sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Entre o grotesco e o vexatório

O presidente eleito Jair Bolsonaro é uma fonte inesgotável de declarações estapafúrdias e irrefletidas. Nada mais natural em alguém que tem uma personalidade autoritária associada a uma clara deficiência cognitiva. Dessa forma, na maior parte do tempo, Bolsonaro oscila entre o grotesco e o vexatório. Entre as mais recentes falas de Bolsonaro está a de que ele irá tomar conhecimento, previamente, do conteúdo das provas do Enem, já que ficou insatisfeito com alguns assuntos abordados na edição desse ano. Bolsonaro acrescentou que o futuro ministro da Educação terá de levar em conta que o Brasil é um país conservador. Essa afirmação vem na esteira de outra, dada anteriormente, de que a oposição terá que entender que o seu governo será conservador e cristão. Alguém precisa avisar para Bolsonaro que não cabe a um presidente ocupar-se do teor dos conteúdos de um exame de ensino. Em relação ao seu futuro governo, ele não poderá impor ao país a condição de cristão. O Brasil é um país laico, condição que foi estabelecida quando da instituição da República, que, por sinal, foi proclamada por militares. São tantas as asneiras ditas pelo futuro presidente, que caberia adaptar o bordão de um antigo programa humorístico para ele, e gritar: "Cala a boca, Bolsonaro"!