segunda-feira, 8 de outubro de 2018

O absurdo segundo turno do Rio Grande do Sul

A cada eleição, o Rio Grande do Sul afunda mais profundamente na despolitização e boçalidade. Não bastasse o fato de, em 2014, ter sido eleito governador José Ivo Sartori (MDB), o pior ocupante do cargo em todos os tempos, há a possibilidade de que venha a ser reeleito, pois foi para o segundo turno. O quadro de horror não para pôr aí. O absurdo segundo turno do Rio Grande do Sul terá Sartori contra Eduardo Leite  (PSDB), outro candidato de direita. Sim, isso mesmo, uma disputa entre dois candidatos do mesmo espectro político. Uma disputa entre iguais no segundo turno é algo que não faz nenhum sentido. Sartori e Leite são, ambos, privatistas, defensores da redução do Estado, privilegiam os interesses dos poderosos em detrimento dos mais vulneráveis, e apoiam o candidato do PSL a presidente, o fascista Jair Bolsonaro. Não há critério pelo qual se possa escolher entre um ou outro como sendo melhor ou menos pior. Os dois são péssimos, por tudo o que representam. Seja quem for o vencedor da eleição, o Rio Grande do Sul é, desde já, o grande derrotado. A situação econômica do Estado, que já é precária, só tende a piorar, pois continuará a aplicação do receituário neoliberal, que só gera mais crise, com venda de patrimônio público, desemprego crescente, redução do consumo e isenções fiscais para os grandes empresários. Enquanto os estados do Nordeste deram um exemplo notável de consciência política, elegendo governadores do campo da esquerda e garantindo a presença de Fernando Haddad (PT) no segundo turno da eleição presidencial, o Rio Grande do Sul afunda politicamente, optando pelo obscurantismo da direita. Diante desse quadro deplorável, só resta, à porção lúcida desse Estado, morrer de vergonha.

Vai ter segundo turno

Embora o esforço concentrado dos setores reacionários da sociedade brasileira em sentido contrário, haverá segundo turno na eleição presidencial. Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) irão para o embate direto. Bolsonaro teve uma vantagem folgada no primeiro turno, o que lhe concede o favoritismo, mas não é garantia de que irá vencer. Os votos de Ciro Gomes, que ficou em terceiro lugar, deverão ir, em grande parte, para Haddad. O próprio Ciro já afirmou que não apoiará Bolsonaro. A grande incógnita é como irão se comportar os eleitores de  Geraldo Alckmin no segundo turno. Afinal, o candidato do PSDB adotou um discurso igualmente hostil em relação a Bolsonaro e Haddad, sem deixar espaço para a construção de um entendimento numa fase posterior da eleição. Para os candidatos, o segundo turno é uma oportunidade para o entendimento em torno de aspirações comuns que geram alianças. Para o eleitor, uma nova chance de reflexão para fazer a melhor escolha possível entre os que permanecem na disputa. Mais do que tudo, é a hora em que o bom senso deve se sobrepor às picuinhas políticas.