sexta-feira, 8 de maio de 2020

Os 50 anos de Let It Be

Na data de hoje, há 50 anos, era lançado o  que seria o último disco dos Beatles, "Let It Be". Não foi o que se pode chamar de um fato festivo, pois, vinte e oito dias antes, Paul McCartney havia anunciado o fim do grupo. Na verdade, embora tenha sido o último disco a ser lançado, "Let It Be" foi o penúltimo a ser gravado, em janeiro de 1969, antes de "Abbey Road", de setembro do mesmo ano. Originalmente, era parte do projeto "Get Back", que incluía a volta dos Beatles aos shows, que não eram realizados desde 1966. A insatisfação com a qualidade do trabalho que estava sendo realizado, e as várias desavenças entre os membros do grupo, fez com que o projeto fosse abandonado no meio do caminho. O material, no entanto, foi retomado no ano seguinte, e entregue ao produtor Phil Spector, que recebeu autorização para fazer um disco. Por isso, "Let It Be" é o único trabalho do grupo que não foi produzido por George Martin. Porém, o resultado não agradou aos Beatles, principalmente Paul. Como pôde trabalhar o material livremente, sem a interferência dos quatro músicos, que já estavam em carreiras próprias, Spector adicionou recursos e efeitos sonoros que não os agradaram. Na lindíssima balada "The Long And Winding Road", de Paul, por exemplo, Spector adicionou um coro feminino, o que deixou seu autor  inconformado. Mais de trinta anos depois, Paul, com a concordância de George Harrison e Ringo Starr, colocou no mercado "Let It Be Naked", a gravação original do disco, sem as adições sonoras de Spector, e com a inclusão de "Don't Let Me Down", faixa que havia sido deixada de lado pelo produtor. Por todas essas razões, "Let It Be" não é um dos melhores discos do grupo, mas está longe de ser um trabalho fraco. A faixa título, "Get Back" e "The Long And Winding Road" são três clássicos. O disco, inclusive, ganhou o prêmio "Grammy". Os 50 anos de "Let It Be" merecem ser comemorados, assim como deve ser festejada qualquer obra do melhor grupo musical de todos os tempos.