segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Força subestimada

O fato mais impactante das eleições municipais realizadas ontem foi, sem dúvida, a passagem de Fernando Haddad (PT) para o segundo turno da disputa para o cargo de prefeito de São Paulo. Haddad foi uma escolha do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que, para indicá-lo, teve de contrariar interesses e afastar candidatos em potencial como Marta Suplicy e Aluísio Mercadante. A grande imprensa, liderada, é claro, pela revista "Veja", tratou de desacreditar a candidatura de Haddad desde que ela foi definida. As pesquisas de intenção de voto o mostravam com índices baixíssimos. Pesquisas em outras capitais davam aos candidatos do PT poucas possibilidades de vitória. A soma desses fatores fez com que a imprensa conservadora apostasse no "efeito mensalão", que levaria o PT a um fracasso histórico e enterraria Lula como um líder capaz de influenciar o eleitorado. Embora o PT tenha tido, mesmo, resultados pífios em algumas capitais, o que, verdadeiramente, interessava ao partido e ao ex-presidente Lula era a eleição de São Paulo. Afinal, trata-se da maior e mais rica cidade do país e que, até hoje, permanece sob o domínio do PSDB. Lula nunca escondeu seu objetivo de conquistar São Paulo para solidificar o projeto de poder do PT, tornando o partido, praticamente, imbatível nas eleições presidenciais durante muitos anos. Pois, para surpresa e desespero de muitos, Lula está muito perto de alcançar seu objetivo. Haddad passou para o segundo turno com apenas 2% de votos a menos que José Serra (PSDB). Dada a altíssima taxa de rejeição de Serra, é bem provável que Haddad ganhe a eleição. O PT, então, finalmente, alcançaria o poder em São Paulo, fortalecendo-se, ainda mais, no plano nacional. Erraram os que subestimaram a força de Lula. Será que esqueceram que ele lançou a candidatura de Dilma Rousseff para presidente, cujos índices iniciais de projeção de votos eram, também, muito ruins, que ela ganhou a eleição, e seu governo tem alta aprovação popular? Lula tem tudo para conseguir o mesmo com Haddad. Não se deve, jamais, subestimar um adversário como Lula. A oposição e a imprensa que lhe dá apoio, mais uma vez, incorreram nessa prática. Novamente, suas previsões não se confirmaram, restando, apenas, o amargo sabor de uma enorme frustração.