quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Debate revelador

A influência dos debates televisivos sobre os eleitores é relativa. A cristalização de posições por significativas porções do eleitorado faz com que as fragilidades expostas pelos candidatos sejam, muitas vezes, ignoradas. Porém, se entre os indecisos eles forem um fator de encaminhamento do voto, a direita deve refrear seu entusiasmo. Hoje, na Rede Bandeirantes, foi realizado o primeiro debate entre os candidatos a presidente. Foi um debate revelador, pelo que expôs das limitações dos candidatos conservadores. Cada um a seu modo, Jair Bolsonaro (PSL), Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB) mostraram toda a sua precariedade. Bolsonaro fracassou na forma e no conteúdo. Na forma porque era visível o seu nervosismo e insegurança. No conteúdo, por sua falta de argumentos, sua incapacidade de aprofundar qualquer questão. Suas considerações finais foram patéticas. Alckmin e Meirelles foram duas faces da mesma moeda. Sem nenhum carisma e empatia, limitaram-se a fazerem autoelogios por supostas grandes realizações nos cargos que ocuparam. Os candidatos de esquerda se saíram melhor. Guilherme Boulos (PSOL) se mostrou desenvolto e incisivo. Ciro Gomes (PDT) esteve seguro e afirmativo. Ter sido evitado pelos demais candidatos evidenciou o quanto é temido nos enfrentamentos. Em relação aos demais participantes, pouco há a destacar. Cabo Daciolo (Patriota) é uma figura ridícula, cuja presença num debate gera apenas constrangimento. Álvaro Dias (Podemos) fugiu de uma pergunta sobre feminicídio. Marina Silva (Rede), foi a mesma de sempre, com um discurso recheado de boas intenções, mas tangenciando as questões mais polêmicas. O grande beneficiado do debate foi quem esteve ausente dele, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Diante da fragilidade, evidenciada no debate, da maioria dos seus oponentes, a chance de vencer a eleição é enorme, quer seja ele mesmo o candidato ou Fernando Haddad concorrendo com o seu apoio.