terça-feira, 31 de julho de 2018

Mancha biográfica

O jurista Hélio Bicudo, falecido hoje aos 96 anos, teve uma trajetória relevante como ativista dos direitos humanos, e foi um dos fundadores do PT. Também foi deputado federal. Porém, no ocaso de sua existência, Bicudo apresentou uma mancha biográfica. Em 2015, Bicudo foi um dos autores, junto com a tresloucada Janaína Pascoal e Miguel Reale Júnior, do pedido de impeachment da presidente Dilma Roussef. Um pedido calcado no pífio argumento das "pedaladas fiscais", um instrumento utilizado comumente pelos mais diferentes governos, sem que isso resulte numa destituição do cargo. O que teria feito Hélio Bicudo se voltar contra o partido que ajudou a fundar? Ele até podia ter restrições à conduta do PT no poder, mas nada justifica ter colaborado para perpetrar o impeachment de uma presidente legitimamente eleita. Bicudo teve uma vida longa e operosa, mas o capítulo final de sua história empanou o brilho de sua obra.

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Desculpas remuneradas

Neymar parece ter uma capacidade inesgotável de gerar surpresas desagradáveis. Como se não bastassem suas inúmeras mancadas em 2018, com um futebol opaco durante a Copa do Mundo, suas quedas forçadas em campo, Neymar, alvo de muitas críticas por tudo isso, tirou proveito das situações negativas com desculpas remuneradas. Sim, é isso mesmo, Neymar fez um pedido público de desculpas na forma de um comercial de uma famosa marca de lâminas de barbear, por um belo cachê. Cada vez mais, Neymar mostra que é um fruto típico dos tempos atuais, pois é mimado, egocêntrico, cínico, mercenário. Seus "valores" são os do capitalismo e consumismo, como tirar proveito financeiro das mais variadas situações, dar declarações carregadas de falsidade, forjar uma imagem a partir de orientações externas, levar uma vida de ostentação. O que pode ser mais patético do que o comercial das desculpas, com um texto bem construído, mas que, certamente, foi criado por outros e apenas recitado por ele é, o que é pior, num tom de absoluta falta de sinceridade. Neymar, ao que tudo indica é adepto da ideia de que o importante é estar sempre em evidência, ainda que de modo negativo. Há quem diga que o responsável por tantas "pisadas na bola"de Neymar é o seu pai. Se for assim, está mais do que na hora de Neymar separar os assuntos profissionais dos pessoais. Com 26 anos, Neymar tem plenas condições de trilhar o caminho da independência, saindo debaixo do guarda-chuva de seu pai.

domingo, 29 de julho de 2018

Facilidade

Sem esforço, ao natural. Foi assim que o Inter goleou o Botafogo por 3 x 0, hoje, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro. O Inter era o favorito do jogo, mas não se esperava que vencesse com tanta facilidade. O Botafogo tem um time modesto, isso é sabido, mas, por sua tradição, esperava-se que opusesse maior resistência. Com o resultado, o Inter volta a ficar entre os quatro primeiros colocados da classificação, e abafa os descontentamentos surgidos após a derrota para o América Mineiro. Pelos menos até o próximo jogo, a tranquilidade voltará a reinar no ambiente do Inter.

Filme repetido

Uma situação vista muitas vezes em 2017 tornou a se apresentar, hoje, para o torcedor gremista. Num filme repetido, o Grêmio colocou em campo, no Campeonato Brasileiro, um time de reservas, e, como costuma acontecer nessas ocasiões, deixou preciosos pontos pelo caminho. O jogo era contra a Chapecoense, na Arena Condá, um adversário que estava na zona de rebaixamento. O Grêmio começou bem o jogo, e abriu o placar logo aos três minutos, com um belo gol de Pepê. O jogo se mostrava favorável ao Grêmio, que manteve o placar no primeiro tempo. No segundo, ainda que com um decréscimo de produção do Grêmio e uma reação natural da Chapecoense em busca do empate, o resultado persistia, sem maiores riscos, até que Paulo Victor errou ao tentar defender uma bola que sairia pela linha de fundo, e o árbitro não marcou o impedimento ocorrido no lance. A consequência dessas duas falhas foi o gol de empate da Chapecoense. No final do jogo, Paulo Victor, com uma grande defesa, compensou, em parte, o seu erro, evitando a virada da Chapecoense. Com o empate, o Grêmio se afasta dos primeiros colocados por pontos e número de vitórias, e começa a jogar fora um campeonato que poderia vencer até com alguma folga, se o encarasse com a devida seriedade. Exatamente como aconteceu em 2017.

sábado, 28 de julho de 2018

Os 35 anos de um divisor de águas

Na data de hoje,  há 35 anos, o Grêmio conquistava pela primeira vez o título da Libertadores da América. Parece que foi ontem! Renato, o vitorioso técnico do Grêmio na atualidade, era, então, o seu melhor jogador. Foi uma conquista das mais expressivas, pois o Grêmio se tornava o quarto clube brasileiro a vencer a competição. Antes dele, só o Santos de Pelé e Pepe, o Cruzeiro de Nelinho e Palhinha, e o Flamengo de Zico e Júnior haviam ganho a Libertadores. Na história do Grêmio, o que hoje se comemora são os 35 anos de um divisor de águas. Afinal, o seu maior rival, o Inter, ainda não possuía esse título de tamanha magnitude, que só obteria 23 anos depois, quando o Grêmio já havia conquistado a competição pela segunda vez. Os responsáveis por aquele feito serão lembrados para sempre. Dentre eles, se destacam o presidente Fábio Koff, recentemente falecido, De León, o grande zagueiro e líder, Renato, o maior craque, e César, autor do gol do título na vitória por 2 x 1 sobre o Penarol, na decisão, no saudoso Estádio Olímpico. O Grêmio, que já era grande, a partir daquele dia, tornou-se ainda maior. Muitos outros notáveis títulos vieram depois, inclusive mais duas Libertadores e um Campeonato Mundial de Clubes. O título da Libertadores de 1983 será sempre reverenciado como um motivo de orgulho para todos os gremistas.

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Escolha óbvia

O chamado "centrão", reunião de partidos adeptos do neoliberalismo e que fazem da política um balcão de negócios, abriu o seu apoio ao candidato a presidente pelo PSDB, Geraldo Alckmin. Tratada pela imprensa como uma notícia de grande impacto, é apenas uma escolha óbvia. O "centrão" nada mais é do que um covil dos piores vermes da política brasileira. Dessa forma,  nenhum candidato poderia ser mais adequado para receber o apoio desse grupo do que Alckmin. Seus integrantes também se identificam com nomes como Henrique Meirelles e Jair Bolsonaro, mas sabem que Alckmin é um candidato mais viável do que os dois. Desde a redemocratização do país, com a Nova República, o bloco se fez presente no Congresso Nacional, como uma forma de defender os privilégios da casa grande e impedir maiores avanços da senzala. Alckmin já concorreu para presidente uma vez, em 2006. Conseguiu a "façanha" de fazer no segundo turno um número menor de votos do que recebera no primeiro. Para a eleição desse ano, Alckmin tem apresentado índices baixíssimos de intenções de votos nas pesquisas. Ainda assim, com a estrutura e os recursos de um partido como o PSDB, Alckmin está longe de ser uma carta fora do baralho. Os "centristas"apostam em Alckmin para que tudo continue como está. Eles desejam um governo que realize privatizações e administre para os ricos. Resta ao eleitor brasileiro impedir a consumação desse plano.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Ducha de água fria

O terceiro lugar na classificação do Campeonato Brasileiro, e os dez jogos de invencibilidade completados na rodada anterior, levaram o Inter e seus torcedores a um estado de euforia. Não faltou quem já falasse na possibilidade da conquista do título. Porém, o jogo contra o América Mineiro, hoje, no Independência, freou esse entusiasmo. O Inter perdeu por 2 x 1, com uma má atuação. Foi uma ducha de água fria em sua torcida. O Inter não conseguiu se encontrar em campo e já perdia por 2 x 0 ainda no primeiro tempo. Só aos 43 minutos do segundo tempo o Inter marcou um gol, quando já era tarde demais para uma reação. A verdade é que o Inter vinha conquistando bons resultados sem jogar bem. No futebol, isso não se sustenta a longo prazo. Sem jogar bem é possível ganhar partidas. Para ser campeão é preciso ter um futebol de qualidade.

Bela virada

Depois da má atuação na derrota para o Vasco, o Grêmio voltou a exibir um bom futebol. A vitória por 2 x 1, de virada, sobre o São Paulo, hoje, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro, foi a reconciliação do Grêmio com o seu futebol envolvente. Foi uma bela virada. O Grêmio sofreu um gol muito cedo, depois de uma surpreendente falha de Geromel. O time e o seu grande zagueiro não se abalaram, demonstraram maturidade e partiram em busca da vitória. Ainda no primeiro tempo, em jogada individual, Everton empatou o jogo. No segundo tempo, em mais uma bonita jogada de iniciativa pessoal, Everton fez 2 x 1. Ele foi o grande nome do jogo, sendo uma preocupação permanente para a defesa do São Paulo. Outro responsável pelo alto nível da atuação do Grêmio foi Maicon, que com seu refinamento, tornou-se um jogador imprescindível para o bom rendimento do time. O bom desempenho coletivo mostrado pelo Grêmio compensou, até mesmo, mais uma apresentação sofrível de Marcelo Oliveira. O resultado foi importante, pois devolve o Grêmio ao grupo dos quatro primeiros colocados na classificação, e por trazer consigo a tranquilidade que só as vitórias podem dar.

Os 75 anos de Mick Jagger

Na data de hoje, um dos maiores nomes da música em todos os tempos completa 75 anos. Mick Jagger, o líder dos Rolling Stones, o grupo que continua na ativa aos 56 anos de carreira, um showman por excelência. Um homem de notável desempenho em cima do palco, um grands conquistador fora dele, pai de oito filhos. Em parceria com Keith Richards, o guitarrista principal dos Rolling Stones, compôs uma série de clássicos, como "Satisfaction", "Angie", "It's Only Rockn'Roll", "Brown Sugar". Em relação ao maior sucesso do grupo, "Satisfaction", Mick declarou, aos 25 anos, que não queria chegar aos 40 anos cantando a célebre música. Seu desejo não se cumpriu, pois continua cantando o megasucesso ainda hoje. Por todos os seus méritos artísticos, Mick Jagger ostenta, há alguns anos, o título de "sir", conferido pela rainha Elizabeth ll, da Inglaterra. Parabéns, Mick!

terça-feira, 24 de julho de 2018

A velha política não sai de cena

 As eleições estão cada vez mais próximas, mas nada indica que elas trarão qualquer sinal de renovação nas práticas políticas do país. A velha política não sai de cena, com seus interesses subterrâneos e falcatruas as mais diversas. Sem nenhum pudor, as lideranças políticas escancaram todo o seu apego a busca do poder a qualquer preço. Nesse sentido, é emblemática a manifestação do presidente do PSB-RS, José Stédile, durante convenção partidária estadual no último domingo. O PSB-RS decidiu integrar a aliança pela candidatura à reeleição do governador do Estado, José Ivo Sartori, e Stédile deixou claro que essa adesão não se deu por razões de identidade programática. O que fez o partido manter o apoio a Sartori foi a manutenção de seus 160 cargos no governo estadual. Esses cargos correspondem, segundo Stédile, a 60% da receita do PSB-RS. O caso do PSB-RS, claro, não é um fato isolado. No Brasil, a política é, antes de tudo, um balcão de negócios, e não há nenhuma perspectiva de mudança para esse quadro.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Mais sorte do que juízo

O que era para ser fácil, por pouco não foi dramático. Assim pode ser definida a vitória do Inter por 1 x 0 sobre o Ceará, hoje, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro. A grande diferença de qualidade entre os dois times, refletida nas campanhas de ambos no Brasileirão, levava a que se esperasse um jogo fácil para o Inter, talvez com uma goleada. Na prática, a realidade foi bem diferente. O Inter teve enormes dificuldades contra o Ceará, não conseguiu impor uma superioridade em campo, inquietou seu torcedor durante o jogo, e quase deixou a vitória escapar. O único gol do jogo surgiu aos 30 minutos do segundo tempo, quando William Potker aproveitou o rebote numa bola em que o goleiro bateu roupa. Pelo que fazia até então, o Ceará não merecia sofrer um gol. Porém, no futebol, não há placar moral, o que importa é vencer. Dessa forma, o Inter chegou ao terceiro lugar na classificação, e o Ceará continua afundado na lanterna. No entanto, é preciso avaliar corretamente a forma como se obtém as vitórias. Hoje, o Inter teve mais sorte do que juízo.

domingo, 22 de julho de 2018

Sem soluções

Uma atuação decepcionante e sem criatividade. Esse é o resumo do que foi a derrota do Grêmio por 2 x 0 para o Vasco, hoje, em São Januário, pelo Campeonato Brasileiro. A exemplo do que já ocorrera várias vezes no período pré-Copa, o Grêmio desperdiçou pontos contra um adversário fraco, e o que é pior, jogando com um homem a mais durante grande parte do tempo. O Grêmio se mostrou sem soluções durante todo o jogo. O jogo recém havia começado quando o Vasco abriu o placar, aos três minutos, num gol contra de Geromel. Um gol tão cedo quase sempre traz problemas, mas o Grêmio tinha muito tempo pela frente para tentar reverter o resultado, contra um adversário que, sabidamente, lhe é muito inferior. Porém, nem quando ficou com um homem a mais em campo, devido a expulsão de um jogador do Vasco, o Grêmio conseguiu se impor. O técnico do Grêmio, Renato, tentou várias alternativas, mas nenhuma funcionou. O tempo foi escoando, e o Grêmio não encontrou meios de levar perigo ao gol do Vasco. A campanha do Grêmio no Brasileirão segue irregular e insatisfatória. Mais uma vez, como em 2017, o Grêmio vai deixando escapar entre os dedos uma competição que poderia vencer sem muitas dificuldades.

sábado, 21 de julho de 2018

A solidão de Bolsonaro

Cada vez mais a candidatura do deputado federal Jair Bolsonaro a presidente tende a ser apenas muito barulho por nada. Bem cotado em pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro, no entanto, é pré-candidato por um partido minúsculo, o PSL, e não está conseguindo um candidato a vice, nem mesmo em outras legendas de igual porte. Com isso, Bolsonaro, provavelmente, terá de formar uma "chapa pura", denominação que se dá a uma candidatura apenas com integrantes do próprio partido. Se essa hipótese se confirmar, as chances de Bolsonaro na eleição serão quase nulas, pois ele terá muito pouco tempo de rádio e tevê. A solidão de Bolsonaro mostra que, em vez de um candidato viável, ele deverá virar uma versão tropical de Jean Marie Le Pen, o radical de direita francês que sempre surgia bem cotado nas pesquisas para as eleições presidenciais de seu país e, invariavelmente, fracassava nas urnas.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Um jogo nivelado por baixo

Um jogo com muitos gols e alternâncias no placar dá a ideia de que tenha sido uma boa partida. Não foi esse o caso de Atlético Paranaense 2 x 2 Inter, hoje, na Arena da Baixada, pelo Campeonato Brasileiro. Mesmo com quatro gols,  e várias outras chances desperdiçadas, o jogo foi de baixo nível técnico. O Inter saiu na frente no placar, o Atlético virou, mas acabou cedendo o empate. O resultado não foi bom para ninguém. O Inter saiu do grupo dos quatro primeiros colocados do Brasileirão, e o Atlético Paranaense segue afundado na zona de rebaixamento. Foi um jogo nivelado por baixo, no qual a limitação técnica dos dois times ficou evidente. Pelo que se viu em campo, o Atlético tem poucas chances de reagir na competição, e o Inter não dá muitas esperanças de terminar a disputa na zona de classificação para a Libertadores.

Bom retorno

Havia curiosidade sobre como o Grêmio retornaria após a parada para a Copa do Mundo. Não bastasse a campanha abaixo do esperado nas doze primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro, o Grêmio ainda perdeu Arthur, que foi para o Barcelona seis meses antes do que estava previsto. A vitória por 2 x 0 sobre o Atlético Mineiro, ontem, na Arena, dissipou essas preocupações. O primeiro tempo parecia apontar na continuidade do que se vira no período pré-Copa. Afinal, o Grêmio dominava o jogo inteiramente, mas pouco chutava em gol, e consequentemente, não conseguia abrir o placar. Seria mais um empate em 0 x 0 na Arena, tudo levava a pensar. No segundo tempo, no entanto, o panorama se alterou. O Grêmio marcou um gol cedo, e sua superioridade em campo ficou ainda maior. Veio o segundo gol, e o terceiro só não aconteceu porque Luan desperdiçou um pênalti. Foi uma vitória sólida, consistente. Afora a boa produção coletiva, o Grêmio teve destaques individuais. Geromel e Maicon tiveram grandes atuações, e André foi mais participativo, encerrando um longo período sem marcar gols. Foi um bom retorno do Grêmio, o que dá confiança para o prosseguimento do ano.

terça-feira, 17 de julho de 2018

A dura volta à realidade

O inchado calendário do futebol brasileiro gera situações absurdas. O Campeonato Brasileiro só parou na véspera da abertura da Copa do Mundo. Pior do que isso, já no dia seguinte à decisão da Copa, foram realizados dois jogos atrasados pelas oitavas de final da Copa do Brasil. Portanto, é uma enxurrada de jogos que não permite ao torcedor se preparar para assistir a Copa, nem se adaptar para a volta do futebol brasileiro, depois que ela termina. Nos dois jogos de ontem, foi duro suportar o retorno ao baixo nível do futebol do país. O jogo Cruzeiro 1 x 1 Atlético Paranaense, por exemplo, foi chato e arrastado, com os dois gols saindo só no final. O Cruzeiro não forçou o jogo, pois o empate lhe bastava para se classificar, e o Atlético não mostrou o impeto necessário para obter a vitória, única opção de que dispunha para chegar nas quartas de final. A torcida do Cruzeiro, que foi em grande número ao Mineirão, vaiou o time, no final. No outro jogo da noite, não faltou emoção. O Vasco precisava reverter uma goleada sofrida no primeiro jogo contra o Bahia para seguir adiante na Copa do Brasil. Conseguiu abrir 2 x 0 no placar, o que lhe deixava a um gol de levar a decisão da classificação para a disputa de tiros livres da marca do pênalti. Porém, o terceiro gol não veio e o jogo terminou com expulsões de ambos os lados e confusão entre os torcedores. A torcida do Vasco, que teve uma presença  significativa em São Januário, apoiou o time, após o jogo reconhecendo o esforço demonstrado em campo. Após o jogo, o técnico do Vasco, Jorginho, reclamou da cera excessiva do Bahia. O técnico do Bahia, Enderson Moreira, rebateu, dizendo que isso era do jogo, pois estava claro que não lhe interessava acelerar o ritmo da partida. O mau futebol do Mineirão e os acontecimentos pós-jogo de São Januário foram amostras realistas do que virá pela frente para quem acompanha o futebol brasileiro. A dura volta à realidade. O encanto único da Copa do Mundo já ficou para trás.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

O fim de uma falsa verdade

O Brasil é um país que cultiva, como poucos, o gosto por cultuar e transmitir, por várias gerações, pretensas verdades absolutas que não passam de conversa fiada. Uma delas é a de que os brasileiros dão uma importância ao futebol maior do que a de outros países mais evoluídos ou civilizados. O retorno das seleções de França, Croácia e Bélgica aos seus países, após suas participações na Copa do Mundo, na Rússia, determinou o fim de uma falsa verdade, tantas vezes repetida. As recepções de franceses, croatas e belgas às suas seleções foram apoteóticas. Multidões acorreram às ruas para saudar, efusivamente, as delegações que brilharam na Copa. Os franceses comemoraram a conquista do seu segundo título mundial, com os vitoriosos desfilando em carro aberto. Os croatas se mostraram orgulhosos do vice-campeonato, maior campanha do país na história da competição. O mesmo júbilo exibiram os belgas pelo terceiro lugar, igualmente o melhor desempenho de sua seleção em todas as Copas. A associação de governantes com comemorações desse tipo, sempre criticada como outra deformação brasileira, também se verificou nessas celebrações europeias. Na França, o presidente e a primeira dama, que se fizeram presentes ontem na decisão da Copa do Mundo, em Moscou, recepcionaram a delegação e, todos juntos, cantaram a Marselhesa à capela. Na Bélgica, a família real também se juntou à recepção da delegação que representou o país na Copa. A paixão pelo futebol ocorre no mundo inteiro, nos mais diversos países, de diferentes graus de desenvolvimento. A ideia de que o brasileiro se ocupa demais com o futebol, enquanto outros países se importam com assuntos mais "sérios", é uma lorota que não se sustenta mais.

domingo, 15 de julho de 2018

Campeã pragmática

A França é a campeã da Copa do Mundo de 2018. Não se trata de uma surpresa. Antes do início da competição a França estava incluída em todas as listas de favoritos para o título. Sua equipe é jovem e conta com grandes valores individuais, como Mbappe, Pogba e Griezmann. Porém, mesmo contando com esses atributos, a França não apresentou um futebol brilhante. Ainda que com méritos, a França foi uma campeã pragmática. Até chegar à decisão, a França só teve uma grande atuação contra a Argentina, pelas oitavas de final, quando venceu por 4 x 3. Hoje, na decisão, contra a Croácia, ganhou por 4 x 2, mas o placar é enganoso em relação ao que se viu no campo. A Croácia começou melhor no jogo. Sofreu um gol contra decorrente da cobrança de uma falta que não existiu. Empatou a partida com um golaço. Levou o segundo gol em mais uma atitude equivocada da arbitragem, que marcou um pênalti num lance em que mostrou falta de convicção ao decidir. Após mais esse golpe, a Croácia sentiu o cansaço acumulado pelas prorrogações nos três jogos anteriores, e levou mais dois gols. No entanto, uma falha patética de Lloris oportunizou mais um gol para a Croácia. A partir daí, a Croácia, mesmo esgotada, buscou uma reação. Não deu tempo. Mesmo com os reparos feitos, não houve injustiça no título da França, que soube montar sua estratégia para ser campeã, mesmo sem jogar o futebol mais bonito da competição.

sábado, 14 de julho de 2018

O futebol mais bonito

Muitos desdenham da decisão do terceiro lugar na Copa do Mundo. Entendem que não há sentido em realizar um jogo com essa finalidade. Seja como for, ele continua a ser realizado, e está longe de ser desprezível. O jogo de hoje, pela decisão do terceiro lugar na Copa do Mundo da Rússia é uma prova disso. Em primeiro lugar, porque o estádio estava lotado, o que prova que um jogo de Copa sempre tem um alto valor. Obviamente, o público de um jogo desse tipo se porta de maneira mais descontraída, sem o nervosismo de partidas eliminatórias ou da decisão da competição. Também as equipes encaram o jogo sem a mesma tensão, e essa postura, somada com a do público, dá para a partida uma atmosfera mais leve. Foi assim que a Bélgica, praticamente completa, venceu por 2 x 0 uma Inglaterra com alguns desfalques. O resultado não mostra o que foi a superioridade da Bélgica em campo. O placar foi aberto logo aos três minutos do primeiro tempo, e poderia ter se transformado numa goleada ainda no início do jogo, tantas foram as oportunidades perdidas pela Bélgica. As chances não eram concretizadas pela Bélgica por excesso de preciosismo. Sem a pressão do resultado, até toque de calcanhar foi dado pela equipe belga. Mesmo perdendo tantos gols, a Bélgica obteve a vitória de forma afirmativa, e mostrou que o futebol mais bonito não estará na decisão da Copa. Hazard jogou uma excelente partida, coroando sua atuação com um golaço que fechou o placar. Sem falsa modéstia, ele afirmou, após a partida, que o melhor jogador certamente sairá da decisão entre França e Croácia, mas que se pudesse votar, escolheria a si próprio. De Bruyne foi outro que também jogou muito bem. Lukaku perdeu dois gols feitos, mas teve participação importante em outras jogadas. Courtois não foi tão exigido como em outros jogos, mas é forte candidato para ser o melhor goleiro da competição. O terceiro lugar é a melhor colocação da Bélgica em uma Copa do Mundo. Porém, a equipe poderia ter obtido mais. Com um futebol bonito e envolvente, ninguém jogou melhor que a Bélgica na Copa do Mundo de 2018.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

A imagem desgastada de Neymar

Neymar é, sem dúvida, um dos melhores jogadores do mundo. Sua vontade de receber o prêmio de melhor entre todos, que Messi e Cristiano Ronaldo já ganharam por cinco vezes cada um, é explícita. A Copa do Mundo era uma excelente oportunidade para Neymar encaminhar a realização do seu objetivo. Porém deu tudo errado. A Seleção Brasileira não fez uma boa Copa, e Neymar nem de longe correspondeu às expectativas em torno do seu futebol. Com suas quedas constantes em campo, e simulações de faltas, Neymar virou motivo de chacotas no mundo inteiro. A situação chegou a um ponto que até o presidente da Fifa, Gianni Infantino, fez comentários jocosos sobre o jogador. A imagem desgastada de Neymar é um efeito da Copa com que não se contava. Esperava-se que Neymar brilhasse intensamente na Copa, como maior expressão técnica da mais mítica das seleções. Porém, Neymar jogou pouco e caiu muito. As gozações com Neymar se espalharam pelo mundo e viralizaram na internet. Neymar fez de seu desempenho na Copa uma reversão de expectativa. A imagem desgastada de Neymar fará com que ele tenha de se reinventar. Será preciso que, a partir de agora, ele jogue muito, tecnicamente, e mude o seu comportamento, evitando as quedas teatrais. Neymar saiu da Copa muito menor do que entrou. Ele foi para o Paris Saint Germain para se tornar a maior estrela do clube, o que não conseguia ser no Barcelona. No entanto, após a Copa, Neymar poderá perder sua condição de maior estrela do Paris Saint Germain para Mbappe. Para quem sonhava em ser escolhido o melhor jogador do mundo, ter ameaçada sua condição de principal destaque de seu clube é um duro revés.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Supremacia europeia

Embora tenha se expandido e popularizado em todos os continentes, levando a Fifa a ter mais países filiados do que a ONU, o futebol, em termos competitivos, é uma disputa entre América do Sul e Europa. Todas as Copas do Mundo, até hoje, foram vencidas por seleções sul-americanas e europeias. Houve, nas últimas décadas, uma visível evolução da qualidade do futebol praticado em outras regiões do mundo, mas nada que permita, por enquanto, a quebra dessa hegemonia. Porém, o que antes era uma competição acirrada se desequilibrou. A supremacia europeia, hoje, é enorme. Com a conquista da Copa do Mundo de 2002 pela Seleção Brasileira, a América do Sul atingiu nove títulos mundiais contra oito da Europa. De lá para cá, todas as demais Copas foram ganhas por equipes europeias, inclusive a de 2018, que só será decidida no domingo, cujas finalistas são, ambas, do Velho Continente. No Campeonato Mundial de Clubes da Fifa, não é diferente. Só clubes sul-americanos e europeus conquistaram o título. No entanto, o último clube sul-americano a ganhar o título mundial foi o Corinthians, em 2011. O que explica tamanho desequilíbrio? A globalização econômica e a malfadada Lei Pelé são as principais razões. Por força desses dois fatores, os clubes sul-americanos não conseguem mais reter os grandes valores que revelam, tornando-se meros fornecedores de matéria-prima para o futebol europeu. O pior é que não há perspectiva de mudança nesse quadro. Com a economia globalizada, não há como os clubes sul-americanos fazerem frente à moeda forte europeia. Associado a esse fato, a Lei Pelé facilita de modo extremo a saída de jogadores para o exterior, enriquecendo empresários e prejudicando os clubes, que são o verdadeiro sustentáculo do futebol. Em termos de qualidade técnica, o futebol sul-americano ainda é muito superior ao europeu, mas isso não basta para que ele se imponha. Seus grandes jogadores vão, muito precocemente, desfilar seu talento na Europa, atraídos pelos salários astronômicos que eles não podem pagar. Resta aos habitantes da América do Sul, lamentavelmente, olhar seus grandes ídolos pela tevê, e assistir à comemoração europeia a cada Copa do Mundo.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Classificação histórica

A Croácia é a segunda finalista da Copa do Mundo de 2018, ao vencer, hoje, a Inglaterra, por 2 x 1, de virada. Por muitos aspectos, é uma classificação histórica. A Croácia é um dos países surgidos com a dissolução da Iugoslávia. Como país independente, existe há menos de 30 anos. Sua população é de apenas 4,2 milhões de habitantes. Disputou sua primeira Copa do Mundo em 1998, e na ocasião já chegou nas semifinais, só sendo eliminada pela França, que sediava a competição e acabou sendo a campeã. A mesma França que será sua adversária na decisão de domingo. Foi o terceiro jogo seguido em que a Croácia empatou em 1 x 1 e teve de jogar uma prorrogação. Mesmo com todo esse desgaste físico, saiu atrás no placar hoje, levando um gol logo aos cinco minutos do primeiro tempo, e teve forças para empatar, forçando a realização da prorrogação, onde conseguiu a virada, e venceu o jogo por 2 x 1. Surpreendida ao sofrer um gol cedo, a Croácia demorou a se encontrar na partida, mas, depois que conseguiu se equilibrar, sua melhor qualidade técnica se mostrou de modo flagrante. Perisic foi o grande nome da reação da Croácia, com uma notável atuação. Mandzukic foi um centroavante que perturbou a defesa adversária o tempo inteiro, e acabou fazendo o gol da vitória. Mais uma vez, a Inglaterra ficou pelo caminho, confirmando uma tendência que se repete a cada edição da Copa. A França é a favorita para a decisão da Copa, pela equipe que tem e por ser finalista da competição pela terceira vez. Porém, está longe de ser uma decisão previamente definida. A Croácia tem grandes chances de ficar com o título, o que, caso venha a acontecer, será um feito extraordinário.

terça-feira, 10 de julho de 2018

Foi menos do que se esperava

O primeiro jogo pelas semifinais da Copa do Mundo não correspondeu inteiramente às expectativas. A França venceu a Bélgica por 1 x 0, num jogo que prometia a possibilidade de ter muitos gols. Para uma partida que reunia em campo nomes como De Bruyne, Hazard, Lukaku, Mbappe, Pogba e Griezmann, foi menos do que se esperava. A Bélgica surpreendeu negativamente, pois não só tinha ganho todos os seus jogos anteriores na Copa como possuía o ataque mais positivo, com 14 gols. Diante de uma França pragmática e com um sistema defensivo muito bem ajustado, a Bélgica não conseguiu repetir suas atuações anteriores. De Bruyne e Lukaku, de brilhantes desempenhos contra a Seleção Brasileira, estiveram irreconhecíveis, apenas Hazard manteve o seu nível habitual. Na França, Mbappe teve, novamente, uma exibição de destaque, mas Pogba e Griezmann não corresponderam. No único gol do jogo, o gigante Fellaini perdeu a disputa de cabeça com Untiti, em outro fato inusitado. A França, apontada antes da Copa como uma das grandes favoritas ao título da competição, está classificada para a decisão. Porém, sem um futebol empolgante. Contando, reconhecidamente, com uma das melhores gerações de sua história, a França foi avançando na Copa com um futebol prático, mas sem brilho. Ainda assim, seja qual for o seu adversário na decisão, o que só ficará definido amanhã no jogo entre Croácia e Inglaterra, a França entrará em campo, no domingo, na condição de favorita.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

A continuidade de Tite

Transcorridos três dias desde a desclassificação da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, começa a ser feito o balanço do que foi realizado e a projeção do que virá pela frente. Dentro desse processo, há uma tendência pela permanência do técnico Tite. A continuidade de Tite no cargo se daria, entre outras razões, pela falta de nomes qualificados para ocupar o seu lugar, e pela recuperação da Seleção sob o seu comando. Porém, ainda que se concorde, em linhas gerais, com esse posicionamento, não há como deixar de constatar que Tite cometeu muitos erros, que não podem se repetir. Tite recebeu uma carta branca da CBF para agir com plena autonomia, o que sempre é temerário, e acumulou equívocos. Sua equipe de apoio foi formada mais com base na proximidade gerada por trabalhos anteriores em conjunto do que pelo mérito indiscutível dos ocupantes de cada função. A lista de jogadores definitiva para a disputa da Copa apresentou omissões incompreensíveis e convocações inaceitáveis. No campo das omissões, como entender a ausência de Arthur, por exemplo? No tocante aos convocados, Fagner não poderia ter sido chamado, quanto mais se tornar titular. Pesou em seu favor o fato de ter trabalhado por muito tempo com Tite no Corinthians, o que não é argumento suficiente em se tratando da Seleção, que deve prezar a qualidade acima de tudo. As convocações de Fred e Taison também são inexplicáveis. Tite justificou a convocação de Taison pela sua vasta experiência em jogos pelas copas europeias de clubes, mas acabou sem utilizar o jogador em nenhum momento. A manutenção de Fred no grupo, quando a lesão que sofrera apontava para o seu corte como a melhor solução, foi outro erro de Tite. O rodízio de capitães, sem definir um nome específico para a função, foi uma atitude absurda de Tite. Como se vê, se Tite permanecer terá de de revisar os seus critérios, ou caminhará para um novo insucesso. Terá ele a autocrítica necessária para fazer isso? Só o tempo dirá.

domingo, 8 de julho de 2018

Guerra jurídica

O Brasil foi surpreendido, na tarde de hoje, com a concessão de pedido liminar de habeas corpus em favor do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva que determina a sua imediata soltura. O pedido foi acatado pelo desembargador Rogério Favreto, plantonista do Tribunal Regional Federal da Quarta Região. O fato teve enorme impacto, e a notícia logo se espalhou pelo mundo. Como era de se esperar, a soltura de Lula não ocorreu, ainda que o despacho de Favreto seja claro nesse sentido, ordenando que fosse feita de modo imediato. Uma guerra jurídica se instalou no país, de modo a impedir o cumprimento da ordem de Favreto. Não cabe relatar, nesse espaço, as variadas argumentações de teor jurídico sobre a pertinência e a fundamentação do habeas corpus concedido por Favreto. O que chama a atenção é a reação imediata da imprensa buscando desqualificar Favreto, por ter sido filiado ao PT por mais de vinte anos, e exercido cargos nos governos Lula e Dilma. A mesma imprensa, no entanto, não vê nada demais no fato de Sérgio Moro ser ligado ao PSDB. Por se tratar de um jogo de cartas marcadas, Lula permanecerá preso. Porém esse episódio serviu para escancarar, se houvesse alguma dúvida, o golpe político perpetrado no país. Lula não poderia estar preso, mas o Brasil vive um regime de exceção, onde o conluio entre golpistas e os detentores do capital suprimiu a normalidade democrática.

sábado, 7 de julho de 2018

Desempenhos desiguais

O segundo dia de jogos pelas quartas de final da Copa do Mundo apresentou partidas bem diversas nos seus contextos. A classificação de Inglaterra e Croácia para as semifinais se deu com desempenhos desiguais. No primeiro jogo do dia, a Inglaterra venceu a Suécia por 2 x 0, mostrando ampla superioridade durante toda a partida. A Suécia teve chances de gols, e até forçou o goleiro Pickford a fazer algumas defesas difíceis, mas a Inglaterra poderia fazer um placar elástico, se não tivesse desperdiçado várias oportunidades. Não faltou a bravura e combatividade já demonstrada em jogos anteriores pela Suécia, mas a superioridade da Inglaterra foi flagrante, e lhe permitiu uma vitória sem sobressaltos. No segundo jogo do dia, entre Rússia e Croácia, o panorama foi bem diferente. A Rússia saiu na frente no placar, mas logo cedeu o empate, que se manteve até o final do primeiro tempo. No segundo, ambas as equipes diminuíram o seu ritmo, parecendo desejar que o jogo fosse para a prorrogação e, talvez, se decidisse nos tiros livres da marca do pênalti. Foi o que acabou acontecendo. Na prorrogação, a Croácia ficou em vantagem no placar, mas a Rússia empatou. Vieram, então, os tiros livres, e a Croácia acabou vencendo. Não há um favorito claro para o jogo entre Inglaterra e Croácia, pelas semifinais. Porém, enquanto a Inglaterra obteve sua classificação de forma afirmativa, a Croácia não se impôs em campo.

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Só restou a Europa

Os dois jogos de hoje pela Copa do Mundo resultaram na eliminação das duas únicas seleções não europeias que ainda estavam presentes na competição. Portanto, só restou a Europa na busca pelo título. No primeiro dia das quartas de final da Copa, Uruguai e Brasil saíram fora da disputa. Na primeira partida, o Uruguai, sem seu principal jogador, Cavani, que estava lesionado, foi presa fácil para a França. Mesmo sem jogar um grande futebol, a França se impôs e venceu por 2 x 0, com um gol de cabeça após a cobrança de uma falta, e outro num peru do goleiro Muslera. Ao Uruguai não faltou o empenho de sempre, mas a limitação técnica da equipe impediu que conseguisse fazer frente ao adversário. O segundo jogo, o mais esperado dessa fase, marcou a desclassificação da Seleção Brasileira. Confiantes na camisa "mais pesada", muitos decretaram o favoritismo da Seleção diante da Bélgica. Levados pelo otimismo exacerbado, ignoraram o fato de a Bélgica ter uma grande equipe, com vários destaques individuais como Courtois, Company, De Bruyne, Hazard e Lukaku. Porém, dentro de campo, a realidade foi outra. Enquanto os principais jogadores da Seleção afundaram, os da Bélgica brilharam. Neymar teve uma atuação patética, Philippe Coutinho esteve apagado, Marcelo jogou muito menos do que pode. De outra parte, Courtois, De Bruyne e Lukaku tiveram grandes atuações. A Bélgica chegou a abrir 2 x 0 no placar, ainda no primeiro tempo. A Seleção só descontou aos 30 minutos do segundo, e esboçou uma reação, mas o placar ficou em 2 x 1, redundando na eliminação. Poucos jogadores se salvaram na Seleção,  hoje. Fernandinho foi calamitoso, fazendo um gol contra e sendo batido por Lukaku na jogada em que a Bélgica ampliou o placar. Alisson teve uma atuação modesta, Fagner escancarou suas limitações, Paulinho e William jogaram muito mal, e Gabriel Jesus repetiu sua ineficiência das partidas anteriores. O técnico Tite, até então uma unanimidade, cometeu muitos erros, que contribuíram para o fim do sonho do sexto título mundial. As convocações de Fagner e Fernandinho foram os principais. A eliminação da Seleção foi justa, mas Tite deverá continuar no cargo, provavelmente, e terá a chance de revisar conceitos.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Contagem regressiva

O que é bom dura pouco, expressa um ditado popular. Ele se aplica, exemplarmente, à Copa do Mundo. Os dois dias sem jogos pela competição, ontem e hoje, geraram uma síndrome de abstinência nos torcedores. A Copa já começa a entrar em contagem regressiva. Depois dos jogos pelas quartas de final, amanhã é sábado, restarão as partidas pelas semifinais e as decisões do terceiro lugar e do título. São quatro longos anos de espera para um acontecimento único, que dura apenas um mês. Amanhã, no inicio das semifinais, ocorrerão dois jogos que tem tudo para serem espetaculares, Uruguai x França, Brasil x Bélgica. Será, provavelmente,  o melhor dia de jogos pela Copa em termos de qualidade. Depois de vários dias com três jogos, e um sábado que chegou a ter quatro partidas, o grande banquete da Copa se aproxima do seu final. Dentro em breve, a Copa do Mundo de 2018 será apenas uma lembrança. Aproveite, portanto, os jogos que restam, pois esse magnífico encontro de países em nome da paixão pelo futebol só voltará a acontecer daqui a quatro anos.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

O futebol como bode expiatório

Não é de hoje que setores da sociedade brasileira identificam o futebol como algo alienante, que distrai a atenção da população do que seria "verdadeiramente importante". Utilizando-se de uma linha de pensamento rasteira, imputam a atenção dada ao futebol pelos brasileiros como fator determinante para a condição caótica da saúde, educação e segurança no pais. Um mínimo de reflexão evidenciaria a estupidez dessa postura, mas ela continua a prosperar. Nas redes sociais, onde o bom senso e a ponderação não costumam se fazer presentes, as postagens com esse conteúdo aparecem com frequência, e se multiplicam em época de Copa do Mundo. Desde que a atual edição da competição começou, proliferam colocações do tipo "O Canadá não se classificou para a Copa, mas seu povo não está nem aí, pois tem saúde, educação e segurança", e "A Argentina perdeu o jogo. O Brasil perdeu o pré-sal". O que isso tem a ver com aquilo? Não há nenhuma relação de causa e efeito entre os fatos. Será que alguém acha que os excelentes indicadores sociais do Canadá estão diretamente relacionados ao desinteresse de sua população pelo futebol? Nesse caso, como explicar que a Alemanha, outro país de notáveis índices de qualidade de vida, seja uma das maiores potências do futebol e tenha o campeonato com a melhor média de público em todo o mundo? O futebol como bode expiatório das mazelas do Brasil é um recurso frequente de cretinos que se acham muito sabidos. Ao contrário do que eles sustentam, no entanto, a trajetória do Brasil no futebol, como único país a ter participado de todas as Copas do Mundo e ser o detentor isolado da condição de maior vencedor da competição, com cinco títulos, é um dos poucos motivos que ainda restam para que se tenha orgulho do país.

terça-feira, 3 de julho de 2018

Pouco futebol

O último dia de jogos pelas oitavas de final da Copa do Mundo não primou pela qualidade. Foram dois jogos muito disputados, mas tecnicamente medíocres, com pouco futebol. Ao contrário de ontem, foram jogos com escassez de gols. O primeiro jogo do dia, Suécia x Suíça, confirmou as suspeitas que existiam sobre a qualidade técnica desse enfrentamento. As duas equipes maltrataram a bola, e fizeram um jogo de muitos cuidados defensivos. Tudo parecia se encaminhar para um 0 x 0 insosso, o que só não se confirmou porque a Suécia conseguiu marcar um gol num chute despretensioso que acabou desviando num jogador adversário, tirando a chance de defesa do goleiro e determinando a sua vitória por 1 x 0.
Durante a partida, foram vários momentos de jogadas bisonhas. Candidata a ser eliminada ainda na fase de grupos, a Suécia segue surpreendendo, e avançando na competição. No segundo jogo do dia, Colômbia e Inglaterra decepcionaram os que esperavam um enfrentamento com um bom nível técnico. A partida só melhorou a partir do momento em que o placar foi aberto, em favor da Inglaterra, com um gol de pênalti, pois a Colômbia se viu obrigada a buscar o empate para não ser eliminada. O jogo cresceu em emoção, que atingiu o auge com o gol da Colômbia nos acréscimos. Veio, então, a prorrogação, e o resultado de 1 x 1 se manteve até o final, levando a decisão para a cobrança de tiros livres da marca do pênalti. Numa disputa com reviravoltas, a Inglaterra acabou vencendo. Agora, Suécia e Inglaterra irão se enfrentar pelas quartas de final. A tendência é que sobre transpiração, mas com pouca inspiração.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Dois jogos bem diferentes

A Copa do Mundo apresentou hoje dois bons jogos, mas com dinâmicas distintas. Foram dois jogos bem diferentes, ainda que, em ambos, os gols só tenham ocorrido no segundo tempo. No primeiro jogo do dia, a Seleção Brasileira viu o México exercer um domínio inicial, mas sem levar um perigo efetivo ao seu gol. O 0 x 0 frustrava o torcedor brasileiro, mas, aos cinco minutos do tempo final de partida, a Seleção abriu o placar. A partir daí, a já conhecida superioridade da Seleção sobre o México ficou mais evidente. Era claro, aos olhos de todos, que o México não teria forças para reagir,  e que a ampliação do placar em favor da Seleção era o mais provável. Foi exatamente o que aconteceu. Pela terceira vez em quatro jogos na Copa, a Seleção venceu, e, em todas elas, por 2 x 0. A vitória foi consistente, natural, de uma equipe que parece estar madura. Mesmo sem a equipe ter um desempenho espetacular, houve destaques individuais. Neymar e William foram os grandes artífices da vitória. A Seleção não chegou a jogar um futebol empolgante em nenhuma das quatro partidas que fez, mas mostra uma solidez que lhe permite almejar o título. O segundo jogo, entre Japão e Bélgica teve características bem diferentes. A partida se mostrava equilibrada, o que, por si só, já era surpreendente, já que a Bélgica era amplamente favorita. Para espanto geral, o Japão abriu o placar no inicio do segundo tempo, fez mais um gol logo a seguir, mas não conseguiu evitar a virada por 3 x 2, que teve requintes de crueldade, pois ocorreu nos acréscimos, quando o jogo já se encaminhava para a prorrogação. Agora, Seleção Brasileira e Bélgica se enfrentarão nas quartas de final. Com jogadores de qualidade em ambas as equipes, tem tudo para ser uma grande partida, de resultado imprevisível.

domingo, 1 de julho de 2018

O reverso da véspera

Dia de muito, véspera de pouco, expressa um ditado popular. A veracidade dessa assertiva foi comprovada nos jogos de hoje pelas oitavas de final da Copa do Mundo. Depois das partidas excelentes de ontem, França 4 x 3 Argentina, Uruguai 2 x 1 Portugal, hoje não se viu nada parecido. Foi o reverso da véspera. Dois jogos arrastados, que terminaram empatados pelo mesmo placar, o qual persistiu na prorrogação, levando a disputa para a cobrança de tiros livres da marca do pênalti. O primeiro jogo foi Rússia e Espanha. A Espanha saiu na frente do placar, com um gol contra, logo no início da partida, o que deu a impressão de que a classificação viria com facilidade. Porém, pouco depois, um pênalti infantil de Pique redundou no empate da Rússia. A partir daí, a Rússia, que desde o início adotou uma forte estratégia defensiva, jogou ainda mais fechada, optando claramente por levar a definição da classificação para os tiros livres da marca do pênalti. A Espanha, uma das favoritas para a conquista da Copa, não conseguiu impor sua superioridade sobre a modesta equipe da Rússia, e acabou sendo eliminada. O empate pelo escasso placar de 1 x 1 mostra bem o que foi a pobreza ofensiva do jogo. A Espanha sai da Copa do Mundo com uma campanha decepcionante de três empates  e uma vitória, por apenas 1 x 0, sobre o Irã. Uma desempenho decepcionante para quem era apontada como uma das candidatas ao título. A Rússia, mesmo tendo muitas limitações técnicas, conseguiu avançar para mais uma fase da competição, o que já é um feito para quem temia ser eliminada na fase de grupos. No segundo jogo do dia, Croácia e Dinamarca não fizeram melhor. O roteiro da partida anterior se repetiu. A Dinamarca abriu o placar logo no começo do jogo, mas o empate da Croácia não tardou a acontecer. Esse início intenso não persistiu, e o jogo acabou caindo no marasmo. No final da prorrogação, Modric desperdiçou a cobrança de um pênalti para a Croácia, o que levou a decisão para os tiros livres da marca do pênalti, onde os goleiros brilharam, e a Croácia acabou vencendo. Com esses resultados, Rússia e Croácia se enfrentarão pelas quartas de final. O jogo é imprevisível, pois a Rússia, mesmo tendo uma equipe fraca, conta com o fator local, e a Croácia não mostrou hoje o mesmo futebol consistente da fase de grupos.