sexta-feira, 15 de outubro de 2021

A imprensa sob ameaça

A recente outorga do Prêmio Nobel da Paz aos jornalistas Maria Ressa, filipina, e Dmitry Muratov, russo, coloca em evidência um drama da atualidade. O drama em questão é a imprensa sob ameaça. Ressa e Muratov praticam um jornalismo esclarecedor, que denuncia as fake news e revela os malfeitos dos governantes de seus países. Como consequência disso, são perseguidos. O governo do presidente das Filipinas, Rafael Duterte, já chegou a prender Ressa. Muratov, mesmo depois de agraciado com o Nobel, recebeu ameaças do presidente da Rússia, Rafael Putin. A atividade de imprensa sempre foi arriscada. O bom jornalismo contraria os interesses dos poderosos ao expor suas mazelas. Portanto, ao longo do tempo, muitos jornalistas pagaram com a própria vida a sua busca incessante pela verdade. Com o avanço civilizatório, era de se esperar que esse quadro amainasse. Porém, isso não aconteceu. O jornalismo continua sendo uma das profissões mais perigosas do mundo e, a cada ano, apresenta muitas vítimas fatais na razão direta do exercício correto e destemido da sua atividade. Nos tempos de obscurantismo da atualidade, em que governos fascistas se espalham por vários países, e as fake news se expandem como ervas daninhas no meio cibernético, a imprensa vive um momento crítico. Atacada pelos poderosos, e desacreditada pelos que se deixam manipular pelas notícias falsas, a verdadeira imprensa luta para recuperar o prestígio que lhe é devido. A imprensa autêntica é crítica e cética, não poupando os desmandos dos poderosos. Por isso é tão perseguida. Sem imprensa não há liberdade, nem democracia, razão pela qual faz todo o sentido que seja conferido a dois jornalistas o Prêmio Nobel da Paz. Tomara que, a partir desse fato, as pessoas se conscientizem de que a imprensa independente é uma aliada indispensável da população na busca por seus direitos, e na construção de um mundo mais justo.