sábado, 25 de janeiro de 2014

O campeonato do absurdo

Os campeonatos estaduais são, sabidamente, competições anacrônicas, de baixíssimo nível técnico. A triste realidade de estádios vazios, repete-se, em todos eles, pelo país afora. Porém, nada se compara ao Campeonato Gaúcho. Não bastasse o público ridículo da quase totalidade dos jogos, temos, agora, partidas disputadas com portões fechados, mesmo sem uma punição que obrigue a adoção da medida. No espaço de quatro dias, entre a quinta-feira passada e o próximo domingo, dois jogos terão sido realizados sem a presença de torcedores. O primeiro, na quinta-feira, foi o jogo Cruzeiro 2 x 1 São José. O mandante da partida era o Cruzeiro, cujo novo estádio ainda não está em condições de utilização. O clube,então, solicitou à Federação Gaúcha de Futebol que o jogo fosse realizado no estádio Parque Lami, do extinto Porto Alegre, na zona sul da cidade. O estádio, no entanto, não foi liberado pela vistoria para receber torcedores, e o jogo só foi autorizado para realização com portões fechados. No mesmo dia, o jogo São Paulo, de Rio Grande x Brasil, de Pelotas, foi transferido para 12 de fevereiro, pois o estádio Aldo Dapuzzo foi reprovado pela vistoria. Como, no domingo, a tabela marcava outra partida do São Paulo em casa, contra o Esportivo, ela foi transferida para o estádio da Boca do Lobo, do Pelotas. Aí aconteceu outro fato insólito, com a Brigada Militar de Pelotas dizendo não dispor de efetivo para dar segurança ao jogo. Decidiu-se, então, novamente, pelo recurso dos portões fechados. Um autêntico absurdo, como tantos outros dessa competição bizarra. Como diria aquele personagem de um antigo programa humorístico, perguntar não ofende. Se o jogo será sem público, porque não fazê-lo no próprio Aldo Dapuzzo? Em 2013, o Campeonato Gaúcho teve uma das piores médias de público da sua história. Na ocasião, o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Noveletto, questionado sobre o fato enquanto passava férias em Nova York, mostrou-se indiferente, justificando que a verba de televisão compensa a ausência de torcedores no estádio. Diante de uma afirmação como essa, pode-se esperar o quê do chamado Gauchão? O pior é que não se vê nenhuma reação concreta dos clubes e da imprensa, e Noveletto, que está há um longo período no cargo, pensa, agora, em ser presidente da CBF! Coitado do futebol brasileiro.