segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A insistência de Serra

José Serra é um político que já exerceu diversos cargos, foi prefeito, governador, ministro da Saúde. Seu grande sonho, porém, é ser presidente. Nada há de errado nisso, é uma aspiração legítima. O problema é que esse é um desejo que, para se concretizar, precisa da concordância do eleitor. Na sua primeira tentativa de se eleger presidente, em 2002, Serra foi derrotado por Luís Inácio Lula da Silva. Em 2006, Lula reelegeu-se, mas concorrendo contra outro candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. Porém, em 2010, oito anos depois da primeira tentativa, e, nesse interregno, tendo sido prefeito e governador de São Paulo, Serra voltou a concorrer ao cargo, e perdeu novamente, dessa vez para Dilma Roussef. Apenas dois anos se passaram e, em 2012, voltou a participar de uma eleição, para prefeito de São Paulo, e perdeu para Fernando Haddad. Em todas estas eleições, numa prova da polarização política que se estabeleceu no Brasil, a disputa se deu entre Serra, pelo PSDB, e um candidato do PT. José Serra perdeu todas. Mesmo assim, ele não desiste, embora as evidências de que sua hora já passou. Ele poderá argumentar em contrário, dizendo que Lula, antes de se eleger presidente pela primeira vez, perdeu em três oportunidades, ou ainda, que Fernando Henrique Cardoso foi derrotado por Jânio Quadros numa eleição para prefeito de São Paulo, e isso não o impediu, mais tarde, de se tornar presidente. Porém, há diferenças entre essas situações. O PT, mesmo com três derrotas consecutivas, jamais cogitou lançar outro candiadto que não fosse Lula. Fernando Henrique, depois da derrota para Jânio, foi o ministro da Fazenda que conduziu o Plano Real, o que lhe trouxe grande prestígio. Serra insiste em que o PSDB faça prévias para escolher seu candidato a presidente, mas parece óbvio que o partido já optou pelo senador Aécio Neves. O governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, não deixa dúvidas quanto a isso. Ele diz, em entrevista ás páginas amarelas da edição dessa semana da revista "Veja": "O partido deveria ganhar tempo e pôr logo a campanha na rua em vez de se perder em disputas internas. Aécio Neves já conquistou a base e as lideranças do PSDB, Chegou a vez dele". A colunista da revista "Época", Ruth de Aquino, acha que o PSDB deveria transformar Serra, definitivamente, num quadro na parede. Serra deveria poupar sua biografia política de um desfecho tão constrangedor e sair de cena por decisão própria, antes de ser rejeitado publicamente.