segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Uma crise de civilidade

A principal crise por que passa o Brasil, ao contrário do que possa parecer, não é a econômica. O país atravessa uma crise de civilidade, gerada pelo clima de radicalização política. Durante o transcurso do velório do ex-presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra, em Belo Horizonte, cartazes com frases como "Petista bom é petista morto"  foram jogados em frente ao local onde a cerimônia fúnebre se realizava. Também em frente ao local, um homem e duas mulheres gritavam palavras de ordem contra o PT. O respeito aos mortos sempre esteve presente em todas as culturas. Regozijar-se com a morte de alguém por causa de sua filiação partidária, e utilizar o seu velório para atacar sua sigla, é algo abjeto e repugnante. Esse tipo de atitude revela o grau de imbecilidade que caracteriza a direita. Os adeptos dessa visão política são fascistas, demofóbicos, defensores do arbítrio e da violência. Escondem sua torpeza por baixo de uma capa de moralidade. Nada justifica atos desse tipo num local em que um corpo está sendo velado. O morto, seus parentes e amigos merecem ser tratados com o devido respeito numa hora como essa. A instabilidade política que o país vive está trazendo à superfície o esgoto da sociedade brasileira. São pessoas assim que sonham com a volta da ditadura, e apoiam energúmenos como o deputado federal Jair Bolsonaro (PP/RJ). Antes de se tornar plenamente desenvolvido, o Brasil tem de obter a condição de um país civilizado. Atos como os ocorridos no velório de José Eduardo Dutra mostram que esse estágio ainda está longe de ser alcançado.