sexta-feira, 11 de maio de 2012

A Comissão da Verdade

Pior do que não realizar alguma coisa é fingir que se faz. O governo federal criou a chamada "Comissão da Verdade" para apurar os crimes cometidos pela ditadura. Os integrantes da comissão, num total de sete, foram, finalmente, nomeados pela presidente Dilma Roussef. Porém, a questão que se coloca é: para que servirá essa comissão? Os indicativos são de que não servirá para nada. Um dos integrantes nomeados, José Paulo Cavalcanti Filho, diz que a comissão não será contra nada nem ninguém. Outro, Cláudio Fonteles, declara que não é hora de revanchismo. A comissão irá apenas apurar crimes, mas não poderá encaminhar e muito menos executar punições. Buscará esclarecer situações ainda nebulosas, identificar a localização de corpos de desaparecidos políticos, entre outras medidas. Com isso, imagina-se ser possível colocar uma pedra sobre o assunto dos desmandos da ditadura, permitindo que o país siga em frente. Trata-se de uma pretensão descabida. Não basta aos parentes e amigos de um desaparecido político saber onde foi colocado o seu corpo. Também não basta ao país ter o esclarecimento sobre os excessos praticados na ditadura, sem que punam-se os culpados. A Comissão da Verdade é uma história da carochinha. Não tem efeito prático algum. Portanto, não tem razão para existir. A Argentina e o Uruguai já mostraram o caminho, ao punirem os responsáveis pelos crimes cometidos em suas ditaduras militares. Para passar a limpo esse triste período da história brasileira só há um caminho: punição a todos os torturadores e carrascos do regime militar. Se for para dar somente uma satisfação pública sobre os crimes cometidos no período, é preferível continuar a não fazer nada.