domingo, 22 de janeiro de 2017

Sem papas na lingua

Duas entrevistas de profissionais do Grêmio produziram impacto nos últimos dias. O zagueiro Geromel e o técnico Renato se mostraram sem papás na língua. O primeiro a se pronunciar foi Geromel. Ele cobrou dos dirigentes a formação de um grupo mais qualificado, e lembrou que o Grêmio perdeu o Campeonato Gaúcho e foi eliminado precocemente na Libertadores, em 2016, quando ficou sem alguns jogadores fundamentais e não tinha uma reposição a altura. Geromel destacou que, mesmo na Copa do Brasil, que acabou ganhando, o Grêmio enfrentou dificuldades na campanha, e que sua colocação final no Campeonato Brasileiro não foi boa. Renato, um dia depois, foi no mesmo tom. Revelou que, antes de sair de férias, deixou tudo "mastigadinho" para os dirigentes quanto às contratações a serem feitas. Entre as indicações de Renato estavam a de dois jogadores "top", que não vieram em razão das limitações financeiras do Grêmio. O técnico disse que todos os jogadores contratados até aquele momento tinham vindo com o seu aval, com exceção de Beto da Silva, que foi uma iniciativa da diretoria que ele abraçou. As declarações de Geromel e Renato colocam os dirigentes do Grêmio contra a parede. Eles agiram assim porque sabem que tem cacife para tanto. A verdade é que o departamento de futebol do Grêmio está deixando a desejar na sua política de contratações. Os torcedores esperavam por nomes de maior expressão, principalmente por ser um ano em que o clube disputará a Libertadores. O vice-presidente de futebol, Odorico Roman, até agora, não mostrou um desempenho compatível com o cargo. A velha cantilena da falta de recursos financeiros não pode mais servir de escudo para uma ação tão tímida na aquisição de reforços de qualidade. Os outros clubes brasileiros que participarão da Libertadores estão se mostrando bem mais ousados nas suas contratações. Se o Grêmio não modificar a sua postura quanto aos reforços, o único título ao seu alcance, em 2017, será o do Campeonato Gaúcho.