quinta-feira, 12 de julho de 2018

Supremacia europeia

Embora tenha se expandido e popularizado em todos os continentes, levando a Fifa a ter mais países filiados do que a ONU, o futebol, em termos competitivos, é uma disputa entre América do Sul e Europa. Todas as Copas do Mundo, até hoje, foram vencidas por seleções sul-americanas e europeias. Houve, nas últimas décadas, uma visível evolução da qualidade do futebol praticado em outras regiões do mundo, mas nada que permita, por enquanto, a quebra dessa hegemonia. Porém, o que antes era uma competição acirrada se desequilibrou. A supremacia europeia, hoje, é enorme. Com a conquista da Copa do Mundo de 2002 pela Seleção Brasileira, a América do Sul atingiu nove títulos mundiais contra oito da Europa. De lá para cá, todas as demais Copas foram ganhas por equipes europeias, inclusive a de 2018, que só será decidida no domingo, cujas finalistas são, ambas, do Velho Continente. No Campeonato Mundial de Clubes da Fifa, não é diferente. Só clubes sul-americanos e europeus conquistaram o título. No entanto, o último clube sul-americano a ganhar o título mundial foi o Corinthians, em 2011. O que explica tamanho desequilíbrio? A globalização econômica e a malfadada Lei Pelé são as principais razões. Por força desses dois fatores, os clubes sul-americanos não conseguem mais reter os grandes valores que revelam, tornando-se meros fornecedores de matéria-prima para o futebol europeu. O pior é que não há perspectiva de mudança nesse quadro. Com a economia globalizada, não há como os clubes sul-americanos fazerem frente à moeda forte europeia. Associado a esse fato, a Lei Pelé facilita de modo extremo a saída de jogadores para o exterior, enriquecendo empresários e prejudicando os clubes, que são o verdadeiro sustentáculo do futebol. Em termos de qualidade técnica, o futebol sul-americano ainda é muito superior ao europeu, mas isso não basta para que ele se imponha. Seus grandes jogadores vão, muito precocemente, desfilar seu talento na Europa, atraídos pelos salários astronômicos que eles não podem pagar. Resta aos habitantes da América do Sul, lamentavelmente, olhar seus grandes ídolos pela tevê, e assistir à comemoração europeia a cada Copa do Mundo.