terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Castigado por viver mais

A expectativa média de vida continua crescendo no Brasil. Ela já chega a 74,6 anos. Em média, as mulheres já vivem mais de 78 anos, e os homens 70 anos e 11 meses. Isso deveria ser motivo de satisfação, pelo que revela de avanço da medicina e das condições gerais de saúde da população, mas também tem a sua face perversa. Os brasileiros estão sendo punidos por viverem mais, pois quem está em vias de se aposentar, a partir dos novos dados de expectativa de vida revelados pelo IBGE, terá de trabalhar por um tempo a mais do que o planejado, e seus ganhos serão reduzidos. Portanto, mais uma vez os aposentados estão sendo tungados. Os apologistas da necessidade de "salvar" a Previdência Social há tempos insistem que ela apresenta déficits crescentes e que essa situação tem de ser equacionada. Com base nesse argumento, o governo Fernando Henrique Cardoso criou o famigerado fator previdenciário e desvinculou o reajuste dos benefícios do aumento do salário mínimo, o que levou os aposentados a uma condição de crescente defasagem de seus ganhos. Estamos, então, diante de um mecanismo perverso, em que quanto mais a longevidade dos brasileiros se expandir, mais eles estarão expostos a miserabilidade na fase de suas vidas em que mais necessitam de recursos. No Brasil, ter uma vida longa parece ser uma afronta, e os aposentados é que são punidos por isso. Incrivelmente, o brasileiro está sendo castigado por viver mais.