quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Injustiça social

Apesar do crescimento da economia nos últimos anos, da ascensão da classe C para um novo patamar de consumo, e da maior geração de empregos, o Brasil continua um país brutalmente injusto. A comprovação desse fato veio com a divulgação pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de que, em 2010, metade da população brasileira passou o ano recebendo menos que um salário mínimo! Sim, quase 100 milhões de pessoas tiveram como renda um valor de até R$ 375,00, para uma média nacional de R$ 668,00. Outro dado estarrecedor divulgado pelo IBGE é o de que os 10% da população que ganham mais no Brasil amealharam, em 2010, 44,5% do montante de rendimentos do país. Já os 10% de menor renda ficaram, no mesmo período, com apenas 1,1%. Depois de se tomar conhecimento de números como esses, é de se perguntar como alguém pode ser contra os programas sociais do governo federal. O Brasil é um país desumanamente desigual. Milhões de brasileiros ainda vivem em condições precaríssimas, sem saneamento básico, sem acesso à saúde e educação, sem um mínímo de dignidade. O grande desafio do país é, há muito tempo, e cada vez mais, resgatar essa imensa parcela de sua população de uma situação tão aviltante, e integrá-la ao grupo dos que tem acesso ao ensino, ao trabalho, à assistência médica, ao mercado de consumo. Enquanto essa chaga social não for curada, será de pouca serventia exibir números vigorosos da economia brasileira. Os benefícios de uma economia sólida e próspera tem de ser melhor repartidos. Não é possível que um país de quase 200 milhões de habitantes deixe metade de sua população na condição de exclusão social. Em termos de distribuição de renda, o Brasil é um dos países mais injustos do mundo. Isso não pode persisitir indefinidamente. Afinal, como já dizia Tancredo Neves: "Enquanto houver, nesse país, um só cidadão sem casa, sem comida e sem escola, toda a prosperidade será falsa".