quarta-feira, 22 de setembro de 2021

O jeitinho de sempre

No Brasil, historicamente, há casuísmos e soluções fora do roteiro estabelecido pela lei que são acionados quando poderosos estão encrencados. O "jeitinho brasileiro", uma prática amplamente exercida no país por todos os segmentos sociais, atinge, nesses casos, o alto da pirâmide. A cultura da impunidade está estabelecida entre os setores privilegiados da sociedade brasileira, que não admitem a hipótese de pagar por seus erros e desmandos. Assim, já se comenta a hipótese de que o Centrão, fatia do parlamento brasileiro que dá sustentação política ao presidente genocida Jair Bolsonaro, cogita de sua desistência de concorrer à reeleição, em 2022. Dessa forma, Bolsonaro evitaria a possibilidade de uma derrota fragorosa nas urnas, e receberia apoio do Centrão para safar-se de condenações judiciais. O jeitinho de sempre das elites abriria, com essa manobra, a chance de a direita buscar um outro candidato que pudesse evitar a volta da esquerda ao poder, enquanto garantiria a impunidade para os vários crimes praticados por Bolsonaro e seus filhos. Claramente, a prisão, tanto a própria quanto a de seus rebentos, é o grande terror de Bolsonaro. No momento em que deixar de ser presidente, a blindagem jurídica que o cargo confere ao seu ocupante deixa de existir. A ser confirmada a sua desistência de concorrer à reeleição, seria um motivo de safisfação para a parte digna da sociedade brasileira. Porém, sua saída do cargo não é o suficiente. São muitos, e graves, os crimes praticados por Bolsonaro, que têm de pagar por eles, de acordo com o que dispõe a lei. Aliás, Bolsonaro deveria ser julgado pelo Tribunal Internacional de Haia, por crimes contra a humanidade, praticados na pandemia de coronavírus.