quinta-feira, 3 de maio de 2012

Um balcão de negócios

A política, no Brasil, tornou-se, apenas, um meio de barganhar cargos e satisfazer interesses. Se antes existiam partidos apontados como mais afeitos à politicagem e outros tidos como mais éticos ou idealistas, hoje todos se comportam da mesma maneira na busca de obter as fatias do poder. Até mesmo o Partido Verde (PV) entrou para essa vala comum. O PV decidira apoiar a reeleição do prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT). Porém, uma forte pressão do PT para que o partido mude de ideia pode fazer com que o PV desista de apoiar Fortunati e se alie ao seu candidato, Adão Villaverde. Para mudar de lado, o PV exigiu, afora cargos na administração, a indicação do candidato a vice-prefeito. As lideranças do PV se sentiram valorizadas com o assédio do PT. O espantoso em toda essa história é que, horas antes de ser procurado pelo PT, o PV havia anunciado seu ingresso na Frente Política Cidadã, formada, ainda, por PPS, PMN, PT do B, PRP e PRTB, que iriam dar seu apoio público para Fortunati num ato a ser realizado na noite de hoje, no qual o próprio prefeito se faria presente. Ao ser questionado sobre isso, o secretário-geral do PV, Cláudio Ávila, disse: "Bom, se o Villaverde cumprir tudo o que prometeu, a gente desconvida esse primeiro pessoal e convida os do PT. Ou adia o evento". A que ponto chegamos! O Partido Verde que, por sua especificidade, deveria ter uma postura diferente das demais siglas, comporta-se como qualquer outra legenda, quando se trata de tomar parte no balcão de negócios da política. Também está atrás de cargos e vantagens. Como se pode perceber pela própria declaração do secretário-geral do partido, é tudo uma questão de quem oferece mais para que se obtenha o apoio do PV. O idealismo e a dedicação à causa pública são, hoje, uma ficção no meio político. Os "mocinhos" deixaram a cena, e os vilões triunfaram.