terça-feira, 18 de outubro de 2011

Um modelo em crise

A imprensa de direita tenta menosprezá-lo, mas o movimento Ocupe Wall Steet, deflagrado há um mês nos Estados Unidos, é mais uma evidência da crise do sistema capitalista. O movimento surgiu quando um grupo de jovens decidiu acampar numa praça no centro financeiro  de Nova York, no sul de Manhattan. A partir dali, o Ocupe Wall Street se espalhou por outras importantes cidades americanas, como Washington, Boston, Chicago, Los Angeles e São Francisco. Utilizando palavras de ordem contra o sistema financeiro e a desigualdade social, a iniciativa está ganhando popularidade e é apoiada pela maioria dos homens, mulheres e jovens do país. O pré-candidato a presidente dos Estados Unidos pelo Partido Republicano, Mitt Romney, mostra que a direita já acusou o golpe. Romney disse que "isso é perigoso, isso é luta de classes". Outro direitista empedernido, Herman Cain, também pré-candidato a presidente pelo Partido Republicano declarou: "Não culpe Wall Street nem os grandes bancos. Se você não é rico nem tem emprego, culpe a si mesmo". Porém, outras vozes foram menos depreciativas em relação ao movimento. O presidente do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, Ben Bernanke, ponderou: "Eles culpam o setor financeiro pela bagunça em que vivemos e estão insatisfeitos com a resposta de Washington. Em certa medida, eles tem razão". Na mesma linha, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, argumentou: Acho que eles expressam a frustração que o povo americano está sentindo". Uma frustração, aliás, fácil de entender, afinal, a desigualdade social nos Estados Unidos aumenta a cada dia. Nos últimos trinta anos, por exemplo, os salários em Wall Street foram, em média, 450% maiores que os pagos pelos demais setores da iniciativa privada. Num país que sempre fez a apologia da busca do sucesso pessoal e do enriquecimento, é sintomático que uma iniciativa como o Ocupe Wall Street vá ganhando cada vez mais adeptos. A direita pode até não querer admitir, mas isso é uma evidência de que o modelo capitalista vive uma séria crise. Tomara que, a partir dela, o mundo possa vislumbrar uma alternativa para um modelo tão espúrio, injusto, desigual e concentrador de renda. Com base na grande aceitação do Ocupe Wall Street, e parodiando John Lennon, eu lhes digo que eu posso ser um sonhador, mas não sou o único.