terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

A certeza da impunidade

Mantendo sua rotina, o presidente Jair Bolsonaro cometeu mais uma grosseria. Dessa vez, fez uma declaração com conotação sexual dirigida à jornalista Patrícia Campos Melo, da Folha de São Paulo. A atitude foi repudiada pela própria Folha de São Paulo, Associação Brasileira de Imprensa, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, OAB, entre outras instituições mas, como de hábito, Bolsonaro não recuou, e muito menos se retratou. Seu filho, Flávio Bolsonaro, diante dos protestos de deputadas federais contra a atitude misógina do ex-capitão, deu uma "banana" para as parlamentares, repetindo o gesto repulsivo de seu pai. Essas baixezas em sequência não acontecem por acaso. Bolsonaro e seus filhos têm a certeza da impunidade. Sabem que, por pior que façam, nada lhes acontecerá, pois estão blindados pelo conluio que os levou ao poder. O despreparo de Bolsonaro para ocupar o cargo de presidente é evidente. Seu comportamento atenta contra o decoro exigido por tão alta função. Porém, ninguém toma a iniciativa de propor o impeachment de Bolsonaro, dado que está a serviço dos promotores do golpe que derrubou uma presidente legitimamente eleita. Seu único compromisso é atender os interesses do "mercado", ou seja, de banqueiros, industriais, grandes comerciantes, agentes do agronegócio e mineradoras. Claramente, Bolsonaro se diverte com a repercussão das asneiras que diz e das grosserias que comete. Sabe que tem as costas quentes, que os protestos contra seus atos não terão consequência. Resultado de um golpe premeditado promovido pelos setores oligárquicos da sociedade brasileira, o governo Bolsonaro é um absoluto desastre, mas segue inabalável, pois tem o respaldo das Forças Armadas e do imperialismo americano. O país é que paga o preço dessa situação. Não será fácil a sua reconstrução ética e econômica no dia em que esse pesadelo acabar.