domingo, 31 de março de 2013

Erros

O Grêmio empatou com o Passo Fundo em 1 x 1, hoje à tarde, no Vermelhão da Serra, pelo Campeonato Gaúcho. O resultado se explica por uma série de erros, cometidos antes e durante o jogo. O erro de antes da partida foi a escalação do Grêmio, mais uma vez com um time inteiramente descaracterizado, tendo apenas dois titulares, mesmo depois de uma derrota constrangedora para o Cruzeiro, na Arena. Mesmo assim, o Grêmio saiu na frente no placar, com um gol de pênalti, e se encaminhava para a vitória, quando o técnico Vanderlei Luxemburgo, a partir dos 23 minutos do segundo tempo, realizou três substituições absolutamente equivocadas, que fizeram o rendimento do time cair, proporcionando ao Passo Fundo a chance de empatar. O terceiro e decisivo fator foi a arbitragem. O árbitro Ânderson Daronco e os seus bandeirinhas tiveram uma atuação absolutamente calamitosa. No início do segundo tempo, Kléber sofreu um pênalti claríssimo, que não foi marcado por Daronco. Mais tarde, foi assinalado um impedimento absurdo de Vargas, que estava na mesma linha dos zagueiros, num lance que tinha tudo para resultar em gol. Um lugar comum do futebol expressa que "time bom passa por cima da arbitragem", o que não é verdade. Erros como os cometidos, hoje, pela arbitragem, determinam o resultado de um jogo, o que não pode ser admitido. Os erros de escalação e substituição de um técnico e os de desempenho dos jogadores em nada absolvem as falhas de árbitro e bandeirinhas. São coisas inteiramente diferentes. Os erros de técnicos e jogadores são circunstâncias naturais do futebol. As falhas de arbitragem subvertem a construção normal de um resultado e, portanto, não podem ser toleradas. Com tantos erros somados, em tantos níveis, a vitória do Grêmio seria altamente improvável. O pior para o Grêmio é que esse empate vem logo a seguir de uma derrota, o que o mantém em segundo lugar no seu grupo no Gauchão e muitos pontos atrás do Inter na classificação geral. Como na Libertadores sua situação também  não é confortável, não há como deixar de considerar que é muito pouco retorno para uma folha de pagamento que, se especula, é de R$10,5 milhões.

sábado, 30 de março de 2013

Roteiro previsível

Poucas coisas podem ser mais inadequadas do que um jogo de futebol às 21 horas de um sábado. Se for por um dos tantos chatos e desinteressantes campeonatos estaduais, pior ainda. Pois foi isso que aconteceu, hoje à noite, no Estádio do Vale, em Novo Hamburgo, onde o Inter venceu o Esportivo, de Bento Gonçalves, por 2 x 0, pelo Campeonato Gaúcho. Afora a sua falta de qualidade, o jogo ainda seguiu um roteiro previsível, em se tratando de partidas do Inter no Gauchão, em quaisquer de suas edições. Como, mesmo diante de um adversário frágil, o Inter não conseguisse abrir o placar, o árbitro Márcio Chagas da Silva deu uma providencial colaboração expulsando o zagueiro Ediglê, do Esportivo, aos 43 minutos do primeiro tempo. Dois minutos mais tarde, o Inter fazia 1 x 0, gol de Caio. Veio o segundo tempo e, é claro, o Inter ampliou o escore, com mais um gol de D'Alessandro, estabelecendo o resultado final. O Inter segue líder de seu grupo e abriu vantagem considerável na classificação geral. Uma situação muito confortável para quem já ganhou o primeiro turno e poderá ser campeão, sem necessidade de uma decisão, caso vença, também, o segundo. Enquanto isso, o Grêmio irá jogar, amanhã, contra o líder do seu grupo, o Passo Fundo, no Vermelhão da Serra, com um time quase todo de reservas, ou seja, com menos qualidade e desentrosado, para poupar jogadores em função da partida contra o Fluminense, pela Libertadores, no dia 10 de abril. Se aturar a ruindade da competição já é difícil para qualquer um, para os torcedores do Grêmio deve ser ainda mais duro.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Tradições

Hoje é Sexta-Feira Santa, e é interessante perceber o quanto datas como essa foram perdendo força ao longo do tempo. Desde já, deixo claro que não se trata de uma observação em tom de lamento, pelo contrário. A influência da Igreja Católica no Brasil sempre me pareceu excessiva, de forma a impor seus usos e costumes, crenças e rituais, como se todos devessem segui-los. A chamada "secularização" da sociedade, tão condenada por alguns religiosos, é, na verdade, bastante saudável, principalmente num país laico. Os que já não são tão jovens, como é o meu caso, ainda se recordam dos tempos em que, na Sexta-Feira Santa, as rádios não podiam tocar músicas, com exceção das composições sacras. A proibição ao consumo de carne era seguida a risca, quem não o fizesse cometia um "terrível pecado". As famílias viviam um dia de pesar, em que não se permitiam risos ou brincadeiras. O conteúdo religioso da Semana Santa sobressaía fortemente sobre interesses mundanos, como aproveitar dias de folga ou ganhar chocolates. Esses tempos ficaram para trás. Claro que continuam as missas e celebrações, procissões, encenações do calvário de Jesus Cristo, entre outras fortes manifestações de religiosidade típicas dessa época do ano. Os que professam a fé católica tem todo o direito de vivenciarem a data de acordo com seus preceitos e convicções. Porém, isso fica restrito ao âmbito das paróquias, como sempre deveria ter sido. As rádios, agora, tocam todo o tipo de música, sem restrições. As pessoas riem e brincam livremente, sem constrangimentos. A grande maioria da população encara a data, e os demais dias de feriado da Semana Santa, como uma oportunidade para viajar e vê na Páscoa um dia para presentear com chocolates. Há os que lamentam profundamente que, hoje em dia, essa e outras datas religiosas não sejam reverenciadas como em outras épocas. Não estou entre eles. A fé é uma questão pessoal, não coletiva. Cada um que viva de acordo com o que pensa e acredita. A sociedade como um todo, contudo, não deve alterar o seu procedimento habitual em função de nenhuma data religiosa. Isso não é "secularização", é avanço civilizatório, fuga do obscurantismo. Para quem, como eu, conheceu o quadro anterior, é, sobretudo, motivo de grande satisfação.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Derrota inaceitável

O Grêmio perdeu para o Cruzeiro por 2 x 1, hoje à noite, na Arena, pelo Campeonato Gaúcho. Trata-se de  uma derrota inaceitável. O Grêmio tinha, até então, 100% de aproveitamento no segundo turno do Gauchão. Com o empate, ontem, entre Novo Hamburgo e Passo Fundo, uma vitória do Grêmio, hoje, o tornaria líder isolado do seu grupo e lhe possibilitaria ir em busca da maior pontuação na classificação geral, obtendo a vantagem de jogar em seu estádio uma eventual decisão do segundo turno. Com a derrota, o Grêmio continua atrás do Passo Fundo, adversário contra o qual jogará fora de casa no domingo, provavelmente com um time misto, dada a intenção do técnico Vanderlei Luxemburgo de poupar alguns jogadores. As perspectivas, portanto, não são alentadoras. O jogo decisivo contra o Fluminense, pela Libertadores, se aproxima, e o Grêmio não consegue transmitir confiança para o seu torcedor. Na derrota para o Cruzeiro, nada se salvou no Grêmio. O time foi desastroso do ponto de vista coletivo e individual. Taticamente, a adoção do esquema com três atacantes fracassou rotundamente. Animicamente, o conjunto mostrou-se de uma apatia inexplicável. Barcos foi desperdiçado no seu potencial de goleador, jogando distante da área. Kléber foi o mesmo de antes da lesão, um atacante que joga afastado da área, de costas para o gol, buscando sempre o entrechoque e tentando cavar faltas. Welliton, ainda que tenha marcado um gol, comprovou ser muito fraco tecnicamente. Werley esteve irreconhecível, Pará e André Santos, nas laterais, foram inexpressivos. William José, que entrou no segundo tempo, mostrou-se, mais uma vez, uma nulidade. O Grêmio tem um dos técnicos mais renomados do país, sua folha de pagamento, conforme alguns, já teria atingido a impressionante cifra de R$ 10,5 milhões. No entanto, desde que Vanderlei Luxemburgo chegou ao clube, há mais de um ano, nada disso se traduz em resultados de campo. O Grêmio continua a ser o time do quase, que sempre fraqueja nos momentos decisivos. Algo precisa ser feito para mudar esse quadro. As fortes vaias do torcedor, após o final do jogo, demonstram que ele, com razão, já está perdendo a paciência.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Péssimo futebol

O Inter empatou com o São José em 0 x 0, hoje á noite, no Passo D'Areia, pelo Campeonato Gaúcho. O que mais chamou a atenção no jogo foi o péssimo futebol dos dois times. A partida se arrastou, quase sem lances de gol, em mais uma demonstração do baixíssimo nível técnico do Gauchão. O Inter poupou alguns jogadores, mas isso não serve como desculpa. Afinal, o goleiro Muriel, os laterais Gabriel e Fabrício, o volante Josimar e o atacante Leandro Damião, todos titulares, estavam presentes no time. Dátolo, que substituiu D'Alessandro, tem nível técnico de titular. Portanto, se o Inter não saiu do empate contra um time que tinha perdido todos os jogos que fizera no segundo turno, a justificativa para o tropeço não está nos titulares ausentes nem no gramado sintético. Mais uma vez, houve quem dissesse que o resultado evidenciou que o Inter tem um bom time, mas sem peças de reposição. Ora, por mais que o banco do Inter não ofereça uma riqueza de opções, deveria proporcionar condições suficientes para vencer o fraco time do São José. A cada jogo que se sucede dos campeonatos estaduais, seja no Rio Grande do Sul ou em qualquer outro lugar, certamente aumenta a ansiedade das pessoas para que eles terminem logo e comece o Campeonato Brasileiro, tornando possível assistir jogos de maior qualidade. No entanto, ainda faltam dois meses para que isso aconteça. Pobre torcedor!

terça-feira, 26 de março de 2013

A busca da solução

Os torcedores do Grêmio esperam que o almoço de hoje reunindo o presidente Fábio Koff, os ex-ocupantes do cargo Paulo Odone e Duda Kroeff e o presidente do Conselho Deliberativo, Raul Régis de Freitas Lima, tenha sido o início da busca de uma solução para a interminável discussão sobre a parceria entre o clube e a construtora OAS na administração da Arena, o novo estádio do clube. Tudo começou quando, no início do ano, Fábio Koff declarou que a Arena não era do Grêmio, que teria de pagá-la por 20 anos. A afirmação caiu como uma bomba junto ao torcedor do Grêmio, até então orgulhoso de seu magnífico novo estádio, e serviu de motivo de zombaria para a torcida do seu maior rival, o Inter. A cada dia, membros da nova diretoria do clube, conselheiros, e palpiteiros de todo o tipo, manifestavam publicamente previsões apocalípticas sobre o futuro da parceria, prevendo, até mesmo, a insolvência financeira do Grêmio. Depois de três meses de silêncio, o ex-presidente Paulo Odone concedeu entrevistas em que se defendeu de várias acusações que tem recebido, e garantiu que o negócio entre Grêmio e OAS é excelente para o clube. Odone destacou que o contrato teve a anuência do conselho deliberativo do clube, já que 18 reuniões do orgão teriam sido realizadas com o intuito de analisá-lo. As dúvidas do torcedor e da opinião pública em relação ao assunto ainda são muitas, as desconfianças de que o negócio tenha sido lesivo aos interesses do Grêmio também são grandes. Porém, o contrato não pode ser desfeito. O que talvez possa ocorrer seja a alteração de seu teor para torná-lo mais favorável para o Grêmio. Seja como for, o almoço de hoje pode apontar para um entendimento que leve a uma pacificação do clube. Seria muito bem que essa hipótese se confirmasse. Afinal, o único prejudicado, até agora, com tanta efervescência nos bastidores tem sido o Grêmio. Num ano em que busca alcançar seu terceiro título da Libertadores tudo o que o Grêmio não precisa é de um ambiente tão convulsionado. Com um time forte e um belo estádio recém inaugurado, o Grêmio tem de concentrar-se é em proporcionar grandes conquistas ao seu torcedor, tão carente delas nos últimos 12 anos.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Preocupante

Se faltava algum motivo para que se visse com extrema preocupação as perspectivas da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2014, não resta mais nenhum. Ao empatar em 1 x 1 com a Rússia, hoje, no Stamford Bridge, em Londres, a Seleção deixou qualquer torcedor, por mais otimista que seja, aterrorizado. O empate só veio aos 45 minutos do segundo tempo, e a derrota não teria sido injusta. Nos primeiros minutos de jogo, a equipe brasileira sequer conseguia atravessar o meio de campo, e foi submetida a um verdadeiro bombardeio da Rússia, uma situação constrangedora para uma seleção que é a maior vencedora de Copas do Mundo, com cinco títulos, contra uma força apenas média do futebol mundial. Nem mesmo os jogadores dos quais mais se espera uma contribuição de maior qualidade se destacaram. Neymar, de grande atuação contra a Itália, esteve apagado, Oscar nem de longe lembrou os seus melhores momentos, e Kaká foi inexpressivo. O destaque positivo foi Fred, que marcou mais um gol, comprovando que é o homem certo para a posição, ainda que alguns, incrivelmente, lhe façam restrições. Nenhum outro centroavante brasileiro, jogando no país ou no exterior, é superior a Fred. Porém, isso é muito pouco. Para ter pretensões de ganhar a Copa, a Seleção precisará de muito mais. A simples substituição do técnico parece não estar surtindo efeito. A Seleção Brasileira segue sem vencer adversários importantes, sua última vitória sobre uma equipe de renome foi contra a Inglaterra em 2009, e ostenta sua pior colocação no ranking da Fifa, 18º lugar. Um quadro, cada vez mais, inquietante em termos de futuro.

domingo, 24 de março de 2013

Sem surpresa

O Inter goleou o Santa Cruz por 3 x 0, hoje á tarde, no Estádio dos Plátanos, pelo Campeonato Gaúcho. Com isso, prossegue a rotina no segundo turno do Gauchão, com Grêmio e Inter jogando com seus titulares e ganhando com a maior facilidade dos clubes do interior. Outrora um bravo adversário contra a dupla Gre-Nal, o Santa Cruz, que completará 100 anos na terça-feira, mesmo jogando em casa, foi presa fácil para o Inter, e se encaminha, melancolicamente, para a segunda divisão, depois de 30 anos ininterruptos na primeira. Não foi nem sombra do clube que tantas vezes tirou pontos de Grêmio e Inter, dentro e fora de seu estádio. Há um paradoxo intrigante no campeonato estadual. Os clubes do interior recebem da televisão um bom dinheiro, coisa de que não dispunham em  tempos passados, e nunca montaram times tão fracos como agora. As partidas se sucedem, desinteressantes e com pouco público, com Grêmio e Inter jogando contra adversários que lhes exigem pouco mais do que o esforço realizado num treino. Um triste espetáculo, que ainda se arrastará por mais dois meses.

sábado, 23 de março de 2013

Vitória com atuação burocrática

O Grêmio venceu o Caxias por 2 x 0, hoje à noite, na Arena, pelo Campeonato Gaúcho. A vitória foi obtida  sem maior dificuldade, mas o Grêmio não repetiu os bons desempenhos que teve contra o Lajeadense e o Pelotas. Foi uma atuação burocrática. O primeiro gol veio cedo, numa cobrança de pênalti de Kléber, aos 16 minutos do primeiro tempo. Dois minutos depois, outro pênalti para o Grêmio, mas, dessa vez, quem cobrou foi Barcos, e o goleiro defendeu. O Grêmio prosseguiu de dono absoluto do jogo, pois o Caxias, praticamente, não atacava. No segundo tempo, o jogo seguia no mesmo diapasão, até que, aos 36 minutos, após uma cobrança de escanteio, Kléber fez 2 x 0. O Grêmio segue com 100% de aproveitamento no segundo turno do Gauchão, e, na quarta-feira, jogará, novamente na Arena, contra o Cruzeiro, que faz má campanha e não deverá lhe opor muita resistência.. Na partida de hoje, o que se tirou de proveito, efetivamente, foi a vitória. A produção do Grêmio esteve longe de ser satisfatória, e se o Caxias tivesse um pouco mais de qualidade e ambição o jogo poderia ter se complicado.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Preferência

O assunto tem sido recorrente nesse espaço, mas é inevitável. Duas pesquisas, divulgadas num intervalo de poucos dias, demonstram que a presidente Dilma Rousseff ostenta uma condição das mais tranquilas, tanto no momento presente quanto nas projeções para o futuro. No presente, Dilma apresenta um índice de popularidade de 63%, jamais alcançado por um presidente brasileiro aos dois anos de mandato. Como projeção futura, uma pesquisa de intenções de voto para a eleição presidencial de 2014, aponta Dilma com 58%, contra 16% de Marina Silva, e 10% de Aécio Neves. Chama a atenção que Marina Silva esteja em segundo lugar. Marina é ex-integrante do PT, mesmo partido de Dilma, seu ideário é, nitidamente, de esquerda, e tem um forte apelo na questão ambiental. Na última eleição presidencial, concorrendo pelo PV, Marina teve expressiva votação. As intenções de voto em Dilma e de Marina, somadas, perfazem 74% da preferência do eleitorado. A opção do eleitor não pode ser mais evidente. Duas mulheres, ambas de esquerda. Uma, Dilma, é uma ex-guerrilheira que combateu a ditadura militar. Outra, Marina, uma nortista, lutadora da causa ambiental, que só foi se alfabetizar na idade adulta e elegeu-se senadora. Duas mulheres fortes, de biografia admirável, e de uma coerência ideológica mantida ao longo de suas trajetórias. O candidato de oposição frontal ao governo, Aécio Neves, aparece, apenas, em terceiro lugar. Aécio é uma figura sobejamente conhecida, tem uma extensa carreira política, e, ainda assim, seu índice é minguado. O novo "queridinho" dos antigovernistas, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, também é citado na pesquisa, com, somente, 6% das intenções de voto. Claro, falta muito tempo para a eleição. Eduardo Campos, se vier mesmo a concorrer, poderá crescer nas intenções de voto, à medida que venha a se tornar mais conhecido nacionalmente. Aécio também deverá ampliar seu índice. Porém, a postura do eleitorado é cristalina. Ele quer um governo de esquerda, comprometido com os cidadãos. Receitas de governos que privilegiam o alto da pirâmide social e trocam patrimônio público por moedas podres já  foram testadas e não agradaram. Aos que desejam uma mudança radical no governo federal, convém se munir de muita paciência. Nada indica que essa alteração vá ocorrer tão cedo.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Rotina

A superioridade de Grêmio e Inter sobre os clubes do interior é tão grande que a tendência é que eles ganhem todos os seus jogos pela fase classificatória da Taça Farroupilha, o segundo turno do Campeonato Gaúcho. A vitória do Inter sobre o São Luiz por 2 x 1, hoje á noite, no Estádio do Vale, em Novo Hamburgo, confirmou essa impressão. Sabia-se que o jogo não seria tão fácil como o da decisão da Taça Piratini, e que a ausência de Diego Forlán pesaria contra o Inter, mas, ainda assim, isso não impediu a vitória. O Inter saiu na frente com um gol de Leandro Damião no primeiro tempo, o São Luiz empatou no início do segundo, e, quando tudo parecia indicar que esse seria o resultado final, uma cobrança de falta de D'Alessandro determinou mais uma vitória de um grande sobre um pequeno. O Gauchão segue a sua rotina entediante de resultados previsíveis, esperando que uma possível decisão entre Grêmio e Inter o redima, no seu final, de uma de suas edições mais fracas e desinteressantes.

Empate frustrante

Num jogo que reúne as duas seleções mais vitoriosas da história do futebol um empate nunca poderá ser considerado um mau resultado, por nenhuma das equipes. Porém, o empate da Seleção Brasileira com a Itália, por 2 x 2, hoje, em Genebra, na Suíça, foi frustrante para os brasileiros. Afinal, a Seleção abriu 2 x 0 no placar, ainda no primeiro tempo, e permitiu o empate da Itália, com dois gols no início do segundo. Por sinal, a Itália esteve muito mais perto de marcar o terceiro gol do que a Seleção. O técnico da Seleção Brasileira, Luís Felipe Scolari, também em nada contribuiu para um melhor resultado. Em vez de alterar taticamente a equipe após sofrer o empate, já que a escalação com três atacantes concedia espaços ao adversário, manteve a proposta original até o fim, trocando jogadores por outros da mesma posição. Afora isso, sacou os dois jogadores que marcaram gols, Fred e Oscar, e manteve quase até o fim o ineficiente Hulk. Kaká, que entrou no lugar de Oscar, deveria ter tido a chance de jogar ao lado de quem substituiu, o que aumentaria o potencial técnico da Seleção. Há três anos e oito meses a Seleção não ganha de adversários que já tenham conquistado o título mundial. Felipão parece ainda não saber qual a equipe e o esquema definitivos que irá escolher, e a Copa do Mundo de 2014 está cada vez mais perto. O técnico da Seleção foi trocado, mas os resultados seguem os mesmos, e as preocupações, também.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Mais uma vitória fácil

O Grêmio ganhou do Pelotas por 3 x 1, hoje à noite, na Boca do Lobo, pelo Campeonato Gaúcho. Foi mais uma vitória fácil do Grêmio no Gauchão, como se presumia que aconteceria quando o time titular entrasse em campo, de forma mais constante, na competição. O Grêmio abriu 2 x 0 no placar, chegou a tomar um gol, mas fez mais um, e em momento algum teve sua vitória ameaçada, embora o Pelotas lutasse muito e levasse perigo à defesa gremista. Mais uma vez, houve grandes destaques individuais. Barcos jogou muito bem, novamente, marcou um gol, e fez um espetacular lançamento para Elano marcar o terceiro. Guilherme Biteco, improvisado na lateral esquerda, também fez uma partida de alto nível. O lado negativo foi mais uma péssima atuação de Cris, e Dida saltando atrasado em algumas bolas, e denotando insegurança em outros lances. Coerente com o discurso do vestiário, o Grêmio tem escalado o que tem de melhor visando ganhar o segundo turno e se classificar para a decisão da competição. Seu próximo adversário será o Caxias, sábado, na Arena, e tudo está a indicar mais uma vitória. A repetição do time aprimora o entrosamento, e as vitórias em sequência elevam o moral do grupo. A continuar assim, o Grêmio tem tudo para chegar bem no jogo contra o Fluminense, e encaminhar sua classificação para a próxima fase da Libertadores.

terça-feira, 19 de março de 2013

Sem público

Os campeonatos estaduais, um anacronismo que o futebol brasileiro insiste em preservar, conseguem piorar a cada ano. Demasiadamente longos, de baixíssimo nível técnico, não conseguem mais despertar o interesse dos torcedores, nem mesmo nos clássicos. Em outros tempos, quando os grandes clubes se enfrentavam nos campeonatos estaduais, lotavam os estádios. Hoje, estes jogos não atraem sequer 20 mil pessoas. Em se tratando de partidas de grandes contra pequenos, ou destes últimos entre si, a frequência de público é, simplesmente, uma calamidade. Em recente jogo pelo Campeonato do Estado do Rio de Janeiro, Flamengo x Resende, apenas 1.700 pessoas compareceram ao Engenhão. O que se pode esperar de uma competição onde o clube de maior torcida do Brasil, o Flamengo, não consegue atrair nem 2 mil pessoas para uma partida? O quadro lamentável se repete em todos os estaduais. No Campeonato Gaúcho, um dos participantes, o Canoas tem uma média de 47 pagantes por jogo em casa! Excluídos os jogos que envolvem Grêmio e Inter, a média de público ficou em 613 pagantes por partida na fase classificatória do primeiro turno. O Gauchão tem a menor média de público dos principais campeonatos estaduais do país. Indiferente diante de situação tão deplorável, o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Noveletto, diz que o valor arrecadado nas bilheterias deixou de ser relevante. Conforme Noveletto, o dinheiro das cotas de televisão e da federação suprem os baixos números de bilheteria. Resta saber qual o sentido de se realizar uma competição que não desperta o interesse do público. A declaração de Noveletto, absurda em seu conteúdo e carregada de desfaçatez, demonstra que o futebol brasileiro precisa passar por uma faxina no seu aspecto administrativo. O mesmo Francisco Noveletto é quem promove, a cada ano, congressos técnicos do campeonato estadual em lugares como Europa, Buenos Aires, Punta del Leste e Caribe, e que encaminha a construção de uma nova e suntuosa sede para a Federação Gaúcha de Futebol. Tudo isso para, em troca, realizar campeonatos sem público. A saída de Ricardo Teixeira do cargo de presidente da CBF em nada beneficiou o futebol brasileiro, pois a corrupta e carcomida estrutura por ele comandada continua de pé. Está na hora do governo intervir, para salvar da ruína a maior paixão dos brasileiros.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Mudanças

Não sou um integrante do rebanho católico, nem de nenhuma outra religião, e, portanto, a figura do papa tem, para mim, uma importância muito relativa. Vejo o chamado sumo pontífice e a Igreja com os olhos do observador, não os do crente. Não há como ignorar o comandante de uma religião com 1, 2 bilhão de fiéis, com marcas indeléveis na história da humanidade. Sendo assim, ainda que não esteja entre aqueles que o tem como um líder espiritual, nem como alguém a ser venerado, acompanho com atenção as nítidas diferenças do papa Francisco em relação a todos os outros pontífices cuja atuação pude registrar. Tendo em vista a minha idade, o primeiro papa de que tomei conhecimento foi Paulo VI, ao qual se seguiram João Paulo I, João Paulo II, Bento XVI e, agora, Francisco. Desta forma, Francisco é o quinto papa cuja trajetória terei a oportunidade de observar. Pois bem, menos de uma semana depois de escolhido no conclave, e sem sequer ter sido entronizado, o que só ocorrerá amanhã, Francisco tem mostrado que é um papa diferente. O papa chama a atenção pelo seu despojamento. Seus antecessores gostavam da pompa e circunstância que envolve a condição papal. Francisco, ao contrário, parece desprezá-las profundamente, e adota uma informalidade no trato pessoal que espanta aqueles que se acostumaram a ver o papa como uma figura intocável. Talvez ninguém tenha dado uma definição melhor sobre Francisco do que a argentina Neida Márquez, uma engenheira de 26 anos, conforme registra a edição de hoje do jornal "Correio do Povo": "Ele é menos protocolar...O sinto próximo, e os outros me pareciam inacessíveis". Sim, Francisco é um papa que se mostra acessível, não procura mitificar sua função. Suas atitudes tem desconcertado a todos, desacostumados com um papa de estilo informal. Francisco, entre outras coisas, permitiu o contato dos fiéis com ele na saída de uma igreja, exasperando seus seguranças, e deu um beijo no rosto da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que, espantada, exclamou diante dele: "Nunca um papa me beijou antes". Mesmo que não venha a mudar a postura da Igreja em questões como o uso da camisinha, o casamento de homossexuais, o fim do celibato dos padres e a ordenação de mulheres, Francisco já terá sido um papa com lugar assegurado na história. Numa Igreja que perde adeptos a cada dia, pelo seu distanciamento e frieza em relação aos fiéis, Francisco é um papa que não se coloca num pedestal, quer estar próximo as pessoas, deixar os palácios e caminhar pelas ruas. Tendo em vista o contraste com o comportamento dos papas anteriores, isso não é pouca coisa.

domingo, 17 de março de 2013

Resultado previsível

O Inter venceu o Canoas por 3 x 1, hoje á tarde, no Complexo Esportivo da Ulbra, pelo Campeonato Gaúcho. Embora o Canoas tenha chegado a empatar o jogo, o domínio do Inter foi amplo, e o resultado absolutamente previsível. O Canoas faz péssima campanha, sendo candidato ao rebaixamento. O Gauchão é um fracasso técnico e de público como há muito tempo não se via. Os times, em sua quase totalidade, são fraquíssimos. Grêmio e Inter, com seus grupos de jogadores recheados de estrelas, não encontram dificuldades para obter vitórias, desde que joguem completos. O Grêmio ganhou do Lajeadense, um dos poucos times do interior com uma boa qualidade, ao natural, sem fazer maior esforço. O Inter, diante de um adversário muito mais fraco, não poderia mesmo enfrentar maior resistência. A única dúvida que ainda persiste é se o Inter ganhará também o segundo turno da competição, o que o faria campeão de forma automática, ou se terá de enfrentar o Grêmio numa decisão. Muito pouco para despertar interesse por um campeonato que tem 16 participantes.

sábado, 16 de março de 2013

Vitória tranquila

O Grêmio venceu o Lajeadense por 2 x 0, hoje, na Arena, pelo Campeonato Gaúcho. Não se podia esperar outro resultado com o Grêmio, em casa, jogando completo. O Lajeadense ainda estava invicto no Gauchão, e jogou relativamente bem, mas não teve poder ofensivo. Dida não foi obrigado a fazer nenhuma defesa mais difícil. A vitória do Grêmio foi tranquila, mas sem uma grande exibição. O maior destaque individual foi Zé Roberto, autor dos dois gols, o segundo, por sinal, belíssimo. O destaque negativo foi Cris, de muito má atuação, evidenciando que o Grêmio precisa, urgentemente, contratar um novo zagueiro titular. A presença de público também deve ser destacada. Mais de 16 mil pessoas estiveram compareceram ao jogo, um número muito bom em se tratando do campeonato estadual, tanto que já é o maior da competição. A vitória era uma obrigação, e foi alcançada. Agora, o Grêmio jogará, na quarta-feira, contra o Pelotas, fora de casa. Espera-se que haja coerência com o discurso de que o clube buscará a conquista do título do segundo turno, e, assim, seja escalado, novamente, o time titular. Não há razão para poupar jogadores, e o Pelotas, tradicionalmente, é um adversário difícil para o Grêmio. Está na hora de o bom time montado pelo Grêmio ganhar sequência de jogos, e buscar a conquista de todos os títulos possíveis, pois qualidade para tanto não lhe falta.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Obscurantismo

As diversas religiões acompanham a humanidade ao longo da história. O temor ao desconhecido, a insegurança ante os desastres naturais, a falta de explicação para determinados acontecimentos e a fragilidade psicológica própria dos seres humanos, entre outros fatores, favoreceram a busca de amparo no sobrenatural. O que não podia ser entendido ou explicado era logo atribuído a forças superiores. Assim, tivemos o surgimento das religiões politeístas, com seus vários deuses, e, mais tarde, chegamos ao monoteísmo, com sua crença num deus único e onipotente, variando, apenas, na denominação. Em nome deste deus supremo, uma série de regras e dogmas são impostas aos fiéis, que devem segui-los, sob pena de incidirem no pecado. Cada um acredita no que quer, e, afora os países que adotam uma teocracia, ou seja, uma religião oficial de Estado, todos os demais asseguram, em suas leis, a liberdade de culto. Não há, portanto, nada de errado em alguém escolher uma religião e se submeter aos seus ditames. O problema ocorre quando uma ou mais correntes religiosas resolvem extrapolar os limites de sua atuação e estender seus preceitos para o restante da sociedade. Com exceção das já referidas teocracias, os governos são laicos. Portanto, as leis de qualquer país não tem de obedecer a imposições de caráter religioso. Os segmentos mais esclarecidos constituem o verdadeiro elemento propulsor da sociedade, garantindo seu inexorável avanço, e não podem ser submetidos ao obscurantismo característico dos crentes de qualquer confissão religiosa. No Brasil, particularmente, a crescente influência política das igrejas evangélicas constitui um caminho para o retrocesso. A recente eleição do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), pastor da Assembleia de Deus, para presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados é o exemplo mais flagrante nesse sentido. Homófobo e racista, Feliciano está na contramão dos avanços obtidos pela sociedade brasileira no campo dos costumes. Tenta, pela via política, fazer com que as leis do país adotem "verdades" que estão longe de ser universais, representam, apenas, um conjunto de ideias afinadas com o pensamento da religião que abraçou. Da mesma forma, é inconcebível que, nos dias de hoje, integrantes da Igreja se batam de frente com os governos, protestando contra a distribuição de preservativos, ou a aprovação do casamento gay. A influência de qualquer religião deve se limitar aos muros de seus templos e aos seus adeptos. Um Estado democrático é, também, laico e pluralista. Nele, não há lugar para verdades universais imutáveis a que todos devam se curvar. As sociedades democráticas são, necessariamente, dinâmicas, não podem ceder ao imobilismo e ao moralismo tacanho que caracteriza as diversas religiões. O esforço dos setores mais atrasados da sociedade em impor suas vontades ao conjunto da população é flagrante, não pode ser mais ignorado. Está na hora de reagir contra os felicianos da vida.

quinta-feira, 14 de março de 2013

A banalização da crueldade

Vivemos um tempo de paradoxos. Por um lado, os incríveis avanços tecnológicos que nos fazem dispor de recursos impensáveis até pouco tempo atrás, e as conquistas da medicina, que aumentam significativamente a expectativa média de vida. Por outro, uma sociedade em que a violência se disseminou, e onde a crueldade e a indiferença para com o sofrimento alheio atingem níveis alarmantes. O que dizer de um assassinato como o de Eliza Samúdio, pelo qual o goleiro Bruno foi, recentemente condenado? Matar alguém já é algo inaceitável. Como encarar, então, um assassinato em que a vítima tem o seu corpo esquartejado e jogado para os cachorros? Agora, há poucos dias, em São Paulo, um motorista embriagado atropelou um ciclista e arrancou-lhe um dos braços. Afora não ter prestado socorro á vítima, o atropelador ainda jogou o braço decepado num córrego! Como explicar tamanha brutalidade? A violência sempre acompanhou a humanidade, e atitudes bárbaras não são exclusividade dos tempos atuais. Porém, dado o grau de civilização e avanço cultural atingido pelo ser humano, crimes com tais requintes de crueldade são não apenas chocantes, mas incompreensíveis. Tratar fatos assim como casos isolados, justificando que seus autores são psicopatas, seria tapar o sol com a peneira. Na verdade, os autores de tais atrocidades sabiam muito bem o que estavam fazendo, e mostraram total indiferença para com suas vítimas. Avançamos cientificamente, mas involuímos no convívio social. Mergulhamos num individualismo que gera a desconsideração pelo outro, e que só leva em conta a satisfação dos desejos e apetites de cada um. Esquecemos o que quer dizer fraternidade. Ignoramos  o que seja civilidade. Tornamos a violência um fato comum de todos os dias. Chegamos à banalização da crueldade, convivendo com o horror como se ele constituísse uma regra, e não uma exceção, como deveria. Ao se chegar nesse estágio, não serão leis mais severas e punitivas que mudarão este quadro, pois isto seria atacar a consequência, ignorando a causa. Não estamos numa crise de autoridade, mas de valores. Enquanto estivermos mergulhados no individualismo e no consumismo, não haverá saída para tal situação.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Surpresa

A escolha do novo papa foi, verdadeiramente, surpreendente. O escolhido foi o cardeal Jorge Mario Bergoglio, argentino, arcebispo de Buenos Aires. Um papa latino-americano, terceiro-mundista. Se quando Karol Wojtyla, o João Paulo II, foi escolhido papa, já houve a alteração de uma tendência, pois ele era polonês e quebrava uma tradição de 400 anos apenas com pontífices italianos, a surpresa desta vez foi muito maior. Afinal, João Paulo II era europeu, assim como seu sucessor, Joseph Ratzinger, o Bento XVI, nascido na Alemanha. Um papa da América Latina é um fato impactante na história da Igreja e, espera-se, seja o marco de uma nova era. Alguns analistas já especulavam a possibilidade de um papa desta região, tendo em vista que é nela que está, hoje, a grande maioria dos católicos, mas, diante do fato concreto, há um certo espanto. Jorge Mario Bergoglio adotou o nome de Francisco, sendo o primeiro a fazê-lo em toda a história dos papas. Bergoglio é um conservador em matéria doutrinária, o que é um tanto frustrante para muitas pessoas, mas é o primeiro jesuíta a ser papa, o que sinaliza para uma Igreja mais despojada, voltada preferencialmente para os pobres, abandonando o luxo dos palácios e optando pela evangelização nas ruas. A escolha de um papa fora da Europa é, sobretudo, uma consequência do encolhimento da Igreja naquele continente. No início do século XX, 75% dos católicos estavam na Europa. Hoje, apenas, 23 %. A maioria dos fiéis católicos se concentra na América Latina, o que faz com que a escolha de um papa da região seja, de certa forma, uma busca de fortalecimento da Igreja, que vive uma crise de perda de adeptos em todo o mundo. Seja como for, a escolha de Bergoglio, o agora papa Francisco, representa uma novidade, e, sendo assim, deve ser saudada, dada a crônica dificuldade da Igreja em mudar em qualquer aspecto.

terça-feira, 12 de março de 2013

Resultado desastroso

O Grêmio do técnico Vanderlei Luxemburgo, que está há 13 meses no cargo, repete, neste período, uma frustrante trajetória. Sempre que parece que o time vai deslanchar, vem um resultado negativo que ameaça as perspectivas futuras ou põe tudo a perder. Com o comando de Luxemburgo, o Grêmio teve algumas grandes vitórias, mas fracassou em todos os momentos decisivos. A derrota de hoje, fora de casa, para o Caracas, por 2 x 1, de virada, pela Libertadores, se enquadra no mesmo contexto. Caso vencesse, o Grêmio seria líder isolado, dois pontos a frente do segundo colocado, eliminaria o Caracas, e, com uma vitória sobre o Fluminense no próximo jogo, chegaria na última rodada como campeão do grupo por antecipação. Com a derrota, o Grêmio ficou empatado em pontos com o Caracas, levando vantagem, apenas, no saldo de gols. O pior de tudo é que, como Caracas e Huachipato jogarão uma semana antes, qualquer que seja o resultado da partida, o Grêmio entrará em campo contra o Fluminense em terceiro lugar, e obrigado a vencer de qualquer maneira. Portanto, se com uma vitória sobre o Caracas tudo ficaria risonho para o Grêmio, a derrota deixou a sua classificação para a próxima fase da Libertadores seriamente ameaçada. O pior de tudo são as justificativas ouvidas no vestiário do Grêmio após o jogo. O zagueiro Cris, de péssima atuação, por sinal, disse que o time "entrou relaxado" e que, depois de fazer 1 x 0, achou que ganharia o jogo ao natural. O gerente de futebol remunerado, Rui Costa, alegou que o time ainda está em formação, e que o ano ainda está no início. Houve até argumentos de que faltou experiência. Ora, num time que tem Dida, de 39 anos, Zé Roberto, 38, Cris, 35, e Elano, 31, só o que não pode faltar é experiência. Tanto mais porque, afora a idade em si, já disputaram jogos decisivos por competições como a própria Libertadores, a Champions League, e, até, a Copa do Mundo. A verdade, nua e crua, é que o Grêmio, sob o comando de Luxemburgo, não alcança uma estabilidade. Na Libertadores, que o clube afirmava ser sua prioridade absoluta, e em nome da qual praticamente abriu mão do primeiro turno do Campeonato Gaúcho, a classificação para as oitavas de final começa a ficar complicada. O próximo jogo do Grêmio pela Libertadores será daqui a 28 dias. Caso tivesse ganho hoje, este período seria vivido em total tranquilidade. Agora, será quase um mês de questionamentos e aflições. Luxemburgo já teve tempo suficiente para consolidar um time, e ainda não conseguiu. Seu trabalho já merece ser submetido a uma reavaliação. O futebol vive de resultados, e nenhum técnico está acima do bem e do mal, nem mesmo o multicampeão Luxemburgo.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Wilson Fittipaldi

Rejeitado por alguns que o consideram um esporte elitista, o automobilismo tem ampla aceitação entre os brasileiros. Categorias nacionais como Stock Car e Fórmula Truck levam grandes públicos aos autódromos, e assistir às corridas de Fórmula 1 pela televisão, aos domingos, é um hábito arraigado no país há 40 anos. A saga brasileira no automobilismo, com oito títulos mundiais de Fórmula 1, é motivo de orgulho, pois há países de primeiro mundo que nem se aproximam de uma trajetória como esta. Paixão antiga no país, as corridas já eram realizadas nas primeiras décadas do século passado, em ruas, estradas, e pistas improvisadas. Em seu período "romântico", o automobilismo brasileiro teve em Chico Lândi o seu grande destaque. No Rio Grande do Sul, nomes como Catarino Andreatta e Breno Fornari marcaram época. O esporte foi evoluindo e assumindo, com o transcorrer do tempo, uma feição mais profissional. Um dos fatores decisivos para esta nova condição foi a fundação, em 1950, da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA). Pois, na madrugada de hoje, faleceu Wilson Fittipaldi, o último dos fundadores da CBA que ainda estava vivo. Apaixonado por automobilismo, viu seus dois filhos, Wilson Fittipaldi Júnior, o Wilsinho, e Émerson Fittipaldi, tornarem-se pilotos. Teve o privilégio de, pela Rádio Jovem Pan, de São Paulo, em 1972, narrar o Grande Prêmio da Itália, que deu a seu filho Émerson, e para o Brasil, o primeiro título mundial de Fórmula 1. Três anos depois, Émerson, que ganhara, também, o título da categoria em 1974, fundou, junto com seu irmão, Wilsinho, a primeira equipe brasileira de Fórmula 1, a Copersucar Fittipaldi. Mais tarde, brilhou, também, na Fórmula Indy, da qual foi campeão em 1989, e ganhou, por duas vezes, as míticas 500 milhas de Indianápolis. Nélson Piquet, piloto brasileiro três vezes campeão mundial, costuma dizer que tudo o que aconteceu com o Brasil na Fórmula 1 começou com Émerson, que ele foi quem abriu caminho para o que veio depois. Émerson, por sua vez, diz que o responsável por sua entrada no automobilismo foi o seu pai. A morte de Wilson Fittipaldi tira de cena uma figura de presença indelével no crescimento do automobilismo no Brasil, merecedora do respeito de todos os admiradores deste esporte no país.

domingo, 10 de março de 2013

Favoritismo confirmado

O Inter era o favorito para a decisão da Taça Piratini, o primeiro turno do Campeonato Gaúcho. Não poderia ser de outra forma. Afinal, seu adversário, o São Luiz, mesmo jogando em casa, tem um time muito inferior ao do Inter, sem contar a imensa distância de grandeza entre os dois clubes. As fortes chuvas que caíram em Ijuí desde sexta-feira, e que tornaram o campo bastante pesado, alimentaram a ideia de que o jogo poderia ficar mais equilibrado, o que não se confirmou. A goleada de 5 x 0, contudo, surpreendeu. O São Luiz começou pressionando, mantendo o Inter em seu campo. Este quadro perdurou, no entanto, apenas, nos primeiros 15 minutos, e sem que o São Luiz levasse perigo ao gol do Inter. A partir daí, o Inter teve a maior posse de bola e controlou o jogo até o fim. Depois de sofrer o primeiro gol, o São Luiz desanimou e foi presa fácil para o Inter, que goleou, sem fazer força. O Inter já está classificado para a decisão do Gauchão, o que não quer dizer muita coisa. Em 2012, o Inter perdeu o primeiro turno, mas ganhou o segundo e acabou campeão. Como a Libertadores terá um intervalo de quase um mês sem jogos, o Grêmio poderá escalar os seus titulares na maioria das partidas do segundo turno, o que lhe torna favorito para conquistá-lo. Se isto vier a se confirmar, e tivermos uma decisão com Grêmio e Inter se enfrentando em dois jogos com times completos, será uma disputa bastante equilibrada, com uma leve vantagem para o Grêmio, que possui melhores opções no banco de reservas. Resta esperar para ver.

sábado, 9 de março de 2013

Insistência

A revista "Veja" segue, convictamente, defendendo o receituário neoliberal. Em sua última edição, depois de uma semana que foi marcada pela comoção dos venezuelanos com a morte do presidente Hugo Chávez, a revista traz, em suas páginas amarelas, uma entrevista com o economista Rodrigo Constantino, autor do livro "Privatize Já". Na entrevista, Constantino repete as mesmas afirmações de sempre da cartilha liberal, que não convencem ninguém que tenha seus neurônios em bom estado de funcionamento. Para Constantino, como não poderia deixar de ser, tudo o que acontece de ruim é culpa do governo. Em relação às empresas de telefonia celular, que acumulam queixas dos consumidores brasileiros, sustenta que os impostos arrecadados pelo governo encarecem as tarifas e reduzem os investimentos, e que o sinal das chamadas é ruim porque faltam antenas, o que seria causado pela demora da concessão de licenças de instalação. Constantino defende a privatização da Petrobrás. Entende que, desta forma, a empresa seria mais eficiente e rentável, acabariam as ingerências como o controle de preço da gasolina, e o Brasil seria de fato autossuficiente na produção de combustíveis. Perguntado sobre se não haveria o risco de substituir um monopólio estatal por um privado, no caso da Petrobrás, Constantino não titubeou. Respondeu que entre um monopólio estatal e um privado, prefere este último, pois, alega, sempre há formas de regulação para equilibrar uma eventual falta de concorrência. Constantino critica, também, a social-democracia, e declara que ninguém estará disposto a labutar de sol a sol para deixar 60% ou até 70% de sua renda na mão do governo. "Esfolar os ricos em nome de melhorar a vida dos pobres é uma falácia", afirma. Para Constantino, o governo deve concentrar seus gastos na melhoria da qualidade do ensino e, também, na infraestrutura. Menos mal que tal arenga, como tantas outras publicadas pela revista, cai no vazio. O eleitor brasileiro já deixou claro que seu caminho é outro. Para desconsolo de "Veja" e dos constantinos da vida.

sexta-feira, 8 de março de 2013

O dia da mulher

Hoje é o Dia Internacional da Mulher. A data serviu de motivo para que as redes sociais fossem inundadas de postagens carregadas de pieguice, exaltando esposas, filhas, mães, irmãs, primas e o quanto elas são importantes. Porém, a motivação deste dia não tem a ver com o universo afetivo, e sim com a luta das mulheres por mais espaço na sociedade. Historicamente subjugadas por séculos de patriarcado e machismo, as mulheres avançaram enormemente nos últimos 50 anos. O marco desta mudança, sem dúvida, foi o surgimento da pílula anticoncepcional. Ela proporcionou à mulher a possibilidade de autonomia sobre a própria sexualidade, abrindo-lhe a condição de buscar o prazer sem o temor de uma gravidez indesejada. A partir daí, a mulher, gradualmente, saiu do confinamento do lar, que a limitava aos papéis de esposa, mãe e dona-de-casa. As universidades, antes um reduto quase exclusivamente masculino, foram tomadas por um número cada vez maior de mulheres. Hoje, em muitos cursos, elas são ampla maioria nas salas de aula. Antes restritas á condição de primeiras-damas, as mulheres alcançaram o poder em muitos países, na condição de presidentes, como Dilma Rousseff, no Brasil, e Cristina Kirchner, na Argentina. Porém, se os progressos tem sido grandes, muito ainda há por fazer. A presença das mulheres nos parlamentos ainda é muito escassa. A violência de que são vítimas, por parte de maridos e companheiros, continua grande. Sua remuneração, em geral, é inferior à dos homens quando desempenham as mesmas funções. Nos cargos executivos, ainda são poucas em relação aos homens. Como se vê, a mulher já avançou muito, mas ainda há um longo caminho a percorrer para que alcance sua plena emancipação. O Dia Internacional da Mulher, mais do que um motivo de celebração, deve servir para a devida reflexão sobre a atuação feminina na sociedade.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Provocação

A escolha de Marco Feliciano (PSC - SP) para ser o novo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados soa como um provocação à sociedade. Os políticos brasileiros parecem ter perdido, inteiramente, qualquer preocupação com a repercussão de suas decisões junto à imprensa e à opinião pública. As escolhas de Renan Calheiros (PMDB - AL) para presidente do Senado, e de Henrique Eduardo Alves (PMDB - RN) para o mesmo cargo na Câmara dos Deputados, evidenciaram a indiferença com que os políticos tratam a reação das pessoas aos seus atos. A indicação de Marco Feliciano, um pastor homófobo e racista, para presidir a Comissão de Direitos Humanos é mais uma demonstração nesse sentido. Como se não bastassem os seus "atributos" já referidos, Feliciano é também estelionatário, tendo recebido R$ 13.500 para a realização de dois cultos no Rio Grande do Sul, aos quais não compareceu. O Congresso Nacional isolou-se da população. Age, apenas, voltado para seus interesses corporativos, que incluem uma série de vantagens e mordomias. Em vez de ser uma caixa de ressonância dos anseios dos brasileiros, o Congresso Nacional virou as costas para o país, entregou-se aos desmandos e à corrupção, e só enxerga o que está em volta do próprio umbigo. Em qualquer outro país, esta postura por parte dos parlamentares já teria redundado em conflitos muito sérios. No Brasil, a leniência da maioria garantirá que este quadro de horrores permaneça inalterado por muito tempo ainda.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Ajuda inesperada

O empate do Fluminense com o Huachipato em 1 x 1, hoje à noite no Engenhão, representa, para o Grêmio, uma ajuda inesperada. O Huachipato vinha de duas derrotas seguidas em casa, uma delas para o próprio Fluminense, e tudo indicava que seria uma presa fácil para o clube brasileiro. O início do jogo parecia confirmar esta previsão. O Fluminense perdeu chances incríveis de gol, uma após a outra, sem conseguir marcar. Numa falha da defesa adversária, o Fluminense teve um pênalti a seu favor, e abriu o placar. No segundo tempo, contudo, o Fluminense concedeu ao Huachipato vários contra-ataques perigosos, o que acabou redundando no gol de empate. Mesmo dispondo de mais de 20 minutos até o final do jogo para buscar o gol da vitória, o Fluminense não conseguiu marcá-lo. Mais uma vez, assim como no início da partida, desperdiçou várias chances claras, e não conseguiu sair do empate, terminando o jogo sob vaias de sua torcida. O Fluminense ainda tem grandes chance de se classificar, mas, agora, ficou mais difícil obter o primeiro lugar do grupo, pois jogará contra o Grêmio, que já o goleou no Engenhão, na Arena. A única desvantagem sob o ponto de vista do Grêmio, do resultado de hoje, foi o fato de que o Huachipato, caso perdesse, estaria, praticamente, eliminado. Com o empate, o Huachipato mantém boas chances de classificação, e o Grêmio terá de fazer seu último jogo contra ele, fora de casa. Porém, o Grêmio tem muito mais a comemorar com o tropeço do Fluminense. Decididamente, os ventos começam a soprar a favor do Grêmio como há muito tempo não se via.

terça-feira, 5 de março de 2013

Desfecho inevitável

A morte do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, hoje ocorrida, era mais do que previsível. Seu estado de saúde, sabia-se, era irreversível. Foi uma lenta agonia, que, agora, chegou ao fim. Seus inimigos não conseguem disfarçar sua satisfação com o fato, e imaginam poder chegar ao poder em breve. Para tanto, sustentam que há a necessidade da realização de novas eleições, pois a simples permanência do vice-presidente Nicolás Maduro como presidente é tida como irregular. Seja como for, o chavismo não morre junto com Chávez. Pelo contrário. Chávez, agora, se tornará um mito. Seus seguidores tem tudo para permanecer no poder, ainda que sejam realizadas novas eleições. Mesmo com um intenso bombardeio da imprensa conservadora, dentro e fora da Venezuela, Chávez goza de um imenso prestígio junto à população, em especial nas camadas mais pobres. Este é um patrimônio que não se extingue com sua morte. Chávez morreu, mas o chavismo, para desconsolo de seus detratores, seguirá vivo por muito tempo.

Grande show

Elton John se apresentou, hoje á noite, pela primeira vez em Porto Alegre. Valeu a pena esperar. Foi um grande show. A qualidade de som era impecável, os músicos e os backing vocals que acompanham o astro são de altíssimo nível, e Elton John esbanja entusiasmo, com excelente performance vocal e desempenho brilhante no piano. Durante quase duas horas e meia, o público delicia-se com um desfile de clássicos como "Skyline Pidgeon", "Rocket Man", "Goodbye Yellow Brick Road", "Crocodile Rock", "Philadelphia Freedom", "Sad Song", "The One", "Your Song", "Candle With The Wind", "Daniel", entre outros. Elton John mostrou grande carisma e simpatia, interagindo com a plateia. Um show que ficará na lembrança dos que tiveram o privilégio de assisti-lo, e que deixa o desejo de que Elton John volte a se apresentar em Porto Alegre.

Outra goleada

O Grêmio goleou o Caracas por 4 x 1, hoje à noite, na Arena, pela Libertadores. Foi a segunda goleada consecutiva do time titular do Grêmio, depois dos 3 x 0 sobre o Fluminense, na quarta-feira retrasada. Havia quem desconfiasse de que o resultado do Engenhão tivesse se devido, em grande parte, pelos equívocos cometidos pelo técnico do Fluminense, Abel Braga, que armou seu time muito aberto no meio de campo. A goleada de hoje parece ter posto de lado esta hipótese. Assim como ocorrera no Rio de Janeiro, o Grêmio jogou muito bem coletivamente e teve vários destaques individuais. Barcos marcou mais um gol e fez o passe para Zé Roberto marcar outro. Zé Roberto, por sinal, fez dois gols, quase marcou outro, e comprovou estar numa excelente fase. Vargas não balançou as redes, mas esbanjou categoria. Elano também jogou um grande futebol. Werley comprovou que é um zagueiro artilheiro, marcando mais um gol. O resultado dá força aos que sustentavam  a necessidade do Grêmio de completar a pré-temporada de seu time titular. Depois de um largo período só treinando, o time voltou a campo e jogou um futebol de alto nível. O sonho do terceiro título da Libertadores, embora ainda esteja longe de se concretizar, começa a ficar mais palpável.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Os chiliques de Dunga

Os jogos pelas semifinais do primeiro turno do Campeonato Gaúcho tiveram resultados lógicos. No sábado, o São Luís, jogando em casa, no estádio 19 de outubro, em Ijuí, ganhou do Caxias por 2 x 1, numa desforra pessoal de seu técnico, Paulo Porto, que, em 2012, foi demitido pelo clube caxiense após ser campeão dessa mesma fase do Gauchão. Ontem, no Francisco Stédile, em Caxias do Sul, o Inter venceu o Esportivo, ao natural, com dois golaços de Diego Fórlan. Assim, me eximo de fazer comentários mais amplos sobre o jogo em si, cujo vencedor era previsível. Prefiro me ater ao lamentável comportamento do técnico do Inter, Dunga. Na véspera da partida, ao encontrar-se com o cronista esportivo Adroaldo Guerra Filho, o Guerrinha, do Grupo RBS, no hotel onde o Inter estava hospedado, confidenciou-lhe de que sabia de que a arbitragem iria fazer algo contra ele. Dunga baseou sua denúncia no fato de que teria sido informado de que ocorrera uma reunião de árbitros onde seu nome foi citado, o que lhe fez concluir que estava "marcado" pela arbitragem. Durante o jogo, Dunga como é de seu costume, reclamou veementemente da arbitragem. Depois de um bate-boca prolongado com o 4º árbitro, foi, finalmente, expulso, o que parecia ser, desde o início, a sua intenção. Então, agachou-se e falou diante de um microfone direcional, destes que são colocados à beira do campo para captar o som ambiente, de que tinha certeza de que isto iria acontecer, e proferiu um termo de baixíssimo calão. Na sequência, assediado pelos repórteres, declarou de que havia revelado para Guerrinha o que a arbitragem iria fazer contra ele. O episódio é, sob todos os aspectos, deplorável. Em primeiríssimo lugar, Dunga não tem tido nenhum motivo para reclamar das arbitragens, muito antes pelo contrário. No jogo de ontem, por exemplo, quando a partida ainda se encontrava empatada em 0 x 0, o Inter foi duplamente beneficiado, pois um gol do Esportivo foi injustamente anulado e uma bola atrasada com o pé por Josimar que foi agarrada pelo goleiro Muriel foi ignorada pelo árbitro, que deveria ter marcado tiro livre indireto. Isto sem contar que o árbitro do jogo, Francisco da Silva Neto, é conhecido, nos seus círculos mais íntimos, por "Chico Colorado". No entanto, tais fatos foram ignorados por Dunga, que proporcionou a todos mais um de seus repetidos e despropositados chiliques. O incrível é que a reação da maioria dos profissionais da imprensa esportiva foi a de tentar encontrar alguma justificativa para a atitude de Dunga, ou, então, de considerá-la engraçada. Nem uma coisa nem outra. A situação está eivada de impropriedades.Vamos a elas. Se Dunga foi informado de que houve uma reunião dos árbitros em que estes decidiram persegui-lo, teria, por obrigação, que revelar onde e quando aconteceu tal encontro. Se a tal reunião aconteceu mesmo e alguém, para usar o termo do próprio Dunga, lhe "soprou" sobre o fato, então os árbitros tem um alcaguete entre eles, o que exige uma investigação. Ao dar ciência de tal informação para Guerrinha, Dunga privilegiou um profissional e seu respectivo grupo de comunicação, em detrimento dos demais. Se queria fazer uma denúncia, deveria ter convocado uma entrevista coletiva. Ao proferir, repetidamente, um palavrão, quando sabia que as câmeras e os microfones estavam centrados nele no momento em que discutia com o quarto árbitro, e fazê-lo deliberadamente diante do microfone direcional, Dunga teve um procedimento indigno de quem ocupa a função de técnico de um grande clube. Seu comportamento apenas dá razão aos que sempre o criticaram. Não tenho medo de escrever o que penso, ainda que saiba estar remando contra a maré da imprensa esportiva do Rio Grande do Sul, sempre dócil com o Inter e seus profissionais. Estou entre os que sempre consideraram Dunga um jogador medíocre, travestido de líder pelos que se impressionam com gritos e palavras de ordem. Como técnico, ainda não mostrou nada. Até prova em contrário, é apenas uma invenção no cargo. Como pessoa, mostra-se, tanto quando era jogador como agora, um sujeito de temperamento irascível, tomado por delírios persecutórios que o fazem se ver cercado de inimigos. Se estivéssemos num país sério, o acontecimento de ontem não cairia no vazio, nem seria classificado como engraçado, e a "denúncia" de Dunga seria apurada, com o técnico sendo obrigado a esclarecê-la devidamente. Nada irá acontecer, sabemos todos. Dunga continuará tendo seus ridículos e injustificados ataques de fúria na beira do campo, e contando com a benevolência de repórteres e cronistas esportivos. O revés que lhe espera será de outra ordem. Virá de dentro do campo, quando for testado em jogos de maior exigência. Então, sua incapacitação para o cargo ficará evidente, encerrando sua segunda experiência como técnico.

domingo, 3 de março de 2013

Os 60 anos de Zico

O dia de hoje é muito significativo para o futebol brasileiro, pois um de seus maiores jogadores, Zico, completa 60 anos. Zico foi o maior jogador brasileiro que a minha geração assistiu, pois pegamos só o final da carreira de Pelé, o melhor do mundo em todos os tempos. Com relação a Zico, foi possível acompanhar toda a sua carreira, desde que surgiu, até parar. Zico é o maior goleador da história do Maracanã. Em termos gerais, é um dos principais goleadores da história do futebol brasileiro, com mais de 700 gols marcados. Zico transcendeu a condição de ícone do Flamengo, e tornou-se um ídolo nacional. Contribuiu para isso, afora seu futebol excepcional, o caráter admirável. Nascido no subúrbio do Rio de Janeiro, numa família humilde, Zico sempre foi um exemplo de conduta pessoal e de profissionalismo. Sua simplicidade cativa a todos. Nunca se deixou deslumbrar pela fama e pelo dinheiro. Casou com a namorada de adolescência, com quem está até hoje. Jamais se envolveu em escândalos, nem recorreu a declarações bombásticas. Craque de futebol, é também brilhante fora de campo. O tipo de pessoa que pode ser considerada o filho, irmão, marido e pai ideais. Por tudo isso, Zico é um ídolo na acepção da palavra e, hoje, não é só ele que está de parabéns, somos todos nós que temos o privilégio de acompanhar sua trajetória. Obrigado, Zico! Muita saúde e paz, hoje e sempre, pois poucos fazem tanto quanto você por merecer o melhor que a vida possa lhes dar.

sábado, 2 de março de 2013

O PIB

Na sua busca incessante de meios para desgastar a imagem do governo federal, a oposição e a imprensa conservadora lançaram mão de mais um argumento. Agora, suas ações se concentram no PIB, o Produto Interno Bruto do país, cujo crescimento, acusam, tem sido irrisório. O PIB do Brasil teve um crescimento de 0,9% em 2012. O índice é o mais baixo desde o governo de Fernando Collor de Mello, e foi apelidado de "pibinho". A divulgação do fato foi o que bastou para que uma saraivada de críticas fosse endereçada ao governo, com previsões catastrofistas a respeito do futuro do país. A opção do governo de incentivar o consumo foi classificada como algo que tem eficácia no presente, mas compromete o futuro. Tenho muito cuidado ao tratar de economia, um assunto árido e que exige uma especialização que não possuo. Porém, podemos lembrar alguns fatos e refletir sobre eles. No início dos anos 70, em plena ditadura militar, o Brasil vivia o chamado "milagre econômico" e crescia ao espantoso índice de 11% ao ano. No entanto, as condições de vida da maioria da população seguiam sendo precaríssimas. Sobre isto, o ditador de plantão, general Emílio Garrastazu Médici, saiu-se com a seguinte pérola: "O país vai bem, o povo é que vai mal". Curioso, não?  O que é um país sem o povo que o habita? Não mais que um conjunto de acidentes geográficos e construções prediais. Na mesma linha, o então homem forte da economia brasileira, o ex-ministro Delfim Netto, afirmou: "Primeiro, precisamos fazer crescer o bolo, para, depois, reparti-lo". Como se sabe, a tal repartição do bolo nunca aconteceu. Somente agora, mais de quarenta anos depois, as camadas mais pobres da população estão sendo resgatadas da sua situação de penúria. Com o aumento da empregabilidade, mais pessoas ingressaram no mercado de trabalho, garantindo renda própria e diminuindo a informalidade. A mobilidade social teve um grande avanço, com milhões de brasileiros sendo incluídos na esfera de consumo, da qual estavam marginalizados. O reflexo direto disto se deu no carrinho de supermercado, que, agora, para muitos, é preenchido com muitos outros itens afora os que integram a cesta básica. Pessoas que jamais haviam imaginado que um dia poderiam viajar de avião, hoje podem fazê-lo. O governo atual, claramente, optou por investir no cidadão, em vez de privilegiar o atingimento de metas econômicas. Muitos, chamam isto de "populismo". Para mim, é justiça social. Não sei o que o futuro reserva para o Brasil, nem quais os reflexos que nele terá o tal "pibinho". Só sei que o presente, do ponto de vista da população, está bastante satisfatório. Por enquanto, para mim, isto é o suficiente.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Porta arrombada

Há um ditado que expressa: "Depois da porta arrombada, a tranca de ferro". Tal é o que se verifica, no momento, com a fúria fiscalizatória sobre as condições de segurança das casas noturnas em Porto Alegre. A cada dia, vários estabelecimentos são interditados por ausência de alvará de funcionamento ou por irregularidades as mais diversas. Claro, esta ação toda é consequência da tragédia de Santa Maria, ocorrida em 27 de janeiro, em que 239 pessoas morreram devido a um incêndio na boate Kiss. O procedimento do poder público municipal de Porto Alegre é, sem dúvida, elogiável, mas, cabe perguntar, porque isto não foi feito antes? Como costuma acontecer no Brasil, foi preciso um fato de grande comoção popular para que se  tomassem providências que deveriam ser permanentes. O que, tudo leva a crer, fará com que, depois que a repercussão do acontecido em Santa Maria arrefecer, a fiscalização volte a afrouxar. Ao interditarem tantos lugares ao mesmo tempo, as autoridades municipais de Porto Alegre só deixam evidente de que não estavam realizando seu trabalho adequadamente. A leniência com irregularidades e o descumprimento de normas legais é uma característica brasileira sobejamente conhecida. Só quando há forte pressão da população e da imprensa é que as autoridades abandonam a sua habitual letargia e buscam fazer com que as leis sejam cumpridas. Por enquanto, todos querem mostrar serviço para a sociedade. Resta saber quanto tempo vai durar tamanha disposição. A experiência mostra que não deverá ser por um prazo muito longo.