terça-feira, 22 de novembro de 2011

Os descalabros do futebol

Não são poucas as pessoas que se espantam e, por vezes, se revoltam, com as cifras do futebol. Jogadores adquridos por quantias milionárias, ganhando altíssimos salários, numa realidade que contrasta fortemente com a do cidadão comum. Pessoas que acordam cedo e trabalham duro para ganhar um parco salário, são informadas, de modo quase ininterrupto, das fortunas que são pagas para jogadores nem tão bons assim e, o que é pior, muitas vezes indolentes. Essa maneira desatinada com o que o futebol é comandado, não dá mostras de refluir, pelo contrário. O Grêmio acaba de contratar um jogador, Kléber, que, anuncia-se, irá ganhar R$ 500 mil por mês. Ainda que se saiba que o dinheiro não sairá inteiramente dos cofres do clube, é um despropósito. Nessa mesma linha de prodigalidade, o vice-presidente de futebol do Inter, Luís Anápio Gomes, entusiasmado com a vitória sobre o Botafogo, que aumentou as chances do clube de se classificar para a Libertadores, revelou para os jogadores, logo após a partida, que iria lhes pagar um "bicho", isto é, o prêmio por vitória, 100% maior que o valor costumeiro. A medida será repetida nos dois últimos jogos do Campeonato Brasileiro, contra Flamengo e Grêmio. Ora, o Inter possui um grupo de jogadores tido como de muito boa qualidade, cuja folha de pagamento é, conforme se diz, de R$ 7 milhões. Considerado um dos favoritos para a conquista do título do Brasileirão, faz uma campanha muito abaixo da expectativa. O "bicho" que é normalmente pago, por certo, não é nada desprezível. Sendo assim, porque aumentá-lo ainda mais para um time cuja resposta em campo, ao longo da competição, esteve longe de ser satisfatória? Já é algo muito discutível que se paguem prêmios por vitória para os jogadores. Afinal, eles tem um contrato com o clube, pelo qual recebem salários bastante altos, estando implícito que busquem alcançar vitórias. Esse incentivo extra para a produtividade não se vê em quase nenhuma outra profissão. Pois agora, na reta final da competição, o Inter aumenta significativamente o valor do prêmio como forma de estímulo a quem já teria, ao natural, de empenhar-se, e que, ao longo de toda uma campanha, fez muito menos do que se esperava. O futebol, cada vez mais, torna-se uma ilha da fantasia, totalmente apartado da realidade, e uma fonte de péssimos exemplos na ética das relações do trabalho.