terça-feira, 18 de outubro de 2022

A abjeção do racismo

O episódio de racismo ocorrido num show do cantor Seu Jorge, no Grêmio Náutico União, em Porto Alegre, na sexta-feira, dia 14, está repercutindo fortemente em todo o Brasil. A cada dia, o assunto, em vez de arrefecer, é aprofundado pela imprensa, o que é um bom sinal, diante do que representa a abjeção do racismo. O fato está sendo apurado, mas não há dúvidas sobre o teor do ocorrido. Após a apresentação de um menino de 15 anos, filho do sambista Pretinho da Serrinha, tocando cavaquinho, Seu Jorge fez um pronunciamento defendendo que jovens negros só precisam de oportunidades para mostrar o seu talento, e se mostrou contrário à redução da maioridade penal. Seu Jorge, então, retirou-se do palco, na intenção de retornar para o "bis". Nesse momento, pessoas que assistiam ao show começaram a fazer sons de "uu, uu, uu", imitando macacos, e gritando termos como "vagabundo". Diante do ocorrido, Seu Jorge retornou ao palco, mas não fez o "bis". Desejou apenas que todos ficassem em paz, e deu o espetáculo por encerrado. A alegação de que Seu Jorge teria realizado uma manifestação de cunho político, ao fazer o "L" de Lula, não se sustenta. Primeiro, porque não há a confirmação de que o cantor tenha feito o referido gesto, e, também, por não haver justificativa para a prática do racismo. Lamentavelmente, não há surpresa nesse tipo de comportamento por parte de sócios de um clube majoritariamente frequentado por brancos privilegiados financeiramente. Resta esperar que não fique tudo por isso mesmo, e que os responsáveis por atos tão repulsivos sofram pesadas sanções.