segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Rigor contra o álcool

O governo do estado de São Paulo anunciou, na semana passada, um programa para coibir o consumo de álcool por crianças e adolescentes. Como parte da iniciativa haverá uma lei mais dura, que penalizará com pesadas multas, e até com o fechamento, os estabelecimentos comerciais que reincidirem na venda de bebidas para menores de 18 anos. Também serão feitas uma campanha educativa e a abertura de mais 200 vagas no Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento do alcoolismo. A medida do governo paulista foi tomada com base em um estudo que mostra que em 1990 os jovens começavam a beber aos 18 anos. Hoje, os jovens iniciam o consumo de bebidas aos 13 anos. Os efeitos do álcool quando consumido em grande quantidade são, sabidamente, devastadores. A iniciativa do governo do estado de São Paulo é, portanto, válida e meritória. Ela tenta estabelecer um maior rigor quanto a uma proibição, a de venda de bebidas para menores, que já existe em lei. Ocorre que todas as leis que tentam atuar sobre comportamentos e hábitos arraigados das pessoas tendem a ter um impacto inicial e depois perdem eficácia. As campanhas de conscientização, ainda que seus resultados sejam alcançados a longo prazo, são mais eficientes. Foi através delas que muitas pessoas, a partir dos esclarecimentos sobre os efeitos danosos de certos hábitos sobre a saúde, deixaram de fumar e passaram a praticar exercícios físicos, por exemplo. Uma lei, por mais dura que seja, não modifica comportamentos. Se assim fosse, bastaria um "canetaço" e todo e qualquer problema estaria resolvido. O ser humano tem suas pulsões, e tentar controlá-las através de leis e decretos só estimula a criatividade para que tais mecanismos sejam burlados. Não se trata de invalidar a iniciativa paulista, mas de lembrar que o ser humano só reforma o seu comportamento através da educação. Sem a devida formação e orientação, capazes de ditar um outro tipo de conduta por parte do indivíduo, não se consegue eliminar os hábitos nocivos. Dessa forma, com o tempo, toda e qualquer lei, por mais bem intencionada que seja, acaba se tornando inócua.