sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Cartas marcadas

A decisão do Tribunal Superior Eleitoral que determinou, por seis votos a um, a inegibilidade do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva no pleito de outubro próximo, nada traz de novidade. Desde o golpe que depôs uma presidente legitimamente eleita, o Brasil vive um jogo de cartas marcadas, cujo único objetivo é levar ao poder aqueles que perderam quatro pleitos presidenciais sucessivos para o PT. Como tradicionalmente ocorre nos golpes à brasileira, toda uma série de simulações de normalidade são feitas para tentar negar a obviedade de que o país está vivendo num regime de exceção. O ato espúrio que derrubou a presidente Dilma Rousseff seguiu todo o rito processual e os prazos estabelecidos, de forma a parecer que se tratasse de um procedimento dentro das regras democráticas, com as instituições em pleno funcionamento, e não um golpe adredemente preparado, como foi, verdadeiramente. Todos, inclusive o próprio Lula, sabiam que não lhe permitiriam concorrer. Fernando Haddad assumirá a candidatura, no lugar de Lula, e tem amplas condições de vencer. Haddad já foi ministro da Educação e prefeito de São Paulo. Numa comparação com os demais candidatos, é, de longe, o mais culto e preparado. Lula não irá transferir a totalidade de seus votos para Haddad, mas o fará em número suficiente para que ele chegue ao segundo turno. Lula tem perdido batalhas, mas ganhará a guerra.