quarta-feira, 3 de maio de 2017

A arbitragem não explica tudo

O Grêmio foi muito prejudicado pela arbitragem na derrota que sofreu por 2 x 1, de virada, para o Deportes Iquique, hoje, em Calama, pela Libertadores. Porém, a arbitragem não explica tudo. Ainda que tenha sido duro levar o gol de empate um minuto após abrir o placar, em consequência de um pênalti inexistente, e receber uma série de cartões durante o jogo tendo cometido menos faltas que o adversário, nada justifica a postura acomodada que o Grêmio demonstra no decorrer das partidas, e que já lhe custou a eliminação no Campeonato Gaúcho. O time não apresenta um perfil vibrante, e isso está na raiz de muitos maus resultados. Afora isso, o técnico Renato não está dando boas contribuições na escalação do time. Não faz o menor sentido a insistência com Jailson, um jogador que já demonstrou, durante o campeonato estadual, que não está a altura das necessidades do Grêmio. A presença de Jailson junto com Michel derruba a condição técnica do time, que fica sem uma saída de bola qualificada. Arthur,  que entrou durante o jogo, já reuniu méritos suficientes para se tornar titular. A preterição de Everton em favor de outros jogadores é outro erro de Renato. Não bastasse tudo isso, Marcelo Oliveira e Luan seguem sendo dois jogadores de desempenho nulo para o time. Até aqui, o Grêmio não deslanchou em 2017, e vai precisar fazer várias correções para que o ano não seja uma coleção de fracassos.

A superexposição do Poder Judiciário

No Brasil caótico do pós-golpe, tudo parece virado de cabeça para baixo. A superexposição do Poder Judiciário é um exemplo disso. Em condições normais, o Judiciário é o mais discreto dos três poderes que sustentam a República. Afinal, seus integrantes não são eleitos pelo voto popular como os membros dos poderes Executivo e Legislativo, e a natureza de sua atividade recomenda o recolhimento. No Brasil de hoje, no entanto, juízes e procuradores do Ministério Público estão em permanente evidência. Pouquíssimas pessoas saberiam citar o nome de um ministro do governo de Michel Temer, mas muitas já ouviram falar dos integrantes do Supremo Tribunal Federal. Como membros da suprema corte do país, os ministros do STF deveriam optar pela discrição, e só se manifestarem por meio dos autos, mas não é assim que tem ocorrido. O julgamento do habeas-corpus do ex-ministro José Dirceu, com sua libertação depois de dois anos de prisão, é outra  demonstração desse quadro. Os procuradores da Operação Lava-Jato, como forma de pressionar o STF pela manutenção da prisão de José Dirceu, apresentaram mais duas denúncias contra o ex-ministro no dia em que seu habeas-corpus seria julgado, ou seja, ontem. O STF ignorou a pressão, e deu parecer favorável á libertação de José Dirceu, com direito a um "puxão de orelhas" do ministro Gilmar Mendes nos procuradores da Lava-Jato. Sem entrar no mérito da decisão de libertar José Dirceu, foi mais um dia em que o Judiciário esteve na linha de frente do noticiário. A volta do ex-ministro para a prisão até poderá ser determinada nos próximos dias, mas membros do STF e procuradores da Lava-Jato já se colocaram, mais uma vez, ao alcance dos holofotes. O país precisa de uma Justiça que seja séria e sóbria, e não um palco para a exibição vaidosa de seus integrantes.