sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Desamparado

Os políticos seguem a nos fornecer, a cada dia, mais motivos para seu descrédito perante a sociedade. Deixam claro que, para eles, a chamada "vida pública", nada mais é do que um balcão de negócios ou um cabide de empregos, ou ambas as coisas. Agora, mais um exemplo disso ocorre em Porto Alegre. O prefeito José Fortunati decidiu substituir o secretário municipal do Meio Ambiente. Até aí, nada demais, afinal, é uma prerrogativa do chefe do poder executivo. Ocorre que o atual secretário, Carlos Alberto Garcia, é também vereador e, quando deixar o cargo, reassumirá sua cadeira na Câmara Municipal. Dessa forma, o suplente Paulo Marques, que atualmente exerce a condição de vereador, perderá a cadeira. Preocupado com o fato, o PMDB já prometeu a Paulo Marques que não o deixará desamparado. Como assim? Um suplente é alguém que não conseguiu votos suficientes para se eleger e, como tal, tem de saber que, sempre que vier a assumir uma cadeira, será de forma transitória. O que significa não deixar desamparado? Arrumar uma "boquinha", um cargo bem remunerado de "assessor para assuntos especiais" em alguma empresa pública? O noticiário nos mostra, quase todos os dias, casos semelhantes. Os partidos tratam de socorrer aqueles que perdem seus mandatos ou não obtem reeleições. Como se o exercício de um mandato eletivo, uma vez alcançado, se tornasse num direito vitalício a ser remunerado pelos cofres públicos e não, como verdadeiramente tem de ser, uma condição revogável a partir da vontade dos eleitores. A política, desse modo, transforma-se numa ação entre amigos, com troca de favores e concessões de privilégios, onde o único desamparado é o cidadão comum.