sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A imagem do governo

Será que o fato de a economia brasileira ainda se apresentar sólida, sem sofrer maiores reflexos da crise internacional, tem o efeito de blindar o governo de qualquer apreciação negativa? Será que eleitores e investidores são indiferentes a onda de corrupção que parece se espalhar por todos os cantos da administração federal? São perguntas cabíveis diante da sucessão de malfeitos e demissões de ministros que tem marcado o governo da presidente Dilma Roussef. Não passa semana sem que novas denúncias venham á tona por parte da imprensa, derrubando ministros como num castelo de cartas. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, por enquanto, segue no cargo, mas sua saída é questão de tempo. O mais novo alvo de denúncias é o ministro das Cidades, Mário Negromonte, cuja pasta estaria envolvida numa fraude que adulterou um projeto de infraestrutura da Copa do Mundo de 2014 em Cuiabá. O que chama a atenção em todos esses episódios, é que a má conduta não é privilégio dessa ou daquela corrente política. Abrange desde partidos de esquerda, como o PC do B, do ex-ministro do Esporte Orlando Silva, até siglas de direita, como o PP, de Mário Negromonte, nome novo da antiga Arena dos tempos da ditadura militar. Em meio aos dois extremos, o PR do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, o PMDB do ex-ministro da Agricultura, Waldir Rossi, e o PDT de Carlos Lupi. Ninguém escapa. Todos chafurdam no mar de denúncias e escãndalos. O motivo de tudo isso já foi exaustivamente abordado nesse espaço. Trata-se do método de "governabilidade" que loteia os cargos da administração entre os partidos aliados. Fala-se que, em janeiro, Dilma procederá uma ampla reforma ministerial, inclusive extinguindo algumas pastas. A medida é necessária, sem dúvida, mas não bastará mudar nomes, é preciso alterar métodos. Por mais que a popularidade de Dilma Roussef siga em alta, ela não ficará permanentemente incólume diante de tantos fatos negativos envolvendo seus comandados. Os números positivos da economia também não se constituirão num escudo intransponível para o governo. Uma administração não pode calcar-se apenas na figura do chefe. Mais que reformar seu ministério, Dilma terá que dar uma nova conformação ao governo, substituindo as nomeações de conveniência política pelas de comprovada capacidade técnica. Se não for assim, a tão propalada reforma ministerial não passará de uma maquiagem, que não disfarçará a má imagem do governo.