segunda-feira, 27 de julho de 2015

Barbárie

O linchamento de um homem, ontem à noite, em Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre, é um fato assustador por tudo o que representa de renúncia aos valores básicos da civilização. Valdir Gabriele, de 40 anos, foi espancado até a morte por populares porque ele e outro homem teriam tentado assaltar um casal que estava em uma parada de ônibus. Um dos dois homens teria, com o uso de uma soqueira, agredido uma das vítimas, que caiu no chão e, depois, saiu correndo. Populares que presenciaram a cena, perceberam que os assaltantes não estavam armados, e foram atrás deles. Valdir foi espancado com chutes e socos. O outro homem conseguiu escapar. A polícia presume que o número de pessoas que participaram do linchamento é de aproximadamente 15. O que chama atenção nesse ato de transbordamento emocional coletivo, é a desproporção entre o mal praticado e a retaliação resultante. Valdir estava realizando um assalto, uma atitude criminosa e condenável, mas sem o uso de armas. Era o que se poderia definir como um "batedor de carteiras". Deveria, é claro, ser preso, e responder por seu ato ilícito. Porém, Valdir Gabriele não deveria pagar a sua transgressão com a própria vida. Na sociedade civilizada, o papel de prender é da polícia, o de imputar penas é da Justiça. Se essas instituições não estão cumprindo a contento com suas atribuições, cabe aos responsáveis identificar essa situação e fazer a devida correção de rumo. Linchamento é fazer justiça com as próprias mãos, e isso é próprio da barbárie.