segunda-feira, 9 de maio de 2011

As razões da crise

Fala-se muito, nos últimos dias, da existência de uma grave crise técnica no futebol brasileiro. Por certo, há algum exagero nessa apreciação, motivada que foi pela eliminação de quatro brasileiros da Taça Libertadores da América numa mesma noite e por maus resultados de grandes clubes na Copa do Brasil.. Porém, se formos analisar com mais atenção veremos que existe uma caracterísitica comum presente em quase todos os grandes clubes que fracassaram na semana passada. Esse fator em comum é a aposta nos chamados "medalhões", jogadores que, em geral  já não brilham tão intensamente quanto no passado, mas, por força da fama adquirida, são contratados como soluções e, alguns, ganhando salários bastante altos. Por vezes a contratação é simplesmente o retorno a um clube de um velho ídolo de conquistas passadas. Ocorre que, no futebol, o tempo passa muito depressa e, assim, o ídolo de meia dúzia de anos atrás pode ser, hoje, apenas um espectro do que foi em seus melhores dias. O Flamengo talvez seja o exemplo mais eloquente. Repatriou Ronaldinho por uma fortuna, mas o jogador, tal e qual já vinha fazendo há pelo menos cinco anos, mostra-se mais interessado na sua movimentada vida fora do campo. No gramado, seu futebol continua pífio, e a torcida, já sem o encantamento demonstrado quando de sua chegada, começa a vaiá-lo. No Fluminense, veteranos como Deco e Souza, apesar dos polpudos salários, praticamente não jogam, seja por constantes lesões ou por baixo rendimento. O Palmeiras achou que resolveria sua crônica falta de qualidade simplesmente trazendo de volta seu último grande ídolo, Valdívia, que não é veterano, mas, extremamente genioso, logo entrou em rota de colisão com o não menos temperamental técnico do clube, Luiz Felipe. O Cruzeiro também apelou para jogadores rodados como Gilberto e Roger. Este último, no jogo que decidia a classificação do clube para as quartas de final da Libertadores, foi expulso, fato que contribuiu para a eliminação do Cruzeiro. No Inter, a insistência com jogadores das campanhas vitoriosas de 2006 também cobrou seu preço. Índio, ao que parece, já foi barrado, mas Bolívar e Tinga continuam a ser prestigiados, ainda que mostrem estar se encaminhando aceleradamente para a aposentadoria. Por sinal, outros jogadores do Inter de 2006 estão indo pelo mesmo caminho. Fernandão deverá rescindir seu contrato com o São Paulo e Fabiano Eller, que chegou a retornar para o Inter e teve péssimo desempenho, está sem clube. O Grêmio talvez seja o único que não se encaixe exatamente nesse perfil. Sua desclassificação da Libertadores se deveu muito mais ao acúmulo incrível de lesões que mutilou seu grupo de jogadores. Ainda assim, já no primeiro jogo após a desclassificação, obteve uma vitória expressiva apostando num ataque de jovens. Não é coincidência. O Santos, único brasileiro que restou na Libertadores assenta a força do seu time em jovens revelações, não em veteranos renomados. O fato é que, quer por já estarem milionários e desinteressados, quer por já não ostentarem uma boa condição física, ou ainda por que sejam "marrentos", os velhos ídolos repatriados ou recontratados não dão um bom retorno. Os jovens é que seguram a barra. É assim no São Paulo, onde Fernandão e Rivaldo fracassaram e brilham Lucas e Casemiro.  No Grêmio,dos emergentes Leandro e Júnior Viçosa. No Santos, dos já celebres Paulo Henrique Ganso e Neymar. No Inter de Leandro Damião e Oscar. No Flamengo do ainda jovem, embora experiente, Tiago Neves. Jogadores vitoriosos de glórias passadas proporcionam agradáveis recordações, mas não resolvem no presente, nem garantem o futuro.