segunda-feira, 4 de maio de 2020

Flávio Migliaccio

O suicídio, por si só, é um ato chocante. O que dizer, então, quando ele é cometido por um homem de 85 anos, como aconteceu, hoje, com o ator Flávio Migliaccio? O ator deixou um bilhete, no qual escreveu que a velhice no Brasil era um caos, e que tinha a sensação de que os 85 anos que vivera foram jogados fora em função do país e de algumas pessoas que veio a conhecer. Migliaccio estava fazendo o seu confinamento, por conta do coronavírus, no seu sítio em Rio Bonito (RJ). As informações dão conta de que ocupava o seu tempo escrevendo, e que já havia criado três peças de teatro. Hoje, abruptamente, Migliaccio encerrou sua vida e uma longa e vitoriosa carreira na televisão, cinema e teatro. Seu primeiro grande sucesso televisivo foi o personagem "Xerife", da novela "O Primeiro Amor" (1972), da Rede Globo. O êxito foi tão grande que ocasionou a criação do seriado "Shazam, Xerife e Companhia", onde fazia dupla com Paulo José, o qual vivia o outro personagem inscrito no título do programa, igualmente retirado da novela. A partir daí, participou de várias novelas, seriados e programas humorísticos, sempre cativando o público com suas atuações. Transmitia ao público uma imagem de leveza e doçura que tornam ainda mais intrigante o seu gesto radical. Deixa uma enorme saudade, e a admiração por uma carreira tão bem construída.

Aldir Blanc

O público nem sempre dá a devida consagração aos compositores, a menos que eles gravem suas próprias músicas. Os que se limitam a ter suas obras gravadas por outras vozes ficam fora do foco da mídia, o que dificulta seu reconhecimento pelas grandes massas. Esse é o caso de Aldir Blanc, que faleceu, hoje, aos 73 anos. Carioquíssimo, Aldir formou uma das maiores duplas de compositores do país com o mineiro João Bosco. Em parceria, os dois criaram várias pérolas da música brasileira. A maior delas, sem dúvida, foi "O Bêbado e a Equilibrista", composta em 1977, e gravada no ano seguinte por João Bosco e em 1979 por Elis Regina, que a tornou um clássico. Culto e inspirado, Aldir criava letras primorosas, valorizadas pelas belas melodias de João Bosco. A parceria foi rompida, depois de muitos anos, mas os dois se reaproximaram e reataram a amizade. Aldir também compôs com outros autores, sempre com brilho. Paralelamente à música,  escreveu livros. Suas composições permanecerão na memória dos brasileiros. Se não obteve fama e fortuna, Aldir deixa, inegavelmente, uma obra extensa e qualificada como compositor.