sexta-feira, 15 de maio de 2015

Crueldade

O anúncio do governo do Rio Grande do Sul, feito hoje, de que irá parcelar os salários de parte do funcionalismo público, é uma atitude com requintes de crueldade. Exatamente num momento em que a economia do país se encontra em retração e com inflação em alta, servidores públicos cuja remuneração já é baixa receberão os seus parcos salários de forma parcelada. A justificativa é sempre a mesma, isto é, a de que o Estado está quebrado, não tem dinheiro. Curiosamente, tal alegação, acompanhada de odiosas medidas, como a que foi divulgada hoje, sempre surge em governos de nítida orientação neoliberal, casos de Antônio Britto (PMDB) e Yeda Crusius (PSDB). As categorias atingidas pelo parcelamento já se mobilizam para a possível deflagração de greves, o que causaria prejuízos na prestação de serviços à população. Porém, esse é um argumento que não se sensibiliza os defensores da "austeridade" nas contas públicas. Fiéis ao figurino neoliberal, sua preocupação é cortar gastos, ainda que às custas de servidores e da população em geral. A administração do governador José Ivo Sartori está apenas começando, mas a sociedade já está sentindo o alto preço de se eleger para um cargo dessa importância uma figura tão inepta e desqualificada. A maioria dos eleitores do Rio Grande do Sul deixou-se levar por um marketing de campanha enganoso e por uma sórdida campanha midiática contra o ex-governador Tarso Genro, que buscava a reeleição, e escolheu Sartori. Bastaram poucos meses para que o caráter desastroso da escolha ficasse evidenciado. O pior de tudo é que, mesmo que esses eleitores viessem a se arrepender, nada pode ser feito. Uma nova eleição para governador só ocorrerá em 2018. Ate lá, resta, tanto aos eleitores de Sartori quanto aos que votaram em outros candidatos, suportar um governo sem ideias e projetos, que se propõe tão somente a cortar gastos, mesmo que isso implique, por exemplo, a sucatear as polícias civil e militar, expondo a população a uma situação de total insegurança. Os três anos que faltam até a próxima eleição para governador serão insuportavelmente longos. Tomara que, depois de mais essa experiência fracassada, o eleitor do Estado atinja um esclarecimento suficiente para nunca mais apostar no PMDB como solução. Afinal, errar é humano. No entanto, persistir no erro é burrice.