sexta-feira, 27 de maio de 2022

David Coimbra

Há lutas que são ingratas. A do jornalista David Coimbra, que faleceu, hoje, aos 60 anos, contra o câncer foi uma delas. Em 2013, David descobriu um câncer de rim com metástase óssea. Depois de tratamentos sem sucesso no Brasil, David mudou-se para Boston, nos Estados Unidos, onde submeteu-se a um tratamento experimental com imunoterapia. A terapia lhe proporcionou uma considerável sobrevida, mas, há poucos meses, a doença retornou, com agressividade. David, então, afastou-se de seu trabalho no jornal Zero Hora e na Rádio Gaúcha. Ainda no mês em curso, David retornou à sua coluna em Zero Hora. O que poderia ser uma retomada, tornou-se uma despedida. Tive o privilégio de conhecer David quando trabalhei em Zero Hora, no início dos anos 90. Compareci, em 10/06/1994, ao lançamento do livro "A História dos Grenais", escrito por David em parceria com o jornalista Nico Noronha, também já falecido, cujo exemplar, com dedicatórias dos autores, tenho até hoje. Afora o brilhante profissional, tive a oportunidade, no período em que trabalhamos no mesmo jornal, de conhecer um ser humano afável e generoso. Seus últimos textos em Zero Hora marcaram fortemente os leitores, como, por exemplo, "O dia em que quis morrer", no qual descreve as dores terríveis que sofreu em função da doença, mas que concluiu com a frase "A vida é boa". Nada poderia resumir melhor a postura de David diante da vida, a qual ele sempre celebrou. Uma vida com muitos "chopes cremosos", expressão que tantas vezes usou em seus textos.