis. Por isso mesmo, Inter e Corinthians deverão estar extremamente motivados para buscar o terceiro lugar no Brasileirão, e a consequente fuga da fase prévia da Libertadores. O Inter tem a vantagem de jogar por resultados iguais ao do Corinthians para manter essa colocação. Essa definição já poderia ter ocorrido em favor do Corinthians, bastava um simples empate do clube paulista com o Fluminense, que não pretendia mais nada na competição. No entanto, embora tendo saído na frente no placar, o Corinthians foi goleado pelo Fluminense por 5 x 2. Com isso, não depende mais apenas de suas forças para obter a classificação direta, pois, ainda que tenha o mesmo número de pontos do Inter, soma duas vitórias a menos. Por outro lado, o Inter estará bastante desfalcado para o jogo contra o Figueirense. Será um sábado de fortes emoções, comprovando que um campeonato por pontos corridos não perde o interesse mesmo depois de ser conhecido o seu campeão.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Direitos

Uma das causas de conflito na convivência em sociedade é a interpretação do que seriam os direitos de cada parte, individuais ou de grupos. A sociedade brasileira passa, no momento, por um processo visível de "caretização", uma explosão de neoconservadorismo. Os setores mais reacionários e conservadores da coletividade estão tentando impor seus conceitos. Como argumento, há a busca da segurança ou a defesa do "sossego público". Os administradores públicos tem se curvado às pressões desses grupos. Em nome da "segurança", os estádios de futebol, um esporte popularíssimo, encolheram e aumentaram estratosfericamente os preços de seus ingressos. Dessa forma, os pobres ficam sem condições de frequentá-los, o que garantiria, pretensamente, a não ocorrência de tumultos, já que os atos de selvageria são sempre relacionados à condição econômica das pessoas, numa odiosa prática de apartheid social. Outra arma dos reacionários, como foi citado, é a defesa do "sossego público". Em nome dela, bares da Cidade Baixa, atualmente o bairro mais boêmio de Porto Alegre, estão sendo interditados. A proposta da prefeitura e da Brigada Militar é de transferir as aglomerações do bairro para o Anfiteatro Pôr-do-Sol, que não é cercado por moradias. Poucas vezes vi uma proposta tão estúpida! Com razão, um grupo de frequentadores do bairro protestou, no sábado, contra essa estapafúrdia intenção. O protesto, organizado por meio do Facebook, contou com o apoio de 4.800 pessoas. Um dos organizadores do ato, Ramiro Castro, disse que as interdições de bares do bairro são um "ataque à juventude". Tem toda a razão. Esse ataque, por sinal, não podia ficar sem resposta. A sociedade vive uma clara queda-de-braço entre os que defendem a liberdade e os arautos da repressão. Um aspecto, em particular, chama a atenção. Em todos esses episódios, há a presença, dando seus palpites, das polícias militares. Elas querem determinar a capacidade máxima de pessoas que um estádio pode receber, quantos torcedores do clube visitante se farão presentes, entre outras medidas que fogem da sua alçada. Os administradores públicos e os clubes, covardemente, se dobram diante de tais abusos. Agora, a Brigada Militar quer remover frequentadores de um bairro boêmio de uma cidade. Tudo para prevenir "desordens", no caso dos estádios, e garantir a "tranquilidade" de moradores, no que se refere aos bares. Policiais militares são servidores públicos, cabe-lhes cumprir ordens, não assumir o protagonismo em tais situações. A porção sadia da sociedade não deve se dobrar. Abaixo à repressão!