sábado, 26 de dezembro de 2015

Críticas pertinentes

O texto divulgado ontem pelo presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, José Aquino Flores de Camargo, com duras críticas ao governo do Estado, expressa uma triste realidade. São críticas pertinentes. Camargo condenou a articulação do governo para adiar a votação na Assembleia Legislativa de projetos de reajustes de servidores, de outros referentes à redefinição do vale-alimentação e a instituição da data base. A nota tem por título "Mensagem do presidente: o Judiciário e os projetos legislativos". Entre vários fatos analisados, Camargo critica a convocação extraordinária da Assembleia no apagar das luzes do ano legislativo, sem diálogo, incluindo na pauta várias dezenas de projetos, muitos deles polêmicos. O presidente do Tribunal de Justiça fez menção direta à proposta de criação da Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual, que atingirá todos os poderes, vinculando a concessão de reajuste real a 25% da receita excedente. Para Camargo, a convocação extraordinária é "um perigoso caminho, porque viola regras da vida democrática, abreviando o processo legislativo e tangenciando o necessário debate público". A nota também destaca a desorganização de um Estado sem projeto de crescimento econômico e social, e que, de forma subjacente, insiste na política de desvalorizar seu manancial humano, justamente o maior patrimônio dos gaúchos. As palavras de Camargo foram duras, e extremamente fiéis à verdade dos fatos. O Rio Grande do Sul, por culpa da irreflexão da maioria do eleitorado, está entregue a um governo caótico e demofóbico. Vindas do chefe de um dos poderes do Estado, as críticas ganham mais relevância. Elas não podem cair no vazio. Devem servir para que haja uma mobilização que vise alterar essa rota administrativa tão prejudicial aos interesses da população.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Um Natal mais tranquilo

Pode ser apenas uma impressão, mas o Natal de 2015 me pareceu mais tranquilo. A crise econômica, e a consequente escassez de dinheiro, favoreceram um Natal mais intimista, menos voltado para o consumismo. Mesmo não sendo religioso, percebo o Natal como uma grande festa da família, um momento de aconchego junto às pessoas mais amadas. Nesse sentido, o Natal de 2015 teve uma atmosfera menos estressante. O Natal não é uma festa esfuziante, como o Revéillon. Por suas raízes religiosas e seu apelo familiar, é uma celebração que pede recolhimento. Pode ser um fato isolado, em função da já referida crise econômica, mas seria bom se, daqui por diante, o Natal deixasse de ser uma maratona em busca de presentes,  e retornasse ao tempo em que era, essencialmente, um encontro afetuoso entre pessoas que se querem bem. Uma reunião de paz, e não ruidosa. Um momento de olhar para dentro de si, sem grandes exteriorizações.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Nova derrota

Os ventos não andam soprando favoravelmente ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A um passo da cassação, ele segue tentando levar adiante o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.  Cunha solicitou um encontro com o presidente do Supremo Tribunal FederaL, Ricardo Lewandowski, para dirimir dúvidas sobre o rito do impeachment, a partir das decisões tomadas a respeito pela corte na semana passada. Na reunião, testemunhada por jornalistas, ao contrário do que desejava Cunha, Lewandowski foi categórico ao dizer que as decisões do STF sobre o assunto não deixaram margens para dúvidas. Sempre insistente, Cunha pretende entrar com embargos às determinações do STF mesmo antes da publicação do acórdão, o que só deverá ocorrer na segunda quinzena de fevereiro. Golpista nato, e megalômano, Cunha pretende morrer atirando. Mesmo com essa nova derrota, não desiste de seus planos maquiavélicos. Porém, o momento de Cunha fazer e acontecer já ficou para trás. O impeachment está cada vez mais improvável, e Cunha, ainda que esperneie, acabará cassado. Depois de um ano difícil na política, finalmente se tem boas notícias nessa área.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Muito azar no sorteio

A Libertadores de 2016 não começou bem para o Grêmio. Ontem, a partir de um ranking com critérios esdrúxulos, não foi concedida ao Grêmio a condição de cabeça de chave para o sorteio dos grupos da competição. Hoje, o Grêmio teve muito azar no sorteio. Coube-lhe o grupo mais difícil, com San Lorenzo, LDU e Toluca (MÉX). San Lorenzo e LDU já foram campeões da Libertadores, e o Toluca representa a necessidade de fazer uma viagem longa. Enfim, antes mesmo da bola rolar, o Grêmio se vê cercado de adversidades, o que é histórico na trajetória de 112 anos do clube. Some-se a isso o fato de que o Grêmio não está conseguindo, até agora, fazer as contratações necessárias para reforçar o seu time, e as perspectivas do clube para o próximo ano já não parecem animadoras. Em suas últimas participações na Libertadores, o Grêmio não tem ido adiante das oitavas de final. Dessa vez, corre um grande risco de não passar da fase de grupos.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Os mensalões

Na semana passada, a juíza Melissa Pinheiro Costa Lage determinou a condenação do ex-governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo, a 20 anos de prisão em regime fechado por seu envolvimento em um esquema de desvio de dinheiro público para financiar sua campanha á reeleição em 1998, mal sucedida, por sinal. O esquema ficou conhecido como "mensalão tucano", dado que Azeredo é filiado ao PSDB, sendo, também, ex-presidente nacional do partido, que tem essa ave como símbolo. Em sua "Carta ao Leitor" da edição dessa semana, a revista "Veja" tenta justificar porque dedicou apenas uma página para abordar o assunto, depois de ter feito uma cobertura massiva do chamado "mensalão do PT". Conforme a revista, é uma questão de "senso de proporção". Para "Veja", o único dado relevante que há em comum entre os dois "mensalões" é a presença, no núcleo da engrenagem de ambos, do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza. Porém, em termos de volume de recursos desviados, alega a revista, a diferença é enorme. Ele seria de 170 milhões de reais no "mensalão petista", e de 3,5 milhões no tucano. Afora isso, "Veja" destaca que 25 dos 38 réus do "mensalão petista" foram condenados de forma definitiva, enquanto Azeredo poderá recorrer da sentença em liberdade. Desculpa esfarrapada. "Se "Veja" dá tratamento desigual aos dois fatos, é por uma questão meramente ideológica, pois a revista faz franca oposição ao PT e simpatiza com o PSDB. O argumento do volume de recursos desviados é patético. A ética não se mensura em cifras. O "mensalão tucano" não é menos grave que o petista por ter movimentado quantias menores de dinheiro, apenas beneficiou-se de uma incrível morosidade da Justiça para julgá-lo. Uma morosidade que acabará por beneficiar Azeredo, já que ele completará 70 anos em 2018, e dessa forma os prazos para a prescrição dos crimes pelos quais foi condenado se reduzirão pela metade. Por mais que "Veja" queira sustentar o contrário, tanto a revista como a Justiça usaram pesos diferentes para tratar casos criminalmente análogos. Essa é a verdade que nenhum exercício retórico poderá encobrir.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Disputa desigual

A decisão do Campeonato Mundial de Clubes, hoje, em Yokohama, no Japão, confirmou o que já se esperava. A goleada de 3 x 0 do Barcelona sobre o River Plate foi uma disputa desigual. O River Plate teve a bravura e atitude típicas dos argentinos, e sua torcida nunca parou de incentivá-lo e de cantar. Porém, tecnicamente, a diferença entre os dois times é muito grande. Para piorar a situação do River Plate, Messi e Neymar, que não participaram do primeiro jogo do Barcelona, por problemas clínicos, hoje entraram em campo. O primeiro gol do Barcelona até que custou a sair, foi aos 36 minutos de jogo. No entanto, logo no início do segundo tempo, o Barcelona ampliou o placar, beneficiado por uma postura mais agressiva do River Plate, em busca do empate, que lhe concedeu espaços generosos. A partir daí, o Barcelona empilhou chances de gol, e ainda marcou mais um. Foi uma vitória tranquila, como não poderia deixar de ser, dada a superioridade do Barcelona sobre qualquer time sul-americano, atualmente. Os europeus ganharam as três últimas edições da competição, e nada sugere que isso possa se alterar nos próximos anos. Sem conseguir segurar seus principais jogadores, a América do Sul tornou-se uma exportadora de talentos, e uma espectadora da festa alheia.

sábado, 19 de dezembro de 2015

A força de Lula

Uma pesquisa do Instituto Datafolha sobre as intenções de voto para as eleições presidenciais de 2018 revela a expressividade que o nome do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva ainda possui no eleitorado.. Nos dois principais cenários sugeridos, Lula ficou em segundo lugar em ambos. No primeiro cenário, com Aécio Neves como candidato do PSDB, Lula tem 20% das intenções de voto. Nessa simulação, Aécio tem 26%, e Marina Silva, 19%. No segundo cenário, com Geraldo Alckmin concorrendo pelo PSDB, Lula tem 21% das intenções de voto. Nessa hipótese, Marina lidera com 24%, e Alckmin tem 14%. Embora não seja o primeiro colocado em nenhum dos cenários, Lula iria para o segundo turno em ambos. Esse é um dado notável, em se tratando de um nome que vem sendo vilipendiado impiedosamente pela imprensa conservadora. Por mais que os veículos de comunicação se esforcem para convencer a totalidade da opinião pública de que Lula é um corrupto que deve ir para a cadeia, seu apelo eleitoral permanece. O empenho de muitos pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff tem como motivação maior o temor de ter que encarar Lula nas eleições de 2018. Numa transição normal de governo, com Dilma cumprindo integralmente o seu mandato, as chances de vitória de Lula são muito significativas. Esse é a perspectiva que tira o sono da oposição e da grande imprensa. A diferença em favor de Aécio no primeiro cenário é pouco significativa e pode ser revertida. No segundo cenário, Alckmin sequer chegaria ao segundo turno, que seria disputado entre Marina e Lula. Como se pode perceber pela pesquisa, a força de Lula junto aos eleitores continua considerável. Para a inquietação de seus detratores.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

A queda de Levy

A saída de Joaquim Levy do cargo de ministro da Fazenda, hoje anunciada, era uma questão de tempo. Na verdade, a pergunta em relação a Levy não deve ser a de porque ele saiu, mas quais as razões de ter entrado. Levy sempre foi um corpo estranho no governo. Sua visão da economia em nada se coaduna com a do PT, partido da presidente Dilma Rousseff. Desde o início, sua indicação para o cargo causou profundo desconforto nas hostes governistas, ao mesmo tempo em que era visto pelos mais conservadores como um nome que despertaria confiança nos investidores e no "mercado". Se o governo fosse liderado pelo PSDB, a nomeação de Levy para ministro da Fazenda seria muito natural. Numa administração encabeçada pelo PT, sua presença no cargo era, no mínimo, um exotismo. A comprovação dessa situação insólita se deu logo após o anúncio de sua queda. Diversos nomes da oposição, principalmente do PSDB, criticaram duramente a saída de Levy, e fizeram previsões catastrofistas para o futuro, enquanto lideranças do PT saudaram o fato e revelaram uma expectativa de recuperação da economia do país com o novo ocupante do cargo, Nélson Barbosa. A situação econômica do Brasil é delicada, mas não há porque imaginar que a queda de Levy vá agravá-la. Afinal, em quase um ano como ministro, o receituário aplicado por Levy em nada colaborou para a recuperação econômica do país. Como é sabido, os "remédios amargos" preconizados pelo neoliberalismo, corrente a qual Levy pertence, geram recessão e desemprego. Em vez de recuperarem o paciente, tais remédios o encaminham para a morte. Embora o mau humor da imprensa conservadora e da oposição possam levar alguém a pensar o contrário, não há razões para lamentar a saída de Levy. Ela deve gerar alívio, não inquietação.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A reviravolta no STF

Desde que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), concedeu a admissibilidade de abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o país vive fortes emoções no campo político. Até agora, as ações pró-impeachment pareciam em grande vantagem sobre os que são contra o golpe. Essa impressão foi reforçada ontem, no Supremo Tribunal Federal, quando o relator do rito do processo de impeachment, ministro Luiz Fachin, acolheu as principais medidas tomadas na Câmara dos Deputados para a instauração do mesmo, todas elas francamente desfavoráveis ao governo. Hoje, no entanto, houve a reviravolta no STF. Submetido ao plenário, o relatório de Fachin foi derrotado em suas proposições. O plenário rejeitou a formação de uma comissão alternativa, estabelecendo que ela deve ter sua constituição determinada pelas lideranças partidárias. O voto secreto dentro da comissão também foi vetado. Ele terá de ser aberto. A ideia de que, a partir da instauração do processo de impeachment na Câmara o Senado seria obrigado a julgá-lo, também foi rejeitada. Dessa forma, o Senado poderá, até mesmo, arquivar o processo, se assim entender que deva ser feito. As decisões de hoje no STF, na prática, fazem com que o processo de impeachment volte à estaca zero. Com isso, a hipótese de suspensão do recesso parlamentar para que ele fosse julgado foi praticamente afastada. A questão deverá ser retomada, apenas, em fevereiro. Até lá, o governo ganha tempo para se articular e buscar o número de votos necessário para barrar o impeachment. Nada está definido, e a situação do governo ainda é bastante problemática, mas é inegável que as decisões de hoje no STF deram um novo fôlego para os que defendem a continuidade democrática e rejeitam o golpe.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Um modelo a ser revisto

A partir de 2005, após uma primeira experiência frustrante em 2000, a Fifa tomou para si, de modo definitivo, a organização do Campeonato Mundial de Clubes. Anteriormente, de 1960 a 1979, a disputa do título mundial se dava entre os campeões da Libertadores e da Copa dos Campeões da Europa (atual Champions League) em dois jogos, na casa de cada um. A partir de 1980, a disputa passou a ser feita em jogo único, tendo o Japão como sede fixa. A Fifa, ao assumir a organização da competição, resolveu que, por ser mundial, ela precisava ter os campeões de cada continente, e, também, o do país sede, pois esse deixou de ser o Japão de modo permanente. O país asiático voltou a sediar edições do Mundial, inclusive nesse ano, mas ele também já foi realizado no Brasil, nos Emirados Arábes Unidos, e no Marrocos. Porém, esse é um modelo a ser revisto. Com mais jogos, os estádios tem tido pouco público. Afinal, o Auckland City, da Nova Zelândia, Mazembe, do Congo, Al Ahli, do Egito, e América, do México, alguns dos clubes que já participaram da disputa, estão longe de serem atrações de bilheteria. A inclusão do clube campeão do país sede não se justifica do ponto de vista técnico, é uma tentativa demagógica de atrair o público local. Uma competição que vise apontar o campeão mundial de clubes não pode mostrar imagens de estádios com baixa ocupação. Por ser de abrangência mundial, tem mesmo de contar com campeões de todos os continentes. No entanto, é preciso pensar numa solução para que o público prestigie a totalidade dos jogos, não só aqueles mais decisivos ou que contem com a presença do campeão europeu. Uma alternativa talvez fosse fazer as fases preliminares em dois jogos, um na casa de cada clube, reservando-se a sede fixa apenas a partir das semifinais, quando os campeões da Libertadores e da Champions League ingressam na competição. Seja como for, o modelo atual precisa ser modificado, pois deslustra um campeonato cujo título deveria, por óbvio, ser considerado o de maior magnitude no mundo em se tratando de confrontos entre clubes.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Reforços modestos

O Inter apresentou hoje suas duas primeiras contratações para 2016, os volantes Fernando Bob e Fabinho. Os nomes não causaram impacto positivo junto ao torcedor, pois são, inegavelmente, reforços modestos Fernando Bob, de 28 anos, veio da Ponte Preta. Fabinho, de 29 anos, estava no Figueirense. São dois jogadores de currículo pouco expressivo e, pela idade, não se encaixam mais na condição de promessas. O melhor momento da carreira de Fernando Bob, até aqui, foi no Fluminense, onde participou do vice-campeonato da Libertadores em 2008, enquanto Fabinho nunca jogou por um grande clube. Esse tipo de contratação não é, no entanto, exclusividade do Inter. Os grandes clubes brasileiros, em geral, estão contratando pouco, e nenhum dos nomes anunciados é de grande expressão. O Palmeiras trouxe, até agora, três novos jogadores, o goleiro Vágner, do Avaí, o zagueiro Róger Carvalho, do Botafogo, e o volante Rodrigo, do Goiás, todos de pouco ou nenhum renome. O Flamengo fez duas contratações de nível médio, o lateral direito Rodinei, da Ponte Preta, e o volante William Arão, do Botafogo. Os demais grandes clubes sequer apresentaram reforços até o momento, ainda estão apenas na fase das especulações. Esse quadro reflete a escassez de recursos financeiros vivida pelos maiores clubes brasileiros. Para piorar a situação, alguns dos principais jogadores do país poderão tomar o rumo do exterior, em breve, como é o caso do goleiro Alisson, do Inter, que interessa a dois clubes italianos, Juventus e Roma, e do meia Jádson, do Corinthians, que poderá ir para o Tianjin Songjiang,  da segunda divisão da China, onde já está o técnico Vanderlei Luxemburgo. Acostumado, em outros tempos, a ver um desfile de craques pelos campos do país, resta, hoje, para o torcedor dos grandes clubes brasileiros, a opção de assisti-los pela televisão, jogando no exterior. Por aqui, ficam as jovens promessas, que vão embora assim que se afirmam, e os jogadores medianos, que não empolgam ninguém. Pelo visto até aqui, o torcedor brasileiro não terá nenhum motivo para entusiasmo em 2016.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

O novo eldorado do futebol

Não se passa um dia sem que os noticiários esportivos anunciem que o futebol chinês está interessado em técnicos e jogadores do futebol brasileiro. Entre os técnicos, Cuca já esteve na China, Felipão está por lá, Vanderlei Luxemburgo e Mano Menezes acabam de ser contratados. Muitos jogadores brasileiros já seguiram para a China, e outros tantos deverão ir em breve. Como se vê, a China, de uma hora para outra, tornou-se o novo eldorado do futebol. O futebol brasileiro, que já sofria com o assédio de clubes da Europa e de países árabes, agora tem mais um centro a lhe sugar a mão de obra dos gramados. Tecnicamente, o futebol chinês ainda é inexpressivo no contexto mundial. No entanto, técnicos e jogadores, ávidos por engordarem suas contas bancárias, não levam esse aspecto em consideração. Seria natural que técnicos como Felipão e Luxemburgo, em baixa na carreira, aceitassem de bom grado a chance de forrar os bolsos na China, mas até mesmo um treinador que está longe da aposentadoria, e que, portanto, teria metas esportivas a serem alcançadas, como Mano Menezes, não pensou duas vezes e abandonou um trabalho que iniciava com êxito no Cruzeiro para tornar-se um milionário por lá. Entre os jogadores que foram para a China, muitos ainda estão no ápice de sua forma física e técnica, como Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart, por exemplo, mas não hesitaram em ir para um país ainda irrelevante no contexto do futebol, seduzidos pelos altos salários. O futebol virou um grande negócio que se expande por todos os cantos, até mesmo em países onde antes tinha pouca expressão. Bom para os profissionais do futebol, do ponto de vista financeiro. Muito ruim para o torcedor brasileiro, especificamente, que vê, a cada dia, surgirem mais países e clubes para carregar os bons jogadores para longe dos estádios locais. O futebol brasileiro, tristemente, já perde seus talentos até mesmo para quem não tem tradição no esporte das multidões.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Fiasco

Um fiasco. Não há outra definição para as manifestações realizadas hoje, em várias cidades do país, favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. As imagens de televisão não deixaram dúvidas. Em todas as localidades onde ocorreram manifestações, a adesão popular foi baixíssima. Aliás, a cada novo dia de concentrações pró-impeachment, o número de participantes diminui significativamente. Afinal, elas não traduzem um anseio popular autêntico. São fruto de uma ação golpista de grupos bem determinados, de orientação demofóbica. Por sinal, a data de hoje não poderia ser mais exemplificativa das aspirações de tais grupos, pois foi num 13 de dezembro que o país passou por um de seus momentos mais traumáticos, com a edição, por parte da ditadura militar, do Ato Institucional nº 5, que jogou o Brasil nas trevas do autoritarismo e da suspensão dos direitos civis mais basilares. O movimento pró-impeachment não tem sustentação popular, é uma iniciativa de elites fracassadas e ressentidas, incapazes de acatar resultados eleitorais desfavoráveis. Assim, um dos argumentos que se costumam usar para justificar ações de deposição de um governante, o da vontade popular, caiu por terra para os que pretendem a queda de Dilma Rousseff. O povo não é tão incauto como muitos julgam. Nem o imenso esforço de manipulação da opinião pública por parte de veículos de comunicação da grande imprensa foi capaz de inflar as manifestações em favor do impeachment. Se quiserem levar adiante a espúria tentativa de golpe contra uma presidente legitimamente eleita, os promotores dessa canalhice não poderão contar com a voz das ruas. O que se tenta tramar é um abjeto golpe palaciano, sem eco no coração do povo. A maioria dos brasileiros já assimilou que a democracia é inegociável. Golpe, nunca mais.

sábado, 12 de dezembro de 2015

O centenário de Frank Sinatra

A comemoração do centenário de pessoas ou instituições é algo que se reveste de grande expressividade. Se as datas "redondas" em geral são muito festejadas, um centenário é especialmente relevante. Afinal, um século é um período largo de tempo. A data de hoje marca a passagem dos cem anos de nascimento de Frank Sinatra, um dos maiores cantores de todos os tempos. Sinatra, que faleceu em 1998, aos 83 anos, é um daqueles poucos e brilhantes artistas cuja obra resiste a ação do tempo. Sinatra não compunha, mas era um intérprete notável, que gravou vários standards da música internacional, como "My Way", "Strangers in the Night", "Fly me to the Moon", "Let me Try Again", "New York, New York". Em 1980, levou mais de 100 mil pessoas ao Maracanã, no Rio de Janeiro. Sua ligação com o Brasil, no entanto, não se limita a essa oportunidade. Nos anos 60, gravou um disco em conjunto com Tom Jobim, de grande qualidade, intitulado "Francis Albert Sinatra and Antônio Carlos Jobim". Chamado de "a voz", Sinatra tinha um estilo muito próprio e marcante de cantar. Sua interpretação de "Something", o clássico de George Harrison, é um exemplo disso. Personalíssima, ela difere muito da gravação original, dos Beatles, mas, mesmo assim, é encantadora. Ouvir Sinatra é um sempre um prazer. Numa época em que a música tornou-se algo performático e de pouco conteúdo, Sinatra, a cada vez que o ouvimos, nos recorda que, para que nos deleitemos com uma audição, o essencial é uma composição de qualidade interpretada por uma bela e afinada voz. O centenário de Frank Sinatra merece ser efusivamente celebrado.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Avaliação desastrosa

Se restava ainda, para qualquer pessoa, algum resquício de dúvida do quanto o governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB) é inepto e incompetente, uma pesquisa publicada hoje pelo jornal "Correio do Povo" mostra que essa é uma verdade inequívoca. A avaliação do governo em si, e de suas principais áreas de atuação, é, simplesmente, desastrosa. Em apenas oito meses, de abril a dezembro, Sartori saiu de uma aprovação de 54,4%, para uma desaprovação de 60,6%. O índice dos que consideram que o governo de Sartori está pior do que era esperado saltou, no mesmo período, de 29,1% para 43,3%. A desaprovação da atuação do governo nas principais áreas da administração é enorme. A educação teve 66,7% de desaprovação. A ação social e o apoio aos carentes, 64,5%. O equilíbrio das contas, 69,4%. A saúde pública, 77, 4%.. A segurança pública, 81,5%! Afora isso, 85,3% das pessoas pesquisadas discordam do aumento do ICMS. Há discordância, também, quanto ao corte de horas extras e outros gastos com o funcionalismo (69, 6%), redução do pagamento de dívidas (51,1%); e venda e privatização de empresas estatais de grande porte (61,9%). Diante de tais números, relativos a um governador que não completou sequer um ano do seu mandato, fica claro que o eleitorado gaúcho se deixou ludibriar pela lavagem cerebral da imprensa conservadora, e por um marketing de campanha que transformou Sartori num sujeito bonachão que ele nunca foi. Por certo, grande parte dos eleitores de Sartori já deve estar profundamente arrependida de seu voto. Agora é tarde. Terão de aturá-lo por mais três anos e alguns dias. Votar de maneira irrefletida tem um custo muito alto.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Conservadorismo

Uma pesquisa publicada pelo jornal "Correio do Povo" revela que se a eleição presidencial fosse hoje, o PSDB venceria no Rio Grande do Sul nos dois cenários propostos, num tendo Aécio Neves como candidato, noutro com Geraldo Alckmin. O conservadorismo tem sido uma marca do eleitor gaúcho ao longo do tempo. O PT chegou duas vezes ao poder no Estado, com Olívio Dutra, em 1998, e Tarso Genro, em 2010. Olívio venceu Antônio Britto (PMDB), que buscava a reeleição, por apenas 80 mil votos de diferença. Tarso teve uma vitória consagradora, vencendo no primeiro turno, mas, quatro anos depois, não conseguiu se reeleger. Se em Porto Alegre e municípios maiores há uma tendência progressista mais evidente, nas pequenas localidades interioranas, o ranço conservador ainda é muito forte. Uma prova disso é que o PP, atual nome da antiga Arena, partido de sustentação do regime militar, que é pouco expressivo no restante do país, ainda possui grande peso político no Estado. Mesmo que seja uma pesquisa sobre uma eleição que está muito distante, a preferência por candidatos como Aécio e Alckmin é absolutamente lamentável, pois revela que os gaúchos ainda não aprenderam a lição, após terem cometido o desatino de elegerem José Ivo Sartori (PMDB) para governador. Por mais frustrações que possam ter tido, eventualmente, com governos de face progressista, os gaúchos precisam aprender, de uma vez por todas, que partidos e políticos de direita nunca são solução para nada. Pelo contrário. Tentar resolver qualquer tipo de crise recorrendo aos adeptos da demofobia é como buscar apagar um incêndio jogando gasolina sobre o fogo. Tomara que essa preferência verificada na pesquisa se modifique ao longo do tempo, já que a próxima eleição presidencial só acontecerá em 2018. O Rio Grande do Sul não merece se tornar um bastião da boçalidade no país.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

O vai e vem do impeachment

A admissão da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff serviu para escancarar ainda mais o nível de deterioração da classe política brasileira. A atitude foi tomada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), movido apenas pelo desejo de retaliação, ao saber que três parlamentares do PT votariam contra ele na Comissão de Ética, onde enfrenta um processo. Agora, sucedem-se as manobras para acelerar ou protelar o andamento da ação de impeachment. A oposição queria, inicialmente, a suspensão do recesso parlamentar, para votar a questão o quanto antes. Como o governo manifestou que também gostaria de ver tudo resolvido já, os opositores começaram a rever sua postura, imaginando que uma votação após o recesso potencializaria a crise que o país atravessa, gerando insatisfação popular e facilitando a aprovação do impeachment. Em todo esse vai e vem do impeachment por parte das forças golpistas, fica evidenciada a total ausência de compromisso com o interesse público. A oposição está numa busca encarniçada pelo poder, tentando obter, de modo espúrio, o que as urnas, única maneira legítima de conquista do mando político, lhes negaram. Sigo com a convicção de que o impeachment não irá ocorrer, e, por isso mesmo, entendo que o país poderia ser poupado desse triste espetáculo de politicagem, enquanto há tantos assuntos relevantes que deveriam ocupar o tempo dos parlamentares na defesa dos interesses dos seus eleitores.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

35 anos sem John Lennon

Na data de hoje completam-se 35 anos do assassinato de John Lennon. Uma morte estúpida, causada por um desequilibrado que, como deve ser, está até hoje na cadeia. Lennon é um dos maiores nomes da história da música. Foi o fundador do maior grupo musical de todos os tempos, os Beatles. Criou, em parceria com Paul McCartney ou em composições solo, clássicos atemporais. Sua morte ocorreu quando retomava sua carreira, lançando um novo disco, depois de uma pausa de cinco anos, em que esteve voltado para a vida doméstica. Morreu com apenas 40 anos, e teria, portanto, um longo tempo pela frente para dar continuidade a uma trajetória brilhante. A força de sua música não se perde com o tempo. Assim como os discos dos Beatles, toda a sua obra solo permanece em catálogo, o que também ocorre com seus ex-companheiros de grupo, demonstrando que, em conjunto ou isoladamente, os quatro fabulosos de Liverpool são inigualáveis. Afora os seus antigos fãs, os mais jovens também se encantam com as músicas de Lennon, quando conhecem sua obra. Composições como "Imagine", "Jealous Guy", "Mother", "Working Class Hero", "(Just Like) Starting Over", entre muitas outras grandes criações. São 35 anos sem John Lennon, mas sua música faz com que ele atravesse o tempo, e continue a ser lembrado. Para sempre.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

A seleção da Bola de Prata

A "Bola de Prata", da revista "Placar", é a mais prestigiosa premiação do futebol brasileiro. Sua primeira edição ocorreu na Taça de Prata de 1970, a última competição nacional que precedeu o Campeonato Brasileiro, disputado pela primeira vez em 1971. Hoje, dia seguinte ao encerramento do Brasileirão de 2015, foram entregues os prêmios aos melhores jogadores da competição. A seleção da "Bola de Prata", dessa vez, ficou resumida a jogadores dos três primeiros colocados da disputa, Corinthians, Atlético Mineiro e Grêmio. A grande surpresa foi o Grêmio, terceiro colocado, que teve o mesmo número de jogadores que o campeão Corinthians, quatro, e um a mais que o vice-campeão, o Atlético Mineiro. No geral, a escolha foi justa. Marcelo Grohe, do Grêmio foi o goleiro premiado, e teve méritos, mas outros jogadores da posição também se destacaram e poderiam ter sido escolhidos, como Alisson, do Inter, por exemplo. Galhardo, também do Grêmio, foi o lateral direito vencedor. Particularmente, considero esse o grande erro da seleção final. Marcos Rocha, do Atlético Mineiro, é melhor jogador e fez um campeonato mais qualificado. Outro jogador do Grêmio, Geromel, foi um dos zagueiros premiados. Escolha justíssima. Geromel teve um desempenho exuberante ao longo da campanha do Grêmio. Gil, do Corinthians, o outro zagueiro escolhido, também foi merecedor do prêmio. O melhor lateral-esquerdo foi Douglas Santos, do Atlético Mineiro, jovem afirmação numa posição que anda carente de talentos. Os volantes Rafael Carioca, do Atlético Mineiro, e Elias, do Corinthians, foram, inegavelmente, os melhores em suas posições. Os dois meias premiados, Jádson e Renato Augusto, ambos do Corinthians, reuniram muitos méritos, mas Lucas Lima, do Santos, também poderia figurar na seleção final. No ataque, os  escolhidos foram Luan, do Grêmio, e Lucas Pratto, do Atlético Mineiro. Entendo que Ricardo Oliveira, que ganhou a "Bola de Prata" de artilheiro do campeonato e a "Chuteira de Ouro", de maior goleador do ano no país, teve um desempenho melhor que o de Lucas Pratto. A "Bola de Ouro" de melhor jogador da competição foi para Renato Augusto, uma escolha justa. O jogador revelação foi Gabriel, do Santos, que teve seus méritos, embora vários outros jovens talentos tenham se destacado e pudessem ficar com o prêmio. Na média, a seleção final da "Bola de Prata" foi uma escolha criteriosa, que refletiu o que se viu em campo.

domingo, 6 de dezembro de 2015

Vitória sem a recompensa esperada

O Inter venceu o Cruzeiro por 2 x 0, hoje, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro. Foi um dever cumprido, mas uma vitória sem a recompensa esperada. Para se classificar para a Libertadores, não bastava ao Inter derrotar o Cruzeiro, era preciso que o São Paulo perdesse para o Goiás, no Serra Dourada, o que não aconteceu. O jogo do São Paulo permanecia empatado sem gols até o final, o que mantinha a esperança dos torcedores do Inter de que o Goiás pudesse obter a vitória. Porém, já nos acréscimos, o São Paulo fez o gol que garantiu, definitivamente, a sua ida para a Libertadores. Uma grande frustração para a torcida do Inter e, principalmente, para o seu megalômano e boquirroto presidente, Vitório Píffero. Mesmo com uma das folhas de pagamento mais altas do futebol brasileiro, o Inter conseguiu, em 2015, apenas o título do Campeonato Gaúcho. Píffero, que sonhava em conquistar a Libertadores e o Mundial ainda nesse ano, vai ter de se reeleger para fazer uma nova tentativa. Afinal, em 2016, o Inter não estará na Libertadores, e ele encerrará seu mandato. Para piorar a situação do presidente do Inter, o Grêmio, a quem ele não se cansa de alfinetar, estará na principal competição da América do Sul no ano que vem. Os associados do Inter o elegeram por larga margem de votos, sonhando com a volta aos "bons tempos", de conquistas maiores que o Gauchão. Por enquanto, só colheram frustrações.

Despedida digna

O Grêmio venceu o Joinville por 2 x 0, hoje, na Arena Joinville, pelo Campeonato Brasileiro. O que poderia ser uma vitória que levasse ao vice-campeonato, acabou se tornando, apenas, uma despedida digna. Afinal, para atingir seu objetivo, o Grêmio precisava que o Atlético Mineiro não ganhasse da Chapecoense, no Mineirão, mas ele goleou por 3 x 0. A vitória do Grêmio começou a se desenhar cedo, com um gol de Marcelo Oliveira. No segundo tempo, no momento de maior pressão do Joinville em busca do empate, o Grêmio foi ajudado por uma poça d'água que permitiu que a bola se oferecesse para Bobô conduzi-la para o gol vazio e decretar o resultado final. Valeu o esforço do Grêmio, nos dois últimos jogos, em busca do vice-campeonato e de R$ 2 milhões a mais de premiação. Porém, os muitos pontos desperdiçados durante o Brasileirão cobraram o seu preço, e mesmo o Grêmio tendo ganho os dois jogos contra o Atlético Mineiro acabou com um ponto a menos na tabela. Pela enésima vez, o Grêmio não se candidatou ao título da principal competição do futebol brasileiro por perder pontos preciosos contra adversários de menor nível. Resta esperar que, um dia, acabe aprendendo a lição.

sábado, 5 de dezembro de 2015

Marília Pêra

O Brasil perdeu hoje uma das suas maiores atrizes, Marília Pêra. Era uma atriz completa, e, por isso, brilhou com igual intensidade na televisão, no cinema e no teatro. Afora interpretar, sabia cantar e dançar, o que lhe permitiu estrelar musicais de grande sucesso no teatro. Muito versátil, Marília era capaz de brilhar tanto no drama quanto na comédia. Muitas de sua personagens em novelas tinham uma acentuada veia cômica, como em "O Cafona", "Brega e Chique" e "Cobras e Lagartos", por exemplo, mas em minisséries como "JK", "O Primo Basílio" e "Os Maias" destacou-se em papéis mais densos. No cinema, teve atuações marcantes em filmes como "Pixote, a Lei do Mais Fraco", "Bar Esperança, o Último que Fecha", e "Central do Brasil". Marília ainda pode ser vista no seriado "Pé na Cova", que a Rede Globo exibe às terças-feiras, e cuja atual temporada já estava inteiramente gravada antes do primeiro episódio ir ao ar. Miguel Falabella, seu grande amigo, e autor de "Pé na Cova", disse que, nos últimos episódios da temporada, Marília já gravava sentada, devido às dores causadas pela doença, mas que jamais falava no assunto. Ele ressaltou que viu as grandes atrizes do mundo atuarem, e que Marília era uma delas. Não se pode sequer quantificar o tempo de carreira de Marília, pois ele se confunde com o da sua própria vida. Afinal, ela começou ainda criança e continuou em atividade até poucos meses antes de falecer. O país não perdeu apenas uma grande atriz. Marília Pêra era um ícone da arte de representar.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O partido que faz mal ao Brasil

O PMDB está na raiz dos males que assolam o país, é o partido que faz mal ao Brasil. Suas diversas alas estão voltadas para interesses pessoais e de poder, ignorando os valores mais altos que devem nortear a ação política. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, por vingança pessoal, deflagrou a abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. O Secretário Nacional da Aviação Civil, Eliseu Padilha, raposa felpudíssima da política nacional, e homem de confiança do vice-presidente Michel Temer, pediu demissão do cargo. Ambos são do PMDB. Cunha, atolado em casos de corrupção, acolheu a abertura do processo de impeachment como revanche, pois tomou conhecimento que os três deputados do PT que compõem a Comissão de Ética votariam contra ele no processo a que está sendo submetido. Padilha resolveu sair do governo por, provavelmente, vislumbrar a hipótese da queda de Dilma e da ascensão de Temer ao poder. Essas atitudes são a cara do PMDB, um partido que, desde a volta do pluripartidarismo, perdeu qualquer viés ideológico e se tornou um ajuntamento de políticos em busca de cargos e vantagens. A situação do PMDB é tão singular que, embora seja o partido com maior representação parlamentar, há muito tempo abriu mão de lançar candidato próprio para presidente. Tornou-se um partido que vende o seu apoio a quem estiver no poder, garantindo a "governabilidade" em troca de cargos nos diversões escalões da administração. O PT está pagando, agora, o preço de ter mantido uma aliança com um partido tão espúrio. Seu "aliado" o está apunhalando. Porém, o golpe não será perpetrado. A democracia brasileira é mais forte que os seus detratores.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

A aventura do impeachment

O Brasil mergulhou, ontem, na aventura do impeachment. Movido por um sentimento de vingança, já que os três integrantes do PT no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados decidiram votar a favor do andamento do processo contra ele, o presidente da casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) encaminhou a abertura de uma ação de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. A abertura do processo de impeachment, em si, não é garantia de que Dilma vá ser deposta do cargo. Na verdade, é um gesto desesperado de Cunha, cujo futuro político já está selado. Cedo ou tarde, Cunha terá seu mandato cassado. A oposição, é claro, se mostrou animada com a possibilidade de derrubar Dilma. Porém, essa não é uma boa alternativa. Os detratores de Dilma não tem nenhum plano mágico para resolver os problemas do país da noite para o dia. Sua motivação é meramente golpista, tentando obter o poder na marra, depois de não consegui-lo nas urnas, que é a única forma legítima de alcança-lo. Num país com uma classe política tão desclassificada como a é a brasileira, tudo pode acontecer, inclusive o pior, mas o impeachment não deverá se confirmar. Se a ação tresloucada de Cunha ganhar corpo, não será com um desenrolar passivo diante das forças democráticas e dos setores populares. Haverá forte resistência, e o país poderá enfrentar sérios distúrbios. Para o bem do Brasil, o impeachment não deverá passar, e Cunha terá de ser cassado o quanto antes.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Vitória do menos cotado

O título da Copa do Brasil de 2015 é do Palmeiras. Na noite de hoje, num Allianz Parque que bateu o seu recorde de público, com quase 40 mil pessoas presentes, o Palmeiras venceu o Santos por 2 x 1, resultado que levou a decisão para os tiros livres da marca do pênalti. Numa série de cobranças carregada de tensão, o Palmeiras venceu por 4 x 3, e conquistou o título. Foi, inegavelmente, a vitória do menos cotado. O Santos era visto pela maioria das pessoas como o favorito para ser o campeão. Afinal, no Campeonato Brasileiro sua campanha e, principalmente, o seu desempenho técnico, eram superiores em relação ao Palmeiras. Afora isso, o Santos havia ganho o primeiro jogo, na Vila Belmiro, e bastava-lhe um empate na partida de hoje. Porém, o Santos cometeu um erro que acabou por lhe ser fatal, que foi exercer uma ampla superioridade em casa e vencer por apenas 1 x 0. Foram muitos os gols desperdiçados pelo Santos no primeiro jogo, o último deles já nos acréscimos, o que poderia ter mudado a sorte da competição. Em jogos decisivos, tais erros costumam cobrar um preço muito alto. O Santos é um time bem melhor do que o Palmeiras, mas não soube conduzir-se na decisão. Tropeçou, quem sabe, na soberba de considerar-se campeão antecipadamente. Como deixou de lado o Brasileirão nas últimas rodadas para focar na Copa do Brasil, o Santos, que tinha a chance de obter a classificação para a Libertadores nas duas competições, acabou ficando de fora da disputa continental. Para ser campeão, não basta ser o melhor, tem de haver empenho máximo e humildade.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Os descaminhos de Jardel

Um dos grandes ídolos da história do Grêmio, Jardel teve uma passagem breve mas exitosa pelo clube. Exímio goleador, foi um dos maiores nomes do time que conquistou o título da Libertadores de 1995, sendo, inclusive, o artilheiro da competição. Valorizado, saiu do Grêmio e foi para a  Europa, onde brilhou no Porto (POR). Porém, tão rápido quanto subiu, Jardel desceu. Teve um final de carreira decadente, e sua vida depois de parar de jogar se mostrou sem rumo. Jardel tornou-se, em dado momento, um viciado em drogas, o que não só abalou a sua carreira como destruiu o seu primeiro casamento. Os descaminhos de Jardel também fizeram com que ele, mesmo tendo feito grandes contratos, viesse a ter graves problemas financeiros. Sua vida prosseguia como um barco à deriva até que, estimulado pelo deputado federal Danrlei de Deus Hinterholz (PSD-RS), ex-goleiro e seu companheiro de time no Grêmio, concorreu nas eleições de 2014. Com a força da idolatria que desperta nos gremistas, Jardel se elegeu deputado estadual no Rio Grande do Sul, obtendo mais de 40 mil votos. Empossado em janeiro desse ano, em abril Jardel rompeu com Danrlei. Na época, Jardel exonerou todo o seu gabinete e os funcionários da bancada do PSD, e se afastou da Assembleia mediante um atestado médico de que estaria com depressão. Agora, Jardel foi afastado do cargo por 180 dias, pelo Ministério Público. Recaem sobre Jardel as suspeitas de crimes como concussão, peculato, falsidade documental, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Também é investigada a possibilidade de financiamento ao tráfico de drogas com dinheiro desviado da Assembleia. O que ocorre com Jardel, do ponto de vista humano, é muito triste. Vitorioso no futebol, não soube redirecionar sua vida depois que parou de jogar. Precisa ser ajudado. Porém, sua eleição para deputado estadual mostra, de forma exemplar, a maneira equivocada como a política é conduzida no país, por partidos e eleitores. Os que lhe deram legenda para concorrer sabiam de todos os seus graves problemas, mas privilegiaram sua condição de "puxador de votos". Seus eleitores levaram em conta apenas a sua condição de ídolo, e lhe conferiram um mandato pelo que fez como jogador, não por apostarem na sua capacidade como parlamentar. Se provadas todas as acusações que lhe são imputadas, Jardel terá de responder por seus atos. Tomara que isso não signifique a sua derrocada definitiva, mas, sim, o despertar para um novo rumo na vida.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

A lucidez de Dorival Júnior

Em entrevista ao programa "Bola da Vez", dos canais ESPN, na semana passada, o técnico do Santos, Dorival Júnior, abordou um tema fundamental, que é negligenciado pela imprensa esportiva e pelo meio futebolístico como um  todo. Dorival referiu-se ao fato de que a Lei Pelé, se por um lado libertou o jogador de uma legislação escravagista, por outro favoreceu demasiadamente a figura do chamado "empresário de futebol". Ele entende que isso precisa ser modificado, e que o poder excessivo dado aos empresários não pode persistir, pois está prejudicando o futebol. Lamentavelmente, a lucidez de Dorival Júnior não é a regra em seu meio de atuação.  A maioria dos que atuam no futebol convive pacificamente com essa situação, que é uma das tantas anomalias criadas pela malfadada "Lei Pelé", que, sob a alegação de "libertar os jogadores da escravidão", gerou um quadro aberrante, tornando os clubes reféns dos "boleiros" e de seus representantes legais. Deixando de lado o ponto específico destacado por Dorival Júnior, entendo que a "Lei Pelé" deveria, simplesmente, ser revogada. Ela é um dos tantos desastres da calamitosa administração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Numa hora em que tanto se fala de passar o futebol brasileiro a limpo, alterando toda a sua arcaica e corrupta estrutura, a extinção da "Lei Pelé" não pode ser esquecida. Afinal, ela enfraqueceu terrivelmente os clubes, que são o que há de mais importante no futebol. São eles que movem multidões e enchem estádios. Não podem ser apenas instrumentos dos interesses argentários de jogadores e de seus "empresários", que nada mais fazem do que praticar a gigolagem, disfarçada como defesa das aspirações de seus representados.

domingo, 29 de novembro de 2015

Tentando o vice-campeonato

O Grêmio venceu o Atlético Mineiro por 2 x 1, hoje, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro. Com isso, poderá continuar tentando o vice-campeonato. A diferença do Grêmio para o Atlético Mineiro, agora, é de apenas um ponto. Mesmo assim, o objetivo é muito difícil de ser alcançado. Falta somente uma rodada para o final do Brasileirão. Ainda que ganhe do Joinville, fora de casa, o que não chega a ser difícil, o Grêmio terá de torcer para que o Atlético Mineiro não vença a Chapecoense no Independência. Um tropeço do Atlético é altamente improvável, pois, afora jogar em casa, enfrentará, um adversário que apenas cumprirá tabela e estará muito desfalcado. Ainda assim, no jogo de hoje, o Grêmio fez a sua parte. Abriu o placar, sofreu o empate, mas soube buscar a vitória. O Atlético teve um maior volume de jogo, mas no primeiro turno isso já havia acontecido, e o Grêmio também venceu. Bruno Grassi, que entrou durante o primeiro tempo devido a uma lesão de Marcelo Grohe, teve grande atuação, e reafirmou o equívoco que foi sua preterição, como segundo goleiro, em favor de Tiago, que tantos pontos custou ao Grêmio. A classificação para a Libertadores foi definitivamente conquistada, e direto na fase de grupos. Falta jogar mais uma rodada e a disputa do vice-campeonato. Depois será a hora de se preparar para 2016, quando, conforme afirmou o próprio técnico Róger Machado, o Grêmio terá de ganhar um título.

sábado, 28 de novembro de 2015

Na busca do improvável

O Inter empatou em 1 x 1 com  o Fluminense, hoje, no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro. O resultado, combinado com a incrível vitória do São Paulo sobre o Figueirense por 3 x 2, num jogo com duas viradas e um gol nos últimos segundos dos acréscimos, deixam o Inter na busca do improvável para obter a classificação para a Libertadores. Foi um dia de espantosas reviravoltas. São Paulo e Inter começaram a rodada empatados em pontos e vitórias, com o clube paulista tendo ampla vantagem no saldo de gols. O São Paulo, que jogou antes do Inter, começou a vencer o Figueirense já aos 10 minutos do primeiro tempo, mas permitiu o empate logo a seguir. O resultado era ótimo para o Inter, que se derrotasse o Fluminense ficaria dois pontos na frente do São Paulo e só dependeria de si próprio para, na última rodada, alcançar a almejada classificação. Aos 35 minutos do segundo tempo, tudo ficou ainda melhor para o Inter, pois o Figueirense virou o jogo sobre o São Paulo. Foi aí que o imponderável entrou em cena. Com gols aos 45 e 49 minutos do segundo tempo, o São Paulo estabeleceu nova virada na partida. Foi uma ducha de água fria sobre o Inter, que já comemorava o tropeço do São Paulo. Ainda assim, o Inter entrou em campo, logo após, mandando no jogo, e abrindo o placar já aos três minutos do primeiro tempo, com mais um gol de Vitinho. O Inter tomava conta do campo, diante de um Fluminense que parecia desinteressado do jogo. Ainda no primeiro tempo, o Fluminense ficou com um jogador a menos, em razão da expulsão de Osvaldo. O segundo tempo, portanto, parecia encaminhado para que o Inter ampliasse o placar. Não foi o que se viu. O Fluminense voltou bem mais motivado, e o Inter parecia tentar, apenas, garantir o resultado. Com o passar do tempo, o Fluminense tomou conta do jogo, mesmo com um homem a menos, e seu gol parecia ser questão de tempo, o que acabou se confirmando, com Cícero, em cobrança de pênalti. Ainda ocorreram outras chances de gol em favor do Inter, mas o placar se manteve até o final. Agora, o São Paulo poderá se classificar para a Libertadores com um simples empate diante do Goiás, no Serra Dourada, na última rodada. O Inter terá de vencer o Cruzeiro, no Beira-Rio, e torcer por uma derrota do São Paulo, única combinação que lhe serve. As chances matemáticas ainda existem para o Inter, mas, há de se convir, são muito remotas. Tudo indica que, em 2016, os torcedores do Inter verão a Libertadores somente pela televisão.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Os 45 anos de All Things Must Pass

Na data de hoje, há 45 anos, era lançado o álbum triplo "All Things Must Pass", de George Harrison, o seu primeiro trabalho solo após a dissolução dos Beatles, ocorrida sete meses antes. Foi direto para o topo das paradas. Nele, George pode colocar diversas músicas compostas em anos anteriores que não conseguia incluir nos discos dos Beatles, onde só lhe reservavam uma ou duas faixas a cada lançamento. "All Things Must Pass" é uma obra-prima. No livro "1001 um discos para ouvir antes de morrer", ele é classificado como um dos dois ou três melhores discos solo de um beatle. Permito-me discordar. Os integrantes dos Beatles lançaram alguns trabalhos solo muito bons, como "Imagine", de John Lennon, e "Band on the Run", de Paul McCartney, por exemplo, mas nenhum deles, ou qualquer outro, supera "All Things Must Pass" em qualidade. A carreira solo do mais novo dos Beatles teve oscilações, com outros discos muito bons, como "George Harrison", de 1979, e "Cloud Nine", de 1987, e alguns menos inspirados, mas "All Things Must Pass" é de uma qualidade superlativa. Os que o conhecem, por certo, ainda hoje, não se cansam de ouvi-lo. Os mais jovens, se não o escutaram, devem buscar preencher essa lacuna e se deliciar com "I'd Love You Anytime" (parceria de George com Bob Dylan), "My Sweet Lord", "Isn't a Pitty", "Behind of Locked a Door", "Awaiting on you Wall", entre outras pérolas. Um grande disco, que, 45 anos depois do seu lançamento, merece continuar a ser reverenciado.

A declaração de Sartori

Nada é tão ruim que não possa piorar, ensina a sabedoria popular. Essa sentença se ajusta, de forma exemplar, ao governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori. Despreparado e inepto para o cargo que ocupa, Sartori é uma usina de más notícias e de previsões sombrias. Neoliberal, Sartori é do tipo que defende o enxugamento da máquina estatal, a venda de patrimônio público, enfim, a chamada "austeridade". Ontem, essa nefasta figura que eleitores incautos levaram ao poder, declarou que os funcionários públicos deveriam levantar as mãos para o céu por possuírem estabilidade no emprego. A declaração de Sartori deixa claro que, se dependesse apenas da sua vontade, ele demitiria um grande número de funcionários públicos, só não o fazendo por que a lei não permite. A administração de Sartori é um pesadelo para os gaúchos. Seu governo não tem projeto nem plano de ação. Seu único objetivo é o desmonte do Estado, tirando ainda mais dos pobres para dar aos ricos. O pior é que Sartori sequer completou o primeiro ano de mandato. A eleição de Sartori é a demonstração do quanto podem ser desastrosos os efeitos de escolhas irrefletidas de eleitores desinformados, que se deixam seduzir por estratégias de marketing e por uma cobertura de imprensa tendenciosa. As pessoas que pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff argumentam, entre outras alegações, que o país não resistirá a mais três anos de um governo que, entendem, está sem rumo. Por essa linha de raciocínio, haveria muito mais razão para que se operasse o impeachment de Sartori, pois, enquanto ele estiver no poder, o Rio Grande do Sul será uma nau à deriva.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Os dez anos da Batalha dos Aflitos

O tempo transcorre velozmente, e a data de hoje registra a passagem dos dez anos da "Batalha dos Aflitos", nome que foi dado ao jogo em que o Grêmio, com apenas sete homens em campo, venceu o Náutico e retornou à Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro. O jogo foi realizado no acanhado Estádio dos Aflitos, pertencente ao Náutico, que estava superlotado, com mais de 20 mil pessoas presentes. Num ambiente hostil, com um gramado deficiente e um vestiário em condições precárias, o Grêmio cumpriu a página mais épica da sua história, e por extensão do futebol gaúcho. Os detratores do Grêmio, e os que se escondem sob a capa de uma falsa neutralidade, procuram, inutilmente, diminuir a grandiosidade desse feito histórico. Alegam que o acontecimento não pode ser considerado grandioso por ter sido num jogo da Segunda Divisão, contra um adversário que não se inscreve no rol dos grandes clubes. Argumentação pífia! O que torna a "Batalha dos Aflitos" um feito notável não é o nível da divisão que estava sendo disputada, nem a menor ou maior categoria do adversário. O que a torna magnífica, extraordinária, estupenda, mítica, inesquecível, é o fato de um time com apenas sete homens em campo, que já tivera dois pênaltis contra si que não foram convertidos, encontrar forças para chegar a vitória diante de outro que estava com dez jogadores. Os que não reconhecem a dimensão magistral dessa façanha imortal do Grêmio, chegam ao cúmulo de dizer que ser rebaixado é tão constrangedor para um clube grande que ele não deveria retornar como campeão, para não passar pela "vergonha" de ostentar um título de divisão inferior. Asneira pura. A "Batalha dos Aflitos" confirmou uma característica que, no Rio Grande do Sul, pertence só ao Grêmio, que é a de obter conquistas calando estádios lotados por uma multidão de torcedores contrários. Foi assim no título de campeão brasileiro de 1981, contra o São Paulo, no Morumbi; na Libertadores de 1995, diante do Nacional de Medellin, no Atanásio Girardot; na Copa do Brasil de 1997, tendo por adversário o Flamengo, no Maracanã. Foi assim, também, na Copa do Brasil de 2001, enfrentando o Corinthians, novamente no Morumbi. Ao contrário dos que se gabam de jamais terem disputado a Segunda Divisão, o Grêmio caiu e voltou como se deve, conquistando esse direito em campo. O Grêmio nunca se valeu de expedientes excusos para se manter na Primeira Divisão. Caiu e voltou sem jamais abrir mão da sua altivez e dignidade, e é isso que dói tanto nos que tentam, infrutiferamente, diminuir o enorme significado da Batalha dos Aflitos, não só para o Grêmio, mas para o futebol gaúcho. O torcedor do Grêmio, portanto, deve ignorar essas manifestações mesquinhas, e comemorar efusivamente a primeira década desse fato memorável.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Vantagem parcial

O Santos obteve uma vantagem parcial na decisão da Copa do Brasil, ao vencer o Palmeiras por 1 x 0, hoje, na Vila Belmiro. Logo aos 5 minutos do primeiro tempo, o Santos teve um pênalti a seu favor, mas Gabriel desperdiçou a cobrança, chutando na trave. Assim mesmo, o Santos continuou predominando e poderia construir um placar largo, tantas foram as chances que criou. Porém, o gol insistia em não sair. Foi só próximo ao final do jogo que Gabriel marcou o gol da vitória, redimindo-se de seu erro na cobrança de pênalti. Por sinal, foi um golaço. No último lance do jogo, Nílson, que recém havia entrado em campo, perdeu um gol feito. Agora, o Santos jogará por um empate na Allianz Arena, na próxima quarta-feira, para ficar com o título da Copa do Brasil. Favorito para a conquista do título, o Santos confirmou em parte, hoje, essa condição. No entanto, a vitória por apenas por 1 x 0 deixa a disputa aberta para o segundo jogo. Os gols perdidos na Vila Belmiro poderão fazer falta para o Santos ser campeão.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

O noivado dos peões

Por mais que lideranças religiosas e correntes políticas conservadoras protestem e tentem uma volta ao medievalismo, os avanços nos campos dos costumes e do comportamento, são acelerados e irrevogáveis. No último fim de semana, durante a realização do Enart - Encontro de Arte e Tradição Gaúcha, em Santa Cruz do Sul (RS), os peões de CTG Henrique Vargas e Diogo Moreira, naturais de Pelotas, no mesmo Estado, ficaram noivos. Num Estado reconhecidamente conservador como o Rio Grande do Sul, e num acontecimento que cultua as tradições gaúchas, a ocorrência de um fato como esse é digna de nota, e de aplauso. Na atualidade, as pessoas não estão mais dispostas a conviver com o obscurantismo e o preconceito, salvo algumas que são mais ruidosas que numerosas. Porém, como expressa o ditado, cão que ladra não morde. Henrique e Diogo afirmam que nunca tiveram problemas em suas atividades nos CTG's, o que é surpreendente e muito positivo. O tempo de tentar impor uma moral coletiva, padronizando comportamentos a partir de conceitos do que seja ou não normal, está, cada vez mais, ficando para trás. Até mesmo os redutos mais fechados e resistentes da sociedade, como nesse caso, passam a ter uma postura de maior abertura para a diversidade e a pluralidade que caracterizam o comportamento humano. O noivado dos peões confirma que a sociedade avança, e não irá ceder aos apelos de alguns grupos em favor do retrocesso.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Estupidez travestida de racionalidade

O jornalista Leandro Narloch, não por acaso integrante da equipe da nefanda revista "Veja", descobriu, há alguns anos, um filão editorial, lançando os seus "guias politicamente incorretos" sobre vários temas, sempre, é claro, sob a ótica neoliberal da publicação que o emprega. Nos tais "guias", Narloch se propõe a desmanchar "falsas verdades" da visão de esquerda ou mesmo do senso comum. Sua mais nova aventura no gênero é o livro "Guia Politicamente Incorreto da Economia Brasileira", que, como não poderia deixar de ser, recebeu uma extensa e elogiosa resenha nas páginas de "Veja". Como é característico em se tratando da revista, na ânsia de convencer o leitor a abraçar o seu ponto de vista, a adjetivação é farta e contundente. O livro de Narloch é qualificado como sendo uma "demolição elegante", de um autor que "sente um evidente prazer em desmontar certezas queridas do senso comum". O texto de apreciação da obra segue nesse tom laudatório, informando que em dezessete breves capítulos, Narloch busca ativamente a polêmica, atacando "vacas sagradas do status quo brasileiro". Ficamos sabendo, então, que entre as "pérolas" do pensamento de Narloch, "sempre com base no exercício da razão" destaca a matéria, estão ideias como a de que leis trabalhistas pioram a situação dos que mais precisam de emprego; o protecionismo é péssimo para a indústria nacional; a privatização ajuda o meio ambiente; o lucro é belo. Conforme a análise de "Veja", tais conceitos são "insights incomuns para demolir narrativas consolidadas sobre o Brasil". Narloch, que possui um blog no site da revista intitulado "O Caçador de Mitos", é alguém que, segundo o texto, "rejeita as platitudes usuais sobre as mazelas do capitalismo". Narloch acha que a desigualdade econômica no Brasil se deve às diferentes realidades regionais de um país muito extenso e à maior taxa de natalidade dos pobres em relação aos ricos. Para o jornalista, quase não há trabalho escravo no Brasil, pois a lei brasileira é que acaba utilizando esse termo para turnos mais longos que o permitido ou com condições laborais tidas como degradantes ao gosto dos auditores. Narloch refuta, também, o desfavorecimento das mulheres em relação aos homens no mercado de trabalho. De acordo com Narloch, as mulheres ganham menos porque trabalham em profissões diferentes, dedicam menos horas ao trabalho, tem em média menos experiência e não demonstram a mesma ambição na carreira que os homens. A síntese do pensamento do autor de "guias" é a de que o real responsável pelo progresso da vida humana na Terra não são filantropos, políticos e intelectuais, mas o mercado. Após tão "acurada" apreciação do livro, não é necessário lê-lo para saber do que se trata. Esse guia, como os outros de Narloch, não passa de estupidez travestida de racionalidade.

domingo, 22 de novembro de 2015

Atuação vergonhosa

O Grêmio perdeu para o Inter por 1 x 0, hoje, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro. Havia muito a buscar nesse Gre-Nal, pelo lado do Grêmio. Afinal, se tivesse ganho o jogo, o Grêmio estaria a apenas um ponto de distância do Atlético Mineiro, que só empatou com o Goiás no Independência, e poderia encaminhar o vice-campeonato vencendo o confronto direto no próximo domingo, na Arena. Afora isso, se vencesse, o Grêmio eliminaria, definitivamente, qualquer chance do Inter se classificar para a Libertadores. Porém, o Grêmio parece ter se deixado levar pela conversa fiada da "isenta" imprensa esportiva do Rio Grande do Sul, que insistia que ele, depois de ter ganho do Fluminense, estaria de "sangue doce" no Gre-Nal. O time do Grêmio, mais uma vez, foi amorfo, sem brio, teve uma atuação vergonhosa. A rigor, o Grêmio só tem dois titulares imprescindíveis, que são Marcelo Grohe e Geromel. Todos os demais são descartáveis. Alguns são assustadoramente insuficientes, como é o caso dos laterais Galhardo e Marcelo Oliveira. O zagueiro Erazo está muito abaixo das necessidades do Grêmio, e falhou gravemente no gol do Inter. Walace, de quem alguns dizem maravilhas, é um volante apenas razoável. Ramiro, como já se sabe há muito tempo, é um jogador limitadíssimo. Giuliano é uma das piores relações custo-benefício da história do Grêmio, pois ganha muito e não produz nada. Douglas é um ex-jogador. Luan tem conceito de craque, mas prende a bola demasiadamente, erra quase todos os passes e não chuta a gol. Éverton, o jovem mais promissor da atual safra do clube, é o primeiro a ser sacado pelo técnico do Grêmio, Róger Machado, quando o desempenho do time não está bom. A verdade é que o Grêmio desandou no segundo turno do Brasileirão, onde está cinco pontos atrás do Inter, e isso tem muito a ver com a ausência, por lesão, de Maicon no time. Convenhamos, ficar cinco pontos atrás e perder no confronto direto para um time sofrível como o Inter, treinado por um técnico tão limitado como Argel Fucks é constrangedor. Se, simplesmente, mantiver a atual base e contratar uns poucos reforços o Grêmio nada poderá aspirar na Libertadores e terá, em 2016, mais um ano cheio de frustrações.

sábado, 21 de novembro de 2015

A volta do Santa Cruz

Com uma goleada de 3 x 0 sobre o Mogi Mirim, hoje, fora de casa, o Santa Cruz subiu, novamente para o Campeonato Brasileiro da primeira divisão, onde esteve pela última vez em 2006, quando ficou na lanterna da competição. De la para cá, o Santa Cruz foi decaindo, e chegou a disputar a quarta divisão. Nesse período, ganhou alguns campeonatos pernambucanos, e a torcida, mesmo em jogos da segunda, terceira e quarta divisões brasileiras, continuou a encher os estádios, mas faltava retornar á elite do futebol do país, o que, hoje, foi finalmente alcançado. O Santa Cruz foi o primeiro clube dentre os grandes de Pernambuco a obter destaque nacional com suas boas campanhas no Brasileirão. A melhor delas se deu há exatos 40 anos, em 1975, quando foi semifinalista da disputa, com um time que tinha, entre outros, Givanildo, Luciano, Luís Fumanchu e Rámon. Com um estádio particular, o Arruda, que está entre os maiores do país, e uma torcida numerosa e apaixonada, o Santa Cruz merece um lugar na principal divisão do futebol nacional. Seu retorno ocorrerá dez longos anos depois de sua última participação, o que lhe conferirá um sabor ainda mais especial. Tomara que a volta do Santa Cruz à primeira divisão não seja meteórica, e que ele consiga se firmar entre os melhores do futebol brasileiro.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Racismo

A data de hoje, 20 de novembro, é o Dia da Consciência Negra, comemorado com feriado em várias unidades da federação. O Rio Grande do Sul, no entanto, segue na contramão nessa questão, e, até hoje, todas as tentativas de instituir o feriado no Estado foram rechaçadas. Com isso, a fama de Estado racista atribuída ao Rio Grande do Sul fica reforçada. Há alguns anos, a proposta de se construir um sambódromo no Parque Marinha do Brasil, em Porto Alegre, também foi refutada, e ele foi ser erguido no Porto Seco, numa região periférica da cidade e muito distante de onde se concentram os apreciadores do Carnaval. Fica claro que, entre os gaúchos, a discriminação contra os negros ainda é bem mais acentuada que em outras áreas do país. Os setores brancos e dominantes da sociedade gaúcha insistem em relegar o negro a uma condição subalterna. O 20 de novembro foi escolhido pela própria comunidade negra como uma data mais representativa que o 13 de maio, o Dia da Abolição da Escravatura, e homenageia Zumbi dos Palmares. Para os negros, o 13 de maio é uma data oficialista. Essa postura foi aceita em diversos estados, que instituíram o feriado. A recusa dos gaúchos em fazer o mesmo é vergonhosa.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Derrota previsível

O Inter perdeu para a Chapecoense por 1 x 0, hoje, na Arena Condá, pelo Campeonato Brasileiro. Embora muitos cronistas esportivos do Rio Grande do Sul não conseguissem enxergar isso, era uma derrota previsível. A Chapecoense faz uma grande campanha como mandante, o Inter, por sua vez, tem tido um desempenho péssimo como visitante. Não bastasse isso, o Inter teve seu grupo de jogadores praticamente dizimado por suspensões e lesões, o que diminuiu muito as possibilidades do técnico Argel Fucks poder armar um time de qualidade. Depois de resistir no primeiro tempo, que terminou com um empate de 0 x 0, o Inter foi batido no segundo. A expulsão de Juan colaborou para isso, mas ela foi justa. As reclamações do Inter contra a arbitragem foram improcedentes, pois ela até foi benevolente, já que William deveria ter sido expulso após aplicar uma cotovelada em William Barbio, e só recebeu o cartão amarelo. Com o resultado, as chances do Inter se classificar para a Libertadores são, agora, meramente teóricas. Resta uma única motivação para o clube, em 2015, que é dar o troco no Grêmio pela goleada de 5 x 0 sofrida no primeiro turno. Certamente, o Inter estará extremamente motivado no Gre-Nal de domingo. Só não deve contar com a hipótese de jogar contra um Grêmio "relaxado", pois isso não passa de um delírio de cronistas "isentos".

Possibilidade aumentada

O Grêmio venceu o Fluminense por 1 x 0, hoje, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro. Com a vitória, mais do que ter, praticamente, garantido a classificação para a Libertadores, o Grêmio viu a possibilidade aumentada de ainda obter o vice-campeonato, pois o Atlético Mineiro perdeu e a distância entre os dois clubes na tabela caiu para três pontos, faltando nove para serem disputados. Dessa forma, não se confirma a ideia de alguns cronistas esportivos de que o Grêmio iria de "sangue doce" para o Gre-Nal  de domingo, no Beira-Rio, caso vencesse hoje. Afora ser um degrau mais alto na competição, o vice-campeonato representaria R$ 2 milhões a mais em relação ao prêmio pago para o terceiro colocado. Portanto, o Grêmio tem motivação de sobra para o Gre-Nal, e não vai cair na conversa mole de cronistas "isentos" que estão ávidos para que o Inter dê o troco da goleada humilhante de 5 x 0 que sofreu no primeiro turno. Se o Grêmio ganhar o Gre-Nal, ele também estará alijando o Inter, definitivamente, de qualquer chance de se classificar para a Libertadores, o que é mais um fator extraordinário de motivação. O Gre-Nal será disputadíssimo, sem a menor chance de o Grêmio se apresentar "relaxado" em campo.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Sem ao menos pedir desculpas

Poucos assuntos impactaram tanto o país nos últimos dias quanto a tragédia ambiental de Mariana, no interior de Minas Gerais. O rompimento da barragem de Fundão, da Mineradora Samarco, jogou um mar de lama sobre o distrito de Bento Rodrigues, praticamente varrendo-o do mapa, e deixando 11 mortos e 12 desaparecidos. O desastre de Mariana não ficou restrito ao município. Ontem, o governo de Minas Gerais decretou situação de emergência na região da bacia do Rio Doce e nos municípios afetados pelo rompimento. A medida envolve 202 municípios, e outros 26, do Espírito Santo, também fazem parte da bacia. Agora, há o risco de rompimento de outra barragem, a de Santarém. Mesmo diante de um quadro tão desastroso, com o Rio Doce tendo sua morte praticamente decretada e com o abastecimento de água de vários municípios estando seriamente afetado, o diretor de Operações e Infraestrutura da Mineradora Samarco, Kléber Terra, afirmou que "não é o caso de pedir desculpas à população". A lógica capitalista é assim. Em busca de lucros, empresas privadas causam danos ambientais que acarretam prejuízos para milhares de pessoas, e cujos efeitos se prolongam ao longo de décadas. Ainda assim, entendem que não devem sequer um pedido de desculpas para a população. Os efeitos do rompimento da barragem de Fundão não foram inteiramente mensurados, e se prolongarão por muito tempo. Espera-se que os responsáveis pelo ocorrido tenham de arcar com o dispêndio de grandes somas de dinheiro para tentar, ao menos, minorar as consequências do desastre. Porém, a declaração do diretor da Samarco e a conhecida leniência da Justiça brasileira para com os poderosos, não tornam essa hipótese muito viável.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Sobrevida

O técnico da Seleção Brasileira, Dunga, garantiu sua sobrevida no cargo. A goleada de 3 x 0 da Seleção sobre o Peru, hoje, na Arena Fonte Nova, fará com que Dunga continue no posto pelo menos até março, quando a equipe voltará a jogar pelas Eliminatórias. Descontando-se o fato de que o Peru é um adversário fraco, a atuação da Seleção foi boa, com Douglas Costa e William tendo sido os dois maiores destaques individuais. Renato Augusto, que teve a chance de sair jogando, teve bom desempenho e marcou um dos gols. Neymar, mais uma vez, rendeu menos que o esperado. O melhor jogador em campo, no entanto, foi Douglas Costa. Ele marcou o primeiro gol, fez uma jogada espetacular que culminou no passe para Renato Augusto marcar o segundo, e desferiu o chute que foi rebatido pelo goleiro e sobrou para Filipe Luís anotar o terceiro. Foi inegável a melhora de rendimento da Seleção com a entrada de Renato Augusto e Douglas Costa e a saída de Lucas Lima e Ricardo Oliveira. Ao que parece, a Seleção funciona melhor sem a figura do centroavante de ofício. O próximo jogo da Seleção pelas eliminatórias será só no dia 24 de março de 2016, novamente em casa, contra o Uruguai, um adversário muito mais exigente. Se vencer, Dunga poderá solidificar ainda mais a sua permanência no cargo. Caso contrário, os rumores sobre a sua saída voltarão a ganhar força.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A continuidade da apologia ao golpe

A revista "Veja", principal representante do neoliberalismo na imprensa brasileira, não desiste da apologia ao golpe, tentando, de todas as formas, fomentar a ideia do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Se antes vislumbrava a hipótese de uma queda total do governo, com o PSDB assumindo o poder, a revista, em sua edição dessa semana, passou, agora, a apoiar a queda de Dilma, tão somente, com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), entrando em seu lugar. O que alimenta o entusiasmo de "Veja" com essa possibilidade é o documento "Uma ponte para o futuro", elaborado pela Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB, que faz críticas ao governo e propõe medidas que soam como música aos ouvidos dos demófobos, como privatizar estatais e flexibilizar leis trabalhistas. A luta da revista é tão incansável quanto inócua. Durante todo o período em que o PT está no poder, "Veja" tentou derrubar o governo. Para isso, afora a sua linguagem carregada de antiesquerdismo, apelou para a denúncia de escândalos, sempre caracterizados como "os maiores da história do país". Não obteve êxito. A nova tentativa, por certo, será, mais uma vez, infrutífera. A prova disso esteve, ontem, nas diversas "manifestações populares" em favor do impeachment, realizadas em várias capitais do país. Em todas elas, a presença de público foi baixíssima. Enquanto isso, no Rio de Janeiro, a Parada Gay teve a participação de 500 mil pessoas. O governo não vai cair, para desconsolo de "Veja" e dos demais golpistas.

domingo, 15 de novembro de 2015

O desencanto brasileiro com a Fórmula 1

Dentro do autódromo de Interlagos a festa foi bonita como sempre, com arquibancadas e demais lugares lotados, a preços elevados. Porém, o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, que teve, hoje, mais uma edição, não alcançou a mesma receptividade por parte de quem estava em casa, sentado no sofá. A Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão da competição no Brasil, perdeu em audiência para a sua principal concorrente, a Record, durante a transmissão da corrida. No transcorrer do ano de 2015, a própria Globo tratou de desprestigiar o produto. Em função da audiência, a Globo deixou de transmitir os treinos classificatórios na íntegra, levando ao ar apenas a terceira e decisiva parte, quando são definidas as dez primeiras posições do grid de largada. As duas corridas anteriores ao Grande Prêmio Brasil sequer foram transmitidas ao vivo pela Globo, que deu preferência a jogos do Campeonato Brasileiro que se realizavam no mesmo horário, e foram mostradas em compacto, após o programa "Fantástico". O crescente desencanto dos brasileiros com a Fórmula 1 tem uma razão clara, que é a falta de pilotos do país capazes de conquistarem vitórias e títulos. No Grande Prêmio Brasil de 2008, quando Felipe Massa ganhou a corrida e perdeu o título na última curva, depois que Lewis Hamilton pulou do 6º lugar para o 5º, a audiência de televisão foi o triplo da verificada hoje. De lá para cá, Massa nunca mais esteve perto de ser campeão, chegou a ficar como único representante do país na Fórmula 1, e, agora, tem a companhia de Felipe Nasr, um piloto de muito talento, mas que ainda está numa equipe pequena e sem chance de obter melhores resultados. O interesse dos brasileiros pela Fórmula 1 foi despertado pela trajetória vitoriosa de Émerson Fittipaldi, ganhador de dois títulos mundiais. Após ele sair de cena, logo surgiram Nélson Piquet, num primeiro momento, e, pouco depois, Ayrton Senna, que ganharam três títulos, cada um. O esporte não sobrevive sem grandes ídolos. Costuma-se dizer que o Brasil, no esporte, vive a monocultura do futebol, mas isso não é bem assim. O brasileiro sempre reconheceu os grandes talentos de todos os esportes. Maria Esther Bueno e Gustavo Kuerten, no tênis, Ademar Ferreira da Silva e João do Pulo, no atletismo, e Éder Jofre, no boxe, foram reverenciados pelos brasileiros. Nos esportes coletivos, a Seleção Brasileira de Basquete Masculino de Amaury Pasos, Wlamir Marques, entre outros, bicampeã mundial, também obteve reconhecimento. Porém, o tênis, o atletismo e o boxe, no Brasil, não produzem grandes talentos de forma sistemática, e sim sazonal, e o basquete masculino jamais tornou a viver um momento tão glorioso quanto aquele. O futebol, ao contrário, sempre produziu grandes ícones no país, o que explica sua consolidação na preferência dos brasileiros. Não houve período, desde a sua introdução no Brasil, em que não fosse revelado um talento notável. Nos primórdios do futebol no país, nas duas primeiras décadas do século passado, surgiu Friendereich. Nos anos 30, junto com o profissionalismo, foi a vez de Leônidas da Silva, o "Diamante Negro". A década de 40 trouxe Zizinho, a de 50, Pelé e Garrincha, a de 60, Gérson, Rivellino e Tostão, a de 70, Zico, a de 80, Romário, a de 90, Ronaldo, e os anos 2000, Neymar. Nunca faltaram talentos diferenciados para manter vivo o interesse dos brasileiros pelo futebol. Nesse sentido, só o vôlei, tanto masculino quanto feminino, apresenta uma realidade semelhante. Desde que o vôlei brasileiro saiu da inexpressividade para tornar-se um colecionador de títulos, há pouco mais de 30 anos, a renovação de valores tem sido constante, o que mantém a qualidade do desempenho e fez com que ele se tornasse o segundo esporte na preferência dos brasileiros, desbancando o basquete. Para que a Fórmula 1 volte a encantar os brasileiros é fundamental que sejam revelados novos talentos capazes de repetir os feitos de Émerson, Piquet e Senna. Afinal, os torcedores de qualquer esporte são movidos a vitórias e, principalmente, títulos.

sábado, 14 de novembro de 2015

Transformando vítimas em algozes

Logo após os atentados de Paris, as redes sociais passaram a repercutir os acontecimentos, como não poderia deixar de ser. O incrível é que muitas das postagens tentavam justificar o ocorrido, com argumentos como o de que era a consequência da ação opressora do cristianismo sobre o islamismo, e do colonialismo do Ocidente sobre o Oriente. O que houve em Paris, foi inaceitável, imperdoável, repugnante, abjeto. Não se pode transformar as vítimas em algozes. Mais de uma centena de inocentes foram assassinados, enquanto desfrutavam momentos de lazer, por fanáticos religiosos ensandecidos. As mazelas históricas da relação entre o Ocidente e o Oriente são conhecidas, mas elas não justificam o que houve em Paris. Não é possível que alguém compre a ideia de que terroristas que já degolaram e, agora, fuzilaram pessoas são a representação de povos ou grupos oprimidos pelas potências imperialistas, e que estariam reagindo a atrocidades de que teriam sido vítimas em outros tempos. Até porque, reagir com violência a uma agressão sofrida não é buscar justiça, é procurar vingança. Na verdade, o grande embate que se estabeleceu no mundo atualmente é entre a sua porção esclarecida e os adeptos do obscurantismo, com seu fundamentalismo religioso e conceitos morais medievais. Os terroristas não são coitadinhos oprimidos pelos países ocidentais. São bandidos que praticam crimes hediondos, e não merecem complacência.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O mundo em pânico

Os atentados terroristas de hoje em Paris, que já resultaram em mais de uma centena de mortos, instauram o pânico no mundo. Esse tipo de ataque vem se sucedendo, com grande número de vítimas. A motivação por trás de tamanha violência, praticada por grupos radicais islâmicos, é de caráter religioso e cultural, e também é adubada pela inconformidade com a opulência material do Ocidente em contraste com as carências dos países do Oriente. Seja como for, o combate ao terrorismo é um desafio que se coloca para as grandes potências, pois os ataques não tem sido previstos pelas forças de segurança, e vitimam cidadãos indefesos, em situações como estar num restaurante ou numa casa noturna. Até aqui, os países atingidos pelos atos terroristas tem reagido com equilíbrio. O prosseguimento dos ataques, no entanto, poderá levar a um quadro limite, em que os países ocidentais tenham de dar uma resposta mais drástica. Nesse caso, um grande conflito internacional poderia se estabelecer, com muitas perdas de vidas. O que aconteceu hoje é muito grave. Não é possível ficar assistindo passivamente aos atos hediondos praticados pelos terroristas. As pessoas tem direito à segurança, para poderem viver com normalidade, sem ficarem expostas ao ímpeto assassino de mentes perturbadas pelo fundamentalismo religioso. Os fatos ocorridos hoje em Paris exigem uma resposta enérgica, e ela não pode tardar.

Mais sorte que futebol

Visto isoladamente, o resultado da Seleção Brasileira contra a Argentina, hoje à noite, no Monumental de Nuñez, foi bom. Afinal, empatou em 1 x 1 jogando fora de casa contra a sua maior rival. No entanto, a realidade é bem diferente. A Seleção Brasileira fez um péssimo primeiro tempo, em que foi dominada inteiramente pela Argentina. A derrota parcial de 1 x 0 era mais do que justa. No segundo tempo, a Seleção achou um gol, e conseguiu manter o empate até o final. Em resumo, a Seleção teve mais sorte que futebol. Afora isso, é preciso lembrar que a Argentina estava sem seu principal jogador, Messi, e teve mais quatro desfalques, todos por lesão. Enquanto isso, a Seleção teve a volta, após cumprir suspensão, de seu maior craque, Neymar, que, por sinal, não jogou bem. A campanha realizada até o momento nas Eliminatórias da América do Sul para a Copa do Mundo de 2018, com quatro pontos ganhos em nove disputados, e o fraco desempenho em todos esses jogos, somada ao fracasso na Copa América, mostram que a Seleção Brasileira, com Dunga como técnico, não tem boas perspectivas para o futuro. A contratação de Dunga como técnico foi um grande erro, e sua permanência no cargo significa uma perda de tempo que poderá custar caro à Seleção. Está mais do que na hora de a CBF ouvir o que é quase um consenso da opinião pública, e contratar Tite, atualmente no Corinthians, para ser o novo técnico da Seleção.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O estigma do envelhecimento

A população brasileira está envelhecendo rapidamente. O número de idosos vem crescendo significativamente, e a expectativa média de vida vem se ampliando de modo progressivo. Ainda assim, o envelhecimento, um processo natural da existência humana, segue sendo tratado como um estigma. O episódio envolvendo a atriz Vera Fischer num aeroporto, no último dia 6, mostra  o quanto é absurda essa situação. Vera foi flagrada embarcando num vôo sem maquiagem. Um dos maiores símbolos sexuais brasileiros em tempos passados, Vera hoje é uma senhora de 63 anos, e é natural que isso se reflita na sua aparência. No entanto, sites da internet e as redes sociais não tiveram esse entendimento, e fizeram comentários jocosos sobre a atriz, que hoje exibe um corpo acima do peso e um rosto sem viço. Até mesmo montagens foram feitas, mostrando o antes e o depois da atriz, com uma foto em que ela aparece ainda majestosa aos 48 anos, e, ao lado, o flagrante colhido no aeroporto. A beleza e a juventude são efêmeras, como tudo na vida. A velhice não deve ser vista como um castigo ou uma desonra, ela é uma decorrência natural de uma existência longa. O tratamento dado ao aspecto físico atual de Vera Fischer revela o quanto a sociedade está tomada pela frivolidade e pobreza interior, privilegiando o que é superficial em detrimento de valores mais sólidos e profundos. O ser humano nunca teve tanto acesso ao conhecimento e à informação como atualmente, mas, contraditoriamente, continua a ser predominantemente raso e fútil.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Uma comunicação nem um pouco social

A chamada "grande imprensa" reage ferozmente a qualquer tentativa de reforma da mídia no país, mas ela é necessária, e inadiável. A Comunicação Social praticada no país, não faz jus ao nome. A área de comunicação, no Brasil, não é nem um pouco social. Os veículos de imprensa estão submetidos aos interesses financeiros e políticos de seus proprietários, em detrimento dos anseios da população. Muitos dos procedimentos dos meios de comunicação brasileiros ferem a legislação do setor. Um exemplo disso é o que fazem algumas redes de televisão que vendem espaços de sua programação para terceiros, o que é vedado pela lei. Há, também o descumprimento dos percentuais obrigatórios de conteúdo jornalístico e de produções locais. Toda a vez que é levantada a ideia de se fazer uma reforma midiática no país, os barões da imprensa reagem com a alegação de "ameaça á liberdade de expressão". Conversa fiada. A reforma é necessária justamente para que os meios de comunicação sejam um recurso de expressão da sociedade, e não um mero instrumento a serviço das oligarquias brasileiras. A ex-prefeita de São Paulo, Luíza Erundina, declarou, recentemente, que a reforma midiática é mais urgente, para o Brasil, do que a agrária. Erundina tem toda a razão. O governo vem empurrando essa questão com a barriga faz tempo. Está na hora dele enfrentar a chiadeira dos veículos de comunicação, e promover essa mudança tão fundamental para o país.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Sandra Moreyra

O jornalista não é a notícia, ele é um elo de transmissão dela com o público. Hoje, no entanto, essa regra terá de ser quebrada, pois a morte da jornalista Sandra Moreyra a transforma numa das principais e mais tristes notícias do dia. Sandra, que morreu após uma longa luta contra um câncer, era uma das repórteres de televisão mais conhecidas do grande público. Presença constante nos telejornais da Rede Globo, participou de coberturas importantes como a do Césio-137, em Goiãnia, e o naufrágio do Bateau Mouche, no Rio de Janeiro, por exemplo. Competente e carismática, sua imagem, por certo, ficará retida na memória dos telespectadores brasileiros. Neta de Álvaro Moreyra, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras que dá nome a uma sala de teatro no Centro Municipal de Cultura de Porto Alegre, e filha de Sandro Moreyra, famoso cronista esportivo brasileiro, Sandra, que também trabalhou na imprensa escrita, honrou a tradição familiar de lidar com as letras e os fatos jornalísticos. Deixa uma grande saudade em todos os que apreciam o jornalismo praticado com talento e dedicação.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Um clube igual aos outros

O São Paulo era um clube diferenciado dentro da estrutura caótica do futebol brasileiro. Sério, estruturado, organizado, responsável. Suas crises, raras por sinal, logo eram debeladas, e não deixavam sequelas. Não é mais assim. A surpreendente demissão, hoje anunciada, do técnico Doriva, que estava há um mês no cargo, demonstra que o São Paulo, agora, é um clube igual aos outros, isto é, age sem planejamento e convicção. Doriva foi contratado por um presidente que, depois de fazer a sua apresentação oficial como novo técnico do clube, renunciou ao cargo em meio a denúncias que mancharam sua administração. Portanto, começou seu trabalho sem respaldo. Seu futuro, é claro, não era nada promissor. Porém, demitir um técnico faltando apenas quatro rodadas para o término do Campeonato Brasileiro, com o São Paulo com grandes chances de classificação para a Libertadores, é algo de difícil compreensão. Durante todo o ano, o São Paulo foi um clube envolto em turbulências, sem um ambiente tranquilo para que um bom trabalho fosse desenvolvido. Ainda assim, a boa qualidade média do seu grupo de jogadores e a grandeza que lhe é inerente mantiveram o São Paulo em condição de competir com os demais. No entanto, para todos aqueles que aprenderam  a admirar o São Paulo por sua estrutura modelar, é uma decepção constatar que essa condição pertence ao passado.

domingo, 8 de novembro de 2015

A afirmação que nunca chega

O Grêmio perdeu por 1 x 0 para o Sport, hoje, na Ilha do Retiro, pelo Campeonato Brasileiro. Nos últimos quatro jogos, o Grêmio tem duas derrotas, um empate e uma vitória. Devido á "gordura" acumulada ao longo do Brasileirão, o Grêmio se mantém em terceiro lugar com um certo conforto, mas sempre que necessita decidir algo ou buscar uma posição mais vantajosa, o time falha. Com isso, o Grêmio se tornou o time de uma afirmação que nunca chega. Olhando isoladamente o segundo turno, o Grêmio tem uma campanha inferior a do Inter, que jamais se encontrou na competição. Hoje, mesmo com o discurso do técnico Róger Machado, antes do jogo, de que a vitória era importante para a tentativa de buscar o vice-campeonato, o Grêmio se repetiu na sua hesitação em momentos decisivos. Teve chances de ganhar o jogo, e desperdiçou-as. Se é verdade que o goleiro adversário fez duas defesas extraordinárias que impediram o Grêmio de marcar gols, a chance perdida por Éverton logo no início do seguindo tempo foi imperdoável. A situação do Grêmio já poderia ser bem mais tranquila na tabela, e a classificação para a Libertadores estar matematicamente definida. Porém, o Grêmio deixou pelo caminho pontos irrecuperáveis contra clubes pequenos e médios. O mesmo Grêmio que ganhou seis pontos do Santos, quatro do Corinthians, e que venceu o Atlético Mineiro, no Mineirão, perdeu dois jogos para a Chapecoense, e, contra o Sport, obteve um empate e uma derrota. A campanha do Grêmio, no todo, é razoável, mas o time está longe de ser confiável. Para disputar a Libertadores com chances, e retornar a rotina de ganhar títulos, será necessário muito mais do que manter a atual base de time e acrescentar poucos reforços. A campanha atual é meritória, dada a circunstância da carência de recursos financeiros, mas o fato é que o Grêmio não avançou em relação a si mesmo. Nos últimos anos, o Grêmio tem feito boas campanhas na principal disputa do futebol brasileiro. Foi vice-campeão em 2008 e 2013, terceiro colocado em 2006 e 2012, e ficou em quarto lugar em 2010. São campanhas dignas, nada mais do que isso. Um clube grande como o Grêmio precisa de títulos de expressão, e eles ainda parecem longe de serem alcançados.

sábado, 7 de novembro de 2015

Ausência de fair play

O Inter venceu a Ponte Preta por 1 x 0, hoje, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro. Em muitos aspectos, o jogo foi uma repetição de outros tantos do Inter no Brasileirão, em seu estádio. O adversário jogando melhor e tendo mais chances de gol, a vitória pelo placar mínimo. Contra o Avaí, no primeiro turno, por exemplo, já havia sido assim. No seu mais recente jogo em casa, outro 1 x 0, sobre o modestíssimo Joinville. O que houve de novo dessa vez, então? A ausência de fair play por parte do Inter, que culminou na marcação do gol. A bola tinha sido chutada para fora de campo para o atendimento de um jogador da Ponte Preta que havia caído no gramado. Beneficiado pela cobrança de um lateral, cabia ao Inter, cumprindo com o princípio do fair play, devolver a bola para a Ponte Preta. Orientado por seu técnico, Argel Fucks, a não fazê-lo, o Inter prosseguiu com a posse da bola, e deu início ao lance que redundaria no gol. A Ponte Preta reclamou muito e um conflito se estabeleceu na zona mista, após o jogo. O episódio da falta de fair play evidencia dois fatos. O primeiro é de que o Inter, a exemplo do escorpião da fábula, apenas seguiu a sua natureza. Ao longo de sua história, o clube sempre gostou de ganhar "na marra". O segundo fato é o de que Argel Fucks não possui estatura para ser um técnico de ponta. Não bastasse o seu português sofrível, e seu jeito assumidamente bronco, Argel é do tipo que ainda acredita que a malandragem é importante para se alcançar a vitória, de que todos os expedientes são válidos para tentar obtê-la. O resultado manteve o Inter com esperanças de se classificar para a Libertadores, mas isso continua sendo improvável.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Novo Neymar

No dia de hoje circularam rumores, vindos da Espanha, de que Real Madrid e Barcelona estariam interessados no jogador Luan, do Grêmio, que já estaria sendo chamado por lá de "novo Neymar". Nunca estive entre os fãs ardorosos de Luan, pelo contrário. Não consigo, ao assistir suas atuações, ver o talento superlativo que tantos enxergam nele. Luan tem boa técnica, mas está muito longe de ser um craque. Abusa da retenção de bola e erra passes em demasia. Sua finalização é deficiente pois não possui potência no chute. Por tudo isso, fiquei surpreso ao ver que Luan liderou por vários meses a Bola de Ouro da revista Placar, que premia o melhor jogador do Campeonato Brasileiro, independentemente de posição. Luan não é, nem nunca será, o novo Neymar. O ex-jogador do Santos já era um craque afirmado e reconhecido aos 17 anos, Luan já está com 22 e ainda não atingiu essa condição. Sendo assim, entendo que sua venda, caso viesse a se confirmar, não seria um desastre para o Grêmio, desde que a compensação financeira fosse interessante. O Grêmio não possui a totalidade dos direitos econômicos de Luan, o que diminui ainda mais o valor que iria para os cofres do clube. Por essa razão, considero que a quantia aventada de 15 milhões de euros que seria ofertada para a aquisição do jogador, é baixa. Se conseguisse dobrar esse valor, o Grêmio faria, aí sim, um bom negócio.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Os Rolling Stones vem aí

Conforme um anúncio feito em 2014, os Rolling Stones iriam se apresentar neste mês em Porto Alegre. O fato não se confirmou, mas o show sofreu, apenas, um adiamento. Será em março de 2016, como parte integrante de uma turnê pela América Latina, que ainda terá outros três shows no Brasil. A apresentação de Porto Alegre encerrará a parte brasileira da turnê. A notícia é espetacular. Mesmo setentões, os Rolling Stones ainda são capazes de fazerem shows incendiários. Estive entre os que assistiram o histórico show gratuito na praia de Copacabana, em fevereiro de 2006. A excursão brasileira que se aproxima, portanto, ocorrerá dez anos depois daquela noite inesquecível. Os Rolling Stones chegarão aqui com uma bagagem de 53 anos de carreira, o que faz com que o setlist de seus shows seja repleto de clássicos e grandes sucessos. O público vai ao delírio com músicas como "Satisfaction", "Let's Spend the Night Togheter", "Jumpin Jack Flash", "Ruby Tuesday", "Brown Sugar", "Angie", "Wild Horses", "Start me Up" "Waiting on a Friend", entre tantas outras que permanecem na memória de sucessivas gerações. Agora, com a confirmação da data do show, começa a contagem regressiva. Os ingressos, é claro, deverão ter um custo um tanto elevado, mas um show dos Rolling Stones vale cada centavo que por ele for pago. Os Rolling Stones vem aí, e isso é o que importa.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O Estado laico ameaçado

Desde a proclamação da República, o Brasil é um país laico, ou seja, adota a separação entre o Estado e a religião. Dessa forma, não há uma religião oficial e é assegurada ampla liberdade de culto. Porém, o Estado laico, no Brasil, está sendo ameaçado, pelo avanço da chamada "bancada evangélica" no Congresso Nacional. Numerosa, e tendo entre seus membros o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), a referida bancada tem apresentado projetos retrógrados, alguns risíveis e estapafúrdios como o da "cura gay", na tentativa de impor ao país sua particular visão de mundo. A mais recente iniciativa desse grupo foi a aprovação de um projeto que permite às igrejas questionarem o Supremo Tribunal Federal, órgão máximo da Justiça no país, e a própria Constituição. Conforme o relator do projeto, o STF tem preconceito com as igrejas, preferindo adotar critérios científicos em suas decisões em detrimento dos aspectos religiosos. Como se isso fosse errado! Era só o que faltava o STF deixar de lado a fundamentação científica para abraçar teses embasadas no preconceito, na superstição, no atraso mental e  no obscurantismo, características que são próprias de todas as religiões, em maior ou menor grau. A laicidade do Estado é uma conquista inegociável da cidadania. Os setores mais esclarecidos e evoluídos da sociedade brasileira precisam responder, imediatamente, a esse avanço do fundamentalismo religioso. O país não pode se tornar refém desse grupo que quer remetê-lo para uma organização social anacrônica. O projeto aprovado hoje tem de ser considerado a gota d'água na ação dos evangélicos no Congresso Nacional. Há que se buscar, o quanto antes, um meio de deter a ação desses agentes do arcaísmo.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Falso estadista

Nos últimos meses, a figura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem se tornado constante na mídia. Ele opina sobre a situação política do país com ar professoral, externa variados conceitos, e chega a aconselhar que a presidente Dilma Rousseff renuncie ao cargo. Agora, FHC está lançando o primeiro volume dos seus diários do tempo em que foi presidente. A imprensa conservadora não deixa por menos, e o apresenta como um exemplo de estadista. Mais uma vez, aplica-se nesse caso a memória seletiva da direita brasileira. Ela adora destacar o fato de que Dilma Rousseff está com uma popularidade de apenas 8%, atualmente. Esquece, convenientemente, de que esse era o índice de popularidade de FHC no final de seu governo. Condena, veementemente, a corrupção dos governos de Luís Inácio Lula da Silva e Dilma, mas não tem a mesma postura quanto ao fato de FHC ter recorrido a compra de votos no Congresso Nacional para conseguir aprovar a emenda que instituiu a reeleição. O "estadista" em questão, ao assumir o poder, pediu que as pessoas esquecessem o que ele havia escrito em sua longa carreira de sociólogo de clara inspiração de esquerda. Em seu governo, promoveu uma onda de privatizações, torrando patrimônio público em troca de moedas podres. Se o PT é acusado de fazer alianças pouco nobres com partidos de todos os espectros, FHC não ficou atrás. Entre seus aliados estava, entre outros nomes pouco recomendáveis, o falecido ex-senador Antônio Carlos Magalhães, um típico "coronel" da política brasileira. Fernando Henrique Cardoso é um homem de inegável cultura e capacidade intelectual. Não se distingue, no entanto, do panorama desolador da política brasileira. Não passa de um falso estadista, lobo em pele de cordeiro.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Piorando o que já era ruim

Há poucos dias, nesse espaço, abordei a preocupante perspectiva de futuro do futebol brasileiro, tomando por base o desempenho da Seleção Brasileira Sub-17 no campeonato mundial da categoria, que está sendo realizado no Chile. Destaquei o fato de que a equipe conseguira uma passagem de fase vencendo a Nova Zelândia por 1 x 0, com um gol de pênalti aos 48 minutos do segundo tempo, e que o adversário já havia desperdiçado uma outra penalidade máxima. Sabidamente, a Nova Zelândia é um país que não tem tradição no futebol, e uma vitória tão magra, nas circunstâncias referidas, revela a que ponto chegou a pobreza técnica atual do futebol brasileiro. Pois aquilo que já era ruim acabou piorando. Ontem, a Seleção Brasileira Sub-17 foi eliminada da competição ao ser goleada pela Nigéria por 3 x 0 sofrendo três gols em apenas quatro minutos, o último deles um frango do goleiro. Não estou entre aqueles que acham que a Seleção Brasileira principal vá ficar fora de uma Copa do Mundo algum dia, mas se os jogadores que representam o futuro do futebol do país demonstram um nível tão precário, o que se pode esperar mais para a frente? Afinal, dessa geração é que devem sair jogadores para disputar as Copas de 2022 e 2026. Para a única seleção a ter ganho cinco Copas, não basta participar, é preciso ter condições de buscar o título. Pelo que se tem observado das seleções Sub-20 e Sub-17 do Brasil, a tendência é que um prolongado jejum de conquistas, como ocorreu entre as Copas do Mundo de 1970 e 1994, volte a ocorrer. Está mais do que na hora de buscar as causas desse empobrecimento constante do futebol brasileiro, e tomar as medidas necessárias para que ele possa retornar ao patamar dos seus melhores tempos.

domingo, 1 de novembro de 2015

Tropeço em hora errada

O Inter perdeu para o Goiás por 2 x 1, de virada, hoje, no Serra Dourada, pelo Campeonato Brasileiro. Foi o que se pode definir como um tropeço em hora errada. As chances de obter uma classificação para a Libertadores, que eram razoáveis, tornaram-se meramente teóricas. O Inter está, agora, três pontos atrás de Santos e São Paulo, com menor número de vitórias e um saldo de gols muito inferior. Faltando cinco rodadas para o final do Brasileirão, essa situação ainda pode ser alterada, mas isso é muito pouco provável. Hoje, depois de fazer um bom primeiro tempo e obter uma vitória parcial por 1 x 0, com um golaço de Valdívia, o Inter parou no segundo, levando dois gols logo no início, e não conseguindo reagir. Embora as declarações no vestiário do Inter fossem de que as chances de ir para a Libertadores ainda existem e de que é preciso continuar lutando por esse objetivo, a derrota para o Goiás deverá gerar um grande desânimo no clube. Ao que tudo indica, 2015 acabou para o Inter.

Classificação encaminhada

O Grêmio venceu o Flamengo por 2 x 0, hoje, na Arena, pelo Campeonato Brasileiro. A vitória deixou a classificação do Grêmio para a Libertadores encaminhada, e, com a derrota do Atlético Mineiro para o Corinthians, a chance de ser vice-campeão do Brasileirão voltou a aparecer no horizonte do clube. O curioso é que o Grêmio só jogou no segundo tempo. Foi o inverso, portanto, do ocorrido contra a Chapecoense, quando, depois de abrir 2 x 0 no placar, o Grêmio retornou irreconhecível do intervalo, e sofreu a virada. Hoje, no primeiro tempo, a atuação do Grêmio foi muito ruim. O time não conseguia acertar passes e submetia-se à marcação do Flamengo. As entradas de Éverton e Bobô acabaram se mostrando decisivas. Éverton entrou na volta do intervalo, e Bobô, mais adiante. Foram eles que marcaram os gols da vitória. Sempre que é colocado no time, Éverton dá boa resposta. Ainda assim, o técnico do Grêmio, Róger Machado, só lhe dava alguns minutos para mostrar seu futebol. Contra o Flamengo, com a chance de jogar um tempo inteiro, reafirmou que é merecedor de ganhar novas oportunidades. Bobô, por sua vez, calou a boca dos críticos, fazendo mais um gol e comprovando sua utilidade. Porém, o melhor jogador do Grêmio em campo foi Geromel. Sua atuação foi simplesmente impecável. Luan, por outro lado, apresentou uma atuação irregular. Péssima no primeiro tempo, boa no segundo. Ainda que o futebol do time esteja claudicante nos últimos jogos, o Grêmio vai atingindo os objetivos que lhe restam na competição, e deverá ter um final de ano tranquilo.

sábado, 31 de outubro de 2015

Retrocesso

Os problemas políticos vividos pelo governo federal estão sendo usados pelas forças do atraso para tentar levar o Brasil a um retrocesso absurdo. Não bastasse a ideia de cogitar dar andamento a um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff que não encontra justificativa fora do revanchismo de quem não assimilou o resultado legítimo estabelecido pelas urnas, projetos retrógrados surgem seguidamente no Congresso Nacional com propostas como a flexibilização do desarmamento e de restrição ao direito das mulheres de poderem interromper uma gravidez resultante de estupro. As administrações do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff foram marcadas por avanços da legislação nos campos do comportamento e dos avanços sociais. Os direitos das chamadas minorias foram reconhecidos. Some-se a isso a ascensão econômica de milhões de brasileiros que compunham a base da pirâmide social e se tem o quadro que tanto horroriza os demofóbicos. O Congresso Nacional, que em tempos idos abrigava figuras de grande gabarito intelectual, hoje está dominado por fundamentalistas evangélicos e apologistas do autoritarismo. A crise econômica que o Brasil vive causa aflições, sem dúvida, mas acontecimentos desse tipo são cíclicos na vida dos países, e devem ser superados dentro da normalidade institucional. O que não se pode aceitar é o oportunismo da oposição de usar esse momento para tentar impor sua agenda medieval. Os brasileiros tem de ficar atentos, e não se deixarem levar por discursos mal intencionados. Depois, como expressa o ditado, não adianta chorar o leite derramado.