sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Beijo gay

O Brasil, por vezes, entrega-se a discussões coletivas patéticas. Como se não houvesse nada mais sério com o que se preocupar, uma curiosidade varreu o país nos últimos dias: o capítulo final da novela "Amor à vida" teria o tão esperado beijo gay entre os personagens Félix e Niko? Diga-se, de passagem, que toda essa polêmica só aconteceu por se tratar de uma novela da Rede Globo, que detém a esmagadora maioria da audiência no país. Em 2011, a novela "Amor e Revolução", do SBT, levou ao ar um ardente beijo lésbico, que não teve nehuma repercussão. "Amor à vida" tratou do tema da homossexualidade com uma abertura e profundidade inéditas na televisão brasileira. Isso gerou, como não poderia deixar de ser, a reação inconformada dos conservadores, que enxergam no fato uma "derrocada dos costumes". Na verdade, a crescente abordagem da homossexualidade na teledramaturgia só reflete o que acontece na própria sociedade. Cada vez mais, os homossexuais ampliam o seu espaço no meio social, recusando-se, com razão, a serem discriminados e tratados como cidadãos de segunda classe. A televisão é uma caixa de ressonância do que ocorre nas ruas, ela não impõe conceitos. Em outras oportunidades, houve a expectativa do beijo gay em novelas da Globo, mas, talvez por entenderem que a sociedade brasileira ainda não estava madura para absorver o impacto de uma cena como essa, a direção da casa não permitiu que ele fosse ao ar. Dessa vez, foi diferente. Mesmo com o rosnar dos reacionários de plantão, é evidente que a maior parte dos brasileiros não mais se escandaliza com os homossexuais. Não faltarão, é claro, atitudes como a de um colunista de jornal, de Porto Alegre, que, há poucos dias, num de seus textos, referiu-se ao homossexualismo como "uma doença que sempre existiu" e solicitou que o governo interferisse para barrar a crescente abordagem do tema nas novelas. Como expressa o ditado, os cães ladram e a caravana passa. O beijo gay na Globo, finalmente, aconteceu. O fato, com certeza, será muito mais festejado que recriminado, e é assim que deve ser.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

A queda sem fim de Mano Menezes

Algumas vezes o que parece ser a grande oportunidade de uma pessoa na vida, acaba se revelando um caminho para a frustração. Mano Menezes parece se enquadrar nesse caso. Ele é um bom técnico de futebol, e teve uma carreira de ascensão meteórica. Num espaço de apenas cinco anos, saiu do Caxias, um clube do interior do Rio Grande do Sul, para a Seleção Brasileira. Entre um e outro ponto, treinou duas potências do futebol brasileiro, Grêmio e Corinthians. Mano conquistou vários títulos pelos dois clubes e, com a recusa de Muricy Ramalho, aceitou ser o técnico da Seleção Brasileira, no lugar de Dunga, logo após a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. Por incrível que pareça, aí começaram os problemas de Mano Menezes. O trabalho na Seleção se mostrava insatisfatório. Mano testava um número exagerado de jogadores, não firmava uma equipe. Justamente quando, após mais de dois anos no cargo, seu trabalho parecia começar a apresentar frutos, foi demitido. Colaboraram para isso a saída de Ricardo Teixeira do posto de presidente da CBF, e a perda, para o México, da medalha de ouro nas Olimpíadas de 2012. Teixeira fora quem o contratara e tinha como seu diretor Andrés Sanchez, presidente do Corinthians durante a passagem de Mano pelo clube. Em lugar de Teixeira assumiu o mais velho vice-presidente da CBF, José Maria Marin, que demitiu Mano, contratando Felipão para o seu lugar, e afastou, também, Andrés Sanchez. Inicialmente, Mano recusou propostas que lhe eram feitas, alegando querer ficar um tempo sem trabalhar e estar mirando a ideia de ser técnico no futebol europeu. Após um certo tempo, aceitou uma proposta do Flamengo. Seu período no clube, no entanto, foi um fracasso. Depois de alguns resultados insatisfatórios, pediu demissão após um jogo, no Maracanã, em que o Flamengo perdeu por 4 x 2, para o Atlético Paranaense, um jogo que estava ganhando por 2 x 0. Após a saída de Tite, foi recontratado pelo Corinthians. Seu trabalho está só começando, mas os dois resultados mais recentes, uma derrota para o modesto São Bernardo, por 1 x 0, e uma goleada, ontem, de 5 x 1 para o Santos, com direito a vários "olés", mostram que o técnico ainda não retomou o rumo de seu trabalho. A Seleção Brasileira era para ser o ápice de uma carreira em que o êxito chegou bastante rápido. Acabou sendo o início da queda de Mano Menezes. Uma queda que segue livre, sem que se enxergue o seu fim.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Líderes

Grêmio e Inter são líderes de seus grupos no Campeonato Gaúcho. O Grêmio jogou, até agora, apenas uma partida com o time titular, e o Inter, nenhuma. Ainda assim, o Inter tem 100% de aproveitamento no Gauchão, tendo ganho os quatro jogos que disputou. Hoje, contra o São Paulo, de Rio Grande, no Estádio do Vale, o Inter escalou um misto de reservas e jogadores do time sub-23 que atuou nas três primeiras rodadas. Ganhou por 2 x 1, depois de abrir dois gols de vantagem, comprovando a facilidade que vem tendo diante dos clubes pequenos. Por sua vez, o Grêmio voltou a jogar com o seu time sub-20, hoje, no Bento Freitas, contra o Brasil, de Pelotas, e empatou em 1 x 1. Não foi uma boa atuação do Grêmio, que saiu perdendo e foi inferior ao adversário na maior parte do tempo. Ainda assim, voltou com um empate, quebrando a sequência vitoriosa do Brasil, e é líder isolado de seu grupo. A campanha do Inter é superior, 12 pontos em quatro jogos, enquanto o Grêmio, no mesmo número de partidas, obteve sete. Porém, os dois estão em grupos diferentes e, portanto, não jogam contra os mesmos adversários. Seja como for, a cada rodada fica mais evidente a fragilidade dos clubes pequenos. Somando-se os oito jogos da dupla Gre-Nal, até agora, em que apenas numa partida foi escalado o time titular, os adversários de Grêmio e Inter conseguiram, somente, quatro pontos em 24 disputados. Todos foram alcançados contra o Grêmio. Sem dúvida é muito pouco, e comprova o abismo técnico que existe entre a dupla Gre-Nal e os demais participantes da competição.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Começou

Os jogos pela pré-Libertadores iniciaram hoje, com duas partidas, e uma delas diretamente ligada aos interesses do Grêmio. Jogando em casa, o Oriente Petrolero (BOL) venceu o Nacional (URU) por 1 x 0. O segundo jogo será na próxima terça-feira, em Montevidéu. O ganhador desse confronto será o primeiro adversário do Grêmio na Libertadores, no dia 13 de fevereiro. Como o jogo será fora de casa, dependendo de quem seja o adversário, o Grêmio deverá adotar estratégias diferentes para o Gre-Nal do dia 9 de fevereiro, na Arena, pelo Campeonato Gaúcho. Se o vencedor do confronto for o Nacional, o Grêmio deverá jogar contra o Inter com seu time principal. Caso o clube classificado seja o Oriente Petrolero, o Grêmio deverá ir para o Gre-Nal com o seu time sub-20. A alegação para as diferentes posturas é a de que a viagem para a Bolívia é mais longa, e seria desgastante disputar um clássico quatro dias antes da estreia na Libertadores. Não concordo com tal posição. Acho que o time titular deve jogar sempre que possível, e que um Gre-Nal nunca deve ser tratado de forma secundária. O outro jogo de hoje foi Morelia (México) 2 x 1 Santa Fe (Colômbia). Os derrotados dessa noite farão o segundo e decisivo jogo em casa, e tem ampla chance de reverter o mau resultado inicial, pois perderam por apenas um gol de diferença. A mais importante competição de clubes das Américas começou, e só irá terminar depois da Copa do Mundo. Emoção garantida para quem gosta de futebol.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Um ano depois da tragédia

A data de hoje, praticamente, impõe um assunto: a tragédia de Santa Maria. O incêndio da boate Kiss, que resultou em 242 mortos, foi o maior em número de vítimas no Rio Grande do Sul, e o segundo do Brasil. Um fato que chocou não só o país, mas o mundo. Como era de se esperar, o passar do tempo resultou na falta de resultados práticos quanto à punição dos culpados. Enquanto a dor de familiares, parentes, amigos e companheiros dos mortos na tragédia segue imensa, os que deveriam proceder as devidas punições movem-se paquidermicamente e de forma leniente. Até mesmo moradores de Santa Maria que não tiveram familiares vitimados pelo incêndio se mostram incomodados com a insistência em torno do fato, dizendo que isso não trará de volta os que se foram. Eis aí uma argumentação cínica e insensível. Como não foram diretamente atingidas pelo drama que destroçou tantas famílias, tais pessoas querem ver restituído o seu "direito" a uma vida normal, ocupando-se com amenidades. O que elas não percebem é que um fato como o ocorrido na boate Kiss nunca poderá ser apagado da memória coletiva, por ser brutal demais. Claro, o passar dos anos irá tornar a dor menos pungente, a vida que segue imporá os seus apelos, mas a tragédia de 27 de janeiro de 2013 jamais cairá inteiramente no esquecimento. Será uma eterna cicatriz, a nos lembrar de um acontecimento dantesco. Afora isso, enquanto os culpados não forem punidos, não se pode deixar o assunto "esfriar". Chega de impunidade. Sim, infelizmente, os que se foram no incêndio não mais retornarão, mas é preciso honrar a sua memória. Isso só será possível se cada pessoa que concorreu para a tragédia for devidamente punida. Caso isso não ocorra, a dor dos que perderam seus afetos seguirá lancinante, e as vítimas irão morrer pela segunda vez.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Superioridade absoluta

O fosso técnico existente entre a dupla Gre-Nal e os demais clubes do Campeonato Gaúcho é enorme, uma superioridade absoluta. A cada ano, o Gauchão parece ficar mais fraco. Para se ter uma ideia, o Inter, jogou, até agora, três partidas na competição, sempre com o seu time sub-23, e ganhou todas. O Grêmio também jogou três partidas, duas com o time sub-20 e uma com o principal. Perdeu uma, com o time sub-20, num jogo em grama sintética, com temperatura de 40 graus, mas ganhou as outras duas e já é líder do seu grupo. Na rodada desse fim de semana, só Grêmio e Inter venceram seus jogos, as demais partidas terminaram empatadas. O Inter foi o primeiro a jogar. Enfrentou um Passo Fundo animado, no Vermelhão da Serra, e saiu na frente logo no início do jogo, sofrendo o empate pouco depois, mas, no segundo tempo, fez o gol da vitória por 2 x 1. Aylon, que marcou o primeiro gol, e fez a jogada do segundo, mais uma vez se destacou. Como já se esperava, o Grêmio, jogando com o seu time principal, não teve dificuldade para ganhar do Aimoré, que tinha perdido os dois jogos que realizara. Goleou por 4 x 0, com grandes atuações de Máxi Rodriguez e Wendel, boas participações de Barcos e Riveros, e um desempenho apagado de Kléber, novamente. Marcelo Grohe fez uma defesa excepcional, e outras muito boas. Descontada a fragilidade do adversário, o Grêmio teve uma atuação bastante satisfatória, coletiva e, com poucas exceções, individualmente. Porém, é bom reiterar que o campeonato estadual não serve para parâmetro. Só quando as competições de maior nível começarem poderemos avaliar a verdadeira capacidade dos times de Grêmio e Inter.

sábado, 25 de janeiro de 2014

O campeonato do absurdo

Os campeonatos estaduais são, sabidamente, competições anacrônicas, de baixíssimo nível técnico. A triste realidade de estádios vazios, repete-se, em todos eles, pelo país afora. Porém, nada se compara ao Campeonato Gaúcho. Não bastasse o público ridículo da quase totalidade dos jogos, temos, agora, partidas disputadas com portões fechados, mesmo sem uma punição que obrigue a adoção da medida. No espaço de quatro dias, entre a quinta-feira passada e o próximo domingo, dois jogos terão sido realizados sem a presença de torcedores. O primeiro, na quinta-feira, foi o jogo Cruzeiro 2 x 1 São José. O mandante da partida era o Cruzeiro, cujo novo estádio ainda não está em condições de utilização. O clube,então, solicitou à Federação Gaúcha de Futebol que o jogo fosse realizado no estádio Parque Lami, do extinto Porto Alegre, na zona sul da cidade. O estádio, no entanto, não foi liberado pela vistoria para receber torcedores, e o jogo só foi autorizado para realização com portões fechados. No mesmo dia, o jogo São Paulo, de Rio Grande x Brasil, de Pelotas, foi transferido para 12 de fevereiro, pois o estádio Aldo Dapuzzo foi reprovado pela vistoria. Como, no domingo, a tabela marcava outra partida do São Paulo em casa, contra o Esportivo, ela foi transferida para o estádio da Boca do Lobo, do Pelotas. Aí aconteceu outro fato insólito, com a Brigada Militar de Pelotas dizendo não dispor de efetivo para dar segurança ao jogo. Decidiu-se, então, novamente, pelo recurso dos portões fechados. Um autêntico absurdo, como tantos outros dessa competição bizarra. Como diria aquele personagem de um antigo programa humorístico, perguntar não ofende. Se o jogo será sem público, porque não fazê-lo no próprio Aldo Dapuzzo? Em 2013, o Campeonato Gaúcho teve uma das piores médias de público da sua história. Na ocasião, o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Noveletto, questionado sobre o fato enquanto passava férias em Nova York, mostrou-se indiferente, justificando que a verba de televisão compensa a ausência de torcedores no estádio. Diante de uma afirmação como essa, pode-se esperar o quê do chamado Gauchão? O pior é que não se vê nenhuma reação concreta dos clubes e da imprensa, e Noveletto, que está há um longo período no cargo, pensa, agora, em ser presidente da CBF! Coitado do futebol brasileiro.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Protestos

Os protestos e reivindicações são instrumentos legítimos da sociedade, mas o que está acontecendo e o que se prevê que irá ocorrer no país em 2014 não é nada bom. As manifestações começam pacíficas, para, mais tarde, degenerar em atos de vandalismo. O mote por trás desse tipo de comportamento seria a revolta com os "gastos excessivos da Copa", em detrimento de recursos para a saúde e educação. Por várias vezes, manifestei meu pensamento a respeito e acho desnecessário detalhá-lo. Em resumo, ao contrário de tantos companheiros de imprensa, sempre fui totalmente favorável a realização da Copa do Mundo no Brasil. A tendência é que, conforme o que já se verificou na Copa das Confederações, em 2013, o país seja varrido por uma série de protestos durante a Copa do Mundo de 2014. O mais incrível é que, mesmo quando as manifestações se transformam em baderna, as forças de segurança não intervém. O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, inclusive, já declarou que esse continuará sendo o procedimento quando ocorrerem novos protestos, já que, ontem, a Brigada Militar não interferiu em uma manifestação no centro de Porto Alegre quando foram depredadas caçambas de lixo e quebradas vidraças. Essa postura tem, por certo, motivação eleitoral, pois candidatos a reeleição como Tarso e a presidente Dilma Rousseff serão em outubro próximo, não querem sofrer, nas urnas, a consequência de serem apontados como ordenadores de ações de repressão aos protestos. Dessa forma, tudo se encaminha para que tenhamos uma Copa que chame a atenção muito mais por tumultos fora dos estádios do que pelo que irá ocorrer dentro de campo. O pior é que a única consequência prática disso será um enorme desgaste da imagem do Brasil no exterior. Com ou sem Copa, a saúde e a educação continuarão a ser tão negligenciadas como sempre foram no país.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Reabilitação

Contrariando expectativas, pois tinha jogado muito mal e perdido para o São José, no domingo, o time sub-20 do Grêmio venceu o Lajeadense por 2 x 1, hoje, na Arena, pelo Campeonato Gaúcho, e obteve a sua reabilitação. O Grêmio foi melhor que seu adversário ao longo do jogo, embora mostrasse fragilidade defensiva. O goleiro Follmann, mais uma vez, mostrou-se falho, e a defesa cedia muitos escanteios, levando desvantagem na bola aérea. O primeiro tempo terminou com vitória parcial do Grêmio por 1 x 0, depois que Éverton apenas empurrou a bola para as redes depois de uma grande jogada de Breno. porém, no segundo tempo, a inferioridade nas disputas de bola pelo alto cobrou seu preço, e o Lajeadense empatou. Tudo parecia se encaminhar para mais um tropeço do Grêmio, quando, aos 42 minutos, um pênalti claro, cobrado por Canhoto, resultou no gol da vitória. No domingo, novamente na Arena, o Grêmio estreará o seu time principal contra o Aimoré. Um jogo muito propício para conseguir mais uma vitória e o início de uma arrancada no Gauchão.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Cardápio conhecido

O Campeonato Gaúcho é incapaz de apresentar novidades. Todos os anos é servido o mesmo cardápio, com jogos ruins e arbitragens que sempre favorecem um mesmo clube, o Inter. Hoje, no Estádio do Vale, não foi diferente. O time sub-23 do Inter venceu o Novo Hamburgo por 2 x 1. O detalhe é que o Inter, depois de abrir dois gols de vantagem, sofreu um do Novo Hamburgo, que passou a pressionar em busca do empate. Aí, a arbitragem fez a sua parte. Um pênalti claro em favor do Novo Hamburgo não foi marcado, e dois gols do time foram anulados. Dessa forma, fica fácil entender porque o Inter é o atual tricampeão gaúcho e detém o maior número de títulos da competição. O técnico do Novo Hamburgo, Itamar Schüle, revoltado, protestou e foi expulso. Schüle, certamente, será julgado, e talvez venha a ser suspenso. Ele ainda irá aprender que é inútil protestar contra o clube que tem como um dos integrantes de seu Conselho Deliberativo o presidente da Federação Gaúcha de Futebol.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Decisão caseira

Depois de jogos envolvendo 104 clubes, a Copa São Paulo de Futebol Júnior, a mais tradicional competição do gênero no Brasil, já tem os seus finalistas definidos. No próximo sábado, Corinthians e Santos decidirão o título da competição. Será uma grande decisão, pois com dois grandes clubes do próprio estado onde se realiza a disputa, o estádio deverá estar lotado. Um ótimo teste para garotos em busca de afirmação, que, em geral, jogam para públicos bem menores. Pelo prestígio da Copa São Paulo, a partida também deverá ser acompanhada com interesse em todo o país. Ao longo de sua existência, a Copa São Paulo serviu de palco para o surgimento de futuros craques do futebol brasileiro. A esperança é que isso continue a acontecer, garantindo a necessária renovação do futebol mais vitorioso do mundo. Os dois clubes finalistas tem, nos últimos anos, se destacado por seu trabalho nas categorias inferiores. No momento, o time do Santos parece melhor, mas em um clássico de tamanha tradição, tudo pode acontecer. Será a primeira grande decisão de 2014. Para quem gosta de futebol, um espetáculo imperdível.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Reminiscências

Certas notícias tem o poder de nos remeter às reminiscências, algo tanto mais inevitável quanto mais se tenha vivido. Foi o que aconteceu comigo ao tomar conhecimento da morte de Márcio Antonucci, ex-integrante da dupla "Os Vips", de grande sucesso no tempo da Jovem Guarda. Eu ainda residia na minha terra natal, Rio Grande, quando a Jovem Guarda irrompeu no meio musical brasileiro. Mesmo sendo apenas uma criança, não fiquei incólume ao seu apelo. Afinal, as músicas da Jovem Guarda tinham melodias de fácil assimilação e letras simples, bem ao gosto de uma criança. Como não gostar de "Eu sou terrível", com Roberto Carlos, "Festa de Arromba", com Erasmo Carlos,  "Prova de Fogo", com Wanderléa, "Pobre Menina", com Leno e Lilian, "Coruja", com Deni e Dino? Eram músicas que os críticos mais exigentes tachavam, muitas vezes, de simplórias, mas que "grudavam" no ouvido e se tornaram grandes sucessos. Os Vips foi uma dupla que também obteve grande êxito na época. Seu maior sucesso foi a música "A Volta", composta por Roberto Carlos e Erasmo Carlos. A exemplo de quase todos os astros da Jovem Guarda, à exceção de Roberto e Erasmo, os Vips mergulharam no ostracismo a partir dos anos 70, mas não ha quem tenha vivido naquela época que não se recorde deles. Márcio Antonucci faleceu aos 68 anos, uma morte um tanto precoce nos dias de hoje. Foi um homem bem sucedido. Depois de sua fase como cantor, trabalhou em grandes redes de tv, como Globo, Record e SBT. Chegou a ser casado com outra figura famosa da Jovem Guarda, Lilian, da dupla com Leno. A notícia de sua morte, ao mesmo tempo que me faz encarar a óbvia realidade da finitude de todos nós, me remete a uma viagem no tempo, em minha infância, enquanto o rádio tocava "A Volta": "Estou guardando o que há de bom em mim"... Impossível não se deixar levar pelas lembranças de um período de minha vida, importante e já tão distante.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Filme antigo

O Grêmio não ganha um grande título há treze anos, e mesmo o modesto Campeonato Gaúcho não consegue conquistar há quatro. Como se costuma dizer no Rio Grande do Sul, só há uma coisa pior do que ganhar o Gauchão, é perdê-lo. O Inter já tem uma vantagem de seis títulos gaúchos sobre o Grêmio ao longo da história. O fato não pode surpreender ninguém. Nos últimos anos, o Grêmio tem negligenciado cada vez mais a competição, sob o pretexto de priorizar outras disputas. Foram raras as vezes, na atual década, em que o Grêmio se fez representar por seus titulares em jogos do campeonato estadual. O resultado prático disso são derrotas para adversários inexpressivos que comprometem a imagem do clube. Hoje, esse filme, já tantas vezes visto, voltou a ser exibido. Ainda que tenha jogado num ridículo gramado sintético, sob uma temperatura altíssima, não há como se aceitar a derrota do time sub-20 do Grêmio para o modestíssimo São José, por 1 x 0, no Passo da Areia. Na véspera, o Inter, mesmo jogando com seu time sub-23, fez valer sua grandeza e ganhou do São Luiz por 2 x 0. A obrigação do Grêmio era, do mesmo modo, se impor sobre seu fraco adversário. Ao contrário, o que se viu foi uma atuação deprimente dos jovens jogadores do Grêmio. O time gremista jamais levou perigo ao adversário, e ainda tomou um gol numa falha patética de sua defesa. Mesmo sofrendo o gol aos 34 minutos do primeiro tempo, e, portanto, com muito jogo pela frente para buscar uma reação, o Grêmio em momento algum deu a ideia de que iria fazê-lo. Para o torcedor fica a desolação de começar um novo ano com uma derrota, em paralelo com uma vitória de seu maior rival. Um filme antigo e constantemente reprisado, que o torcedor não aguenta mais assistir.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Precariedade técnica

Por mais que alguns se esforcem, não dá para vender a ideia de que os campeonatos estaduais são competições interessantes. Hoje, a maioria dos campeonatos estaduais teve início, e a confirmação da precariedade técnica deles ocorreu já na primeira rodada. Foi o caso do Campeonato Gaúcho. O Inter, representado por seu time sub-23, fez sua estreia no Gauchão. Ainda sem poder utilizar o Beira-Rio, o Inter, como mandante, jogou no Estádio do Vale, em Novo Hamburgo, e venceu o São Luiz, de Ijuí, por 2 x 0. Com esse mesmo time, o Inter, em amistosos, perdeu para o Cruzeiro (RS) , empatou com o Esportivo, de Bento Gonçalves, e foi derrotado pelo Pelotas, na decisão da Recopa Gaúcha, numa partida em que ganhava por 2 x 0, com um homem a mais, e permitiu a virada para 3 x 2. Pois mesmo com tamanha demonstração de fragilidade, o Inter sub-23 não teve dificuldade para ganhar do São Luiz. Nem mesmo o fato de contar com um técnico experiente no futebol do Rio Grande do Sul como Beto Almeida, e de ter realizado várias contratações, fez com que o São Luiz levasse qualquer perigo ao modesto time que entrou em campo pelo Inter. O que só comprova o absurdo de um campeonato que mistura clubes que já foram campeões mundiais, como Grêmio e Inter, com outros que sequer pertencem a alguma divisão do futebol brasileiro. Os campeonatos estaduais representam três meses desperdiçados no calendário dos grandes clubes, disputando jogos sem nenhum atrativo, para um público diminuto. Um absurdo que teima em se perpetuar.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Provocação

O presidente do Inter, Giovanni Luigi, está longe de fazer um bom trabalho. Em seu último ano de mandato, Luigi necessita que o Inter tenha um grande desempenho em 2014 para que ele possa sair com a imagem menos desgastada. Até aqui, na comparação com os dois presidentes anteriores, Fernando Carvalho e Vitório Píffero, seu trabalho é muito fraco. Ainda assim, Luigi encontra tempo para dar "alfinetadas" no maior rival, o Grêmio, destacando a satisfação pela volta ao Beira-Rio, frisando que o estádio "é nosso". O comentário de Luigi é uma clara alusão ao relacionamento conturbado entre Grêmio e OAS, que faz com que a Arena apresente restrições de utilização por parte do clube. A resposta à provocação de Luigi não tardou. O vice-presidente do Grêmio, Nestor Hein, disse que o palhaço fica excitado diante de uma lona nova, numa referência à reforma do velho Beira-Rio. Houve quem achasse, na imprensa, que a resposta de Hein foi muito agressiva, e desproporcional ao que havia sido dito por Luigi. Não concordo. Hein, mesmo sendo um homem elegante, deu a resposta contundente que Luigi merecia. Ele, embora a imprensa esportiva do Rio Grande do Sul, majoritariamente identificada com o Inter, tente lhe atribuir grandes qualidades, é um presidente tíbio e atrapalhado, sob cuja administração os resultados de campo despencaram. Não está, portanto, em condições de "alfinetar" ninguém. A rude, mas acertada, resposta de Nestor Hein apenas confirma o que expressa o ditado, isto é, quem diz o que quer, ouve o que não quer.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O outro lado de uma profissão glamurosa

Certas profissões exercem um grande fascínio sobre as pessoas, pois a elas estão associadas a ideia de uma vida de fama e fortuna. Incluem-se, nesse caso, atividades como as de ator ou esportista. No caso da carreira de ator ou atriz, a grande exposição de imagem e a fama dela decorrente, exerce um grande fascínio sobres as pessoas. No entanto, nessa como em qualquer outra atividade, são poucos os que chegam ao topo, e muitos os que enfrentam dificuldades. Um exemplo disso é o que acontece com o ator Francisco Carvalho, que, em 2012, participou da novela "Salve Jorge". O papel de Carvalho era o do Seu Galdino, um comerciante solitário e rabugento que habitava a favela retratada na novela. Carvalho disse que está desempregado desde o final de "Salve Jorge", e que teve até de tirar um empréstimo para poder sustentar mulher e dois filhos. O ator já tem uma certa idade, está longe de ser um galã, e sempre fez papéis de coadjuvante. Ele diz que é disso que vive e pediu para que o chamem para novos trabalhos. Francisco Carvalho representa o lado duro de uma profissão marcada pela presença de grandes ídolos, adorados pelas multidões, que ocupam as capas de revistas e ganham altos salários. Embora, em seus trabalhos tenha a oportunidade de contracenar com eles, sua vida é muito diferente da dos grandes astros e estrelas. Carvalho, com suas dificuldades particulares, mostra que, nessa como em outras atividades, poucos são os eleitos, e muitos os excluídos.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Uma ideia a ser repensada

Diego Forlán não deverá ficar no Inter, indo, provavelmente para um clube do exterior. Em poucos dias, é o terceiro caso de um jogador estrangeiro caro e badalado que deixa a dupla Gre-Nal. O primeiro foi o chileno Vargas. Emprestado pelo Nápoli ao Grêmio, ele nunca repetiu no clube suas grandes apresentações pela seleção do Chile. Isso, somado ao alto valor dos seus direitos econômicos e a falta de recursos do clube, fez com que o Grêmio desistisse de manter o jogador. Há poucos dias, o argentino Scocco, vice-goleador da Libertadores de 2013, e por quem o Inter pagara um alto valor, comunicou que não queria permanecer no clube, por não ter "adrenalina" para jogar no futebol brasileiro. Agora, é o uruguaio Diego Forlán que está de saída. O jogador não mostrou um futebol compatível com a condição de quem foi escolhido o melhor jogador da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. Os três exemplos parecem suficientes para que Grêmio e Inter repensem a ideia de contratar astros estrangeiros. Ao longo da história, Grêmio e Inter recorreram várias vezes à contratação de estrangeiros. Muitos foram bem sucedidos, como Ancheta, Figueroa, De León, Arce. Outros tantos, no entanto, fracassaram. As últimas contratações do gênero por parte da dupla Gre-Nal não tem sido bem sucedidas. Vargas, Scocco e Diego Fórlan, custaram caro, e vieram ganhando altos salários. Em campo, não justificaram tamanhos gastos. Numa época de contenção de custos como a que se apresenta, atualmente, no futebol brasileiro, convém repensar a ideia de contratar astros estrangeiros, alguns deles comprometidos em servir suas seleções em boa parte do ano. Em termos de relação custo-benefício, os resultados não tem sido satisfatórios.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Brasil dividido

A questão envolvendo os chamados "rolezinhos", reunião de jovens da periferia em shoppings centers, expõe, mais uma vez, a dramática divisão de classes existente no Brasil. Ela confirma a existência de uma Belíndia no país, termo cunhado pelo economista Edmar Bacha, citado vez por outra nesse espaço. Uma pequena e privilegiada porção da sociedade com um padrão de vida belga, de um lado, e enormes bolsões de pobreza ao estilo indiano, de outro. O lado belga tenta, o tempo inteiro, fugir do convívio com a parte indiana. Fecha-se em condomínios gradeados e de muros altos, procura frequentar espaços exclusivos, sem contato com a "ralé". Os shopping centers, templos de consumo são, no entender dos mais aquinhoados, um espaço que lhes pertence, e que não pode ser "invadido" por hordas de pobretões que vão descaracterizar o seu glamour e colocar em risco a sua segurança. Os brasileiros da porção privilegiada querem exclusividade para desfrutar o ar condicionado de tais ambientes, suas tentadoras praças de alimentação, as lojas de grife, suas opções de lazer. O repúdio aos rolezinhos é apenas mais uma demonstração da insensibilidade e do preconceito das classes mais favorecidas em relação aos desafortunados da sociedade. Há juízes acolhendo ações de shopping centers proibindo tais manifestações. Outros não as estão deferindo, por não verem razão para tanto. O mito do país acolhedor, de um povo cordial, novamente cai por terra. O Brasil é um país extremamente desigual e sectário, onde endinheirados reagem sempre que os mais pobres demonstram não reconhecer qual é o "seu lugar". O Brasil é um país que colheu, nos últimos anos, notáveis avanços em várias áreas, mas continua medieval no aspecto social.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Primeiro título

O futebol do Rio Grande do Sul deu a sua largada, em 2014, na noite de hoje. Pelotas e Inter decidiram o título da 1ª edição da Recopa Gaúcha. A disputa reuniu os campeões de 2013 da Supercopa Gaúcha e do Campeonato Gaúcho, Pelotas e Inter, respectivamente. O jogo foi na Boca do Lobo, em Pelotas. O Pelotas, com uma virada histórica de 3 x 2, conquistou o primeiro título de campeão no Rio Grande do Sul, em 2014. Foi um resultado heróico, pois, como de costume, o Inter foi beneficiado pela arbitragem, que expulsou um jogador do Pelotas no início da partida, por ter, supostamente, simulado um pênalti. Prejudicado pela expulsão, o Pelotas logo sofreu um gol. No final do primeiro tempo, o Inter fez mais um gol, parecendo ter decidido o jogo a seu favor. Porém, logo a seguir, o Pelotas descontou. No segundo tempo, o Pelotas foi para o ataque, fez dois gols em sequência, e o Inter não conseguiu reagir. Numa demonstração da perturbação que tomou conta do Inter, Thales foi expulso de forma direta depois de chutar Mythiuê sem bola. Com isso, era só questão de o tempo passar para o Pelotas confirmar a conquista do título, o que acabou se confirmando. Ainda que tenha sido representado por seu time sub-23, a perda do primeiro título do ano é um duro golpe para o Inter, e para o técnico Clemer, que depois da péssima passagem pelo time profissional em 2013, já começa 2014 com derrota e deixando escapar uma taça.

domingo, 12 de janeiro de 2014

O sexo na ordem do dia

O ser humano age paradoxalmente em relação ao sexo e à morte, tratando-os como tabus, ainda que sejam indissociáveis da nossa existência. Só estamos no mundo porque somos resultado de uma relação sexual, e a morte acontece para todos, indistintamente. No entanto, mostramos embaraço e desconforto ao tratar de tais assuntos. O sexo deixa muitos envergonhados, a morte causa temor em todos. Dessa forma, as obras literárias, musicais, cinematográficas ou dramatúrgicas que tratem, prioritariamente, destes dois elementos, geram, quase sempre, impacto e polêmica. No momento, o que está na ordem do dia é o sexo. No cinema, os filmes "Azul é a cor mais quente" e "Ninfomaníaca" e, na televisão, a minissérie "Amores Roubados", brindam os espectadores com tórridas cenas de sexo, o que se reflete em bilheteria e audiência, mas também em análises sob os mais diversos ângulos. Nem mesmo toda a evolução dos costumes e a liberalidade da sociedade ocidental foram capazes de retirar do sexo a condição de assunto tabu, e de evitar que sua abordagem gere o choque de alguns e a indignação de outros tantos. A cada vez que alguém se lança a tratar de sexo de uma maneira mais aberta, logo surge quem o acuse de buscar o sensacionalismo, o apelo fácil de audiência, ou de querer escandalizar a plateia. Não é o caso das três obras citadas, por certo, todas dotadas de inegáveis méritos artísticos. O que chama atenção, no entanto, é que, mesmo em pleno terceiro milênio, ainda encaremos o sexo como algo cercado de restrições e não com a naturalidade de um fator inseparável da nossa própria existência.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Merchandising cultural

A televisão exerce enorme influência sobre os brasileiros. Para muitos é a única opção de lazer acessível, já que o preço dos ingressos de cinema e teatro afastam os bolsos menos privilegiados. Com uma audiência diária de milhões de espectadores, é um ótimo meio para se vender qualquer tipo de produto, não só com os comerciais propriamente ditos, mas, também, pelo merchandising. Dessa forma, um produto é anunciado, por exemplo, dentro do contexto do enredo de uma novela. Assim, personagens dirigem determinados carros, entram na agência deste ou daquele banco. Isso já vem sendo praticado há um bom tempo. O autor da novela "Amor à Vida", Walcyr Carrasco, no entanto, inovou. Em meio ao merchandising tradicional, Carrasco coloca em várias cenas, personagens lendo livros e fazendo referências às obras e seus autores. O resultado é que estas obras já estão tendo um aumento de vendas significativo, o que só confirma o poder avassalador de influência da televisão. Nesse caso, em particular, o veículo é utilizado não para vender um produto qualquer, mas para difundir o saudável hábito da leitura. Uma ação meritória do autor da novela, que já apresenta resultados práticos, e que comprova que a televisão não é um divertimento alienante e escapista. Tomara que ações semelhantes se tornem comuns daqui para a frente, esvaziando o discurso ranzinza dos detratores da televisão.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Postura equivocada

O futebol tem ideias que desafiam a lógica e a paciência, mas, ainda assim, vão se perpetuando ao longo do tempo. Uma delas é a de que, nas categorias abaixo dos profissionais, o importante é formar jogadores, não ganhar competições. Resta explicar como formar jogadores vencedores sem comprometê-los, desde cedo com a busca incessante da vitória. O Grêmio é um dos clubes onde essa postura equivocada é mais alardeada. O desempenho do clube na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2014 reflete essa orientação. O clube foi eliminado na primeira fase, com dois empates e uma derrota, ou seja, sem vencer nenhum jogo. Como agravante, o fato de que seus adversários, São Caetano, Luverdense e Taboão da Serra, são clubes de pouca ou nenhuma tradição. A Copa São Paulo, mesmo descaracterizada, nos últimos anos, pelo excesso de participantes, é a mais prestigiosa competição do seu gênero no Brasil, e representa, na prática, a largada do ano futebolístico no país. Para citar outros grandes clubes brasileiros, o Corinthians já a ganhou oito vezes. O maior rival do Grêmio, o Inter, já ganhou a Copa São Paulo por quatro vezes. Por sua vez, o máximo que o Grêmio obteve foi um vice-campeonato, em 1991. A campanha desse ano foi vexatória, sob todos os aspectos, indigna da grandeza do clube. Não é assim que se conduz a formação de jovens jogadores. Cada vez mais, a chamada "prata da casa" representa uma fonte de arrecadação futura para os clubes. Para revelar grandes jogadores, no entanto, é preciso incutir-lhes o comprometimento com a vitória, a noção do peso de uma camisa gloriosa. O torcedor do Grêmio não poderia ter tido uma abertura de ano pior. Só lhe cabe desejar que ela não seja o prenúncio da trajetória do clube durante o ano.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A resistência do Brasil arcaico

Um dos estados mais pobres do país, o Maranhão tem sido destaque nas notícias dos últimos dias. Primeiramente por uma onda de violência que inclui ônibus incendiados e atrocidades cometidas no seu sistema prisional, como a degola de detentos. Depois, por um edital para a compra de artigos para a despensa da cozinha da governadora Roseana Sarney. No edital constam, entre outros itens, 200 quilos de bacalhau do Porto de primeira qualidade, 2,5 mil quilos de camarões de diversos tipos, 180 quilos de salmão fresco e defumado, 80 quilos de lagosta fresca, 1,5 mil vidros de azeite de oliva português e espanhol, 750 quilos de patinhas de caranguejo frescas, castanhas portuguesas, e geleias francesas de morango, pêssego e cassis. Cobrada sobre a onda de violência que assola o estado, a governadora garante estar tomando as medidas necessárias para combatê-la, e que ela é consequência de o Maranhão estar "mais rico". O Maranhão é um dos exemplos de um Brasil arcaico que teima em não desaparecer. O país já atingiu um alto grau de desenvolvimento em vários níveis, mas algumas de sua unidades federativas ainda seguem imersas no atraso, entregues ao domínio de clãs políticos poderosos. No caso específico do Maranhão, há décadas o estado é dominado pela família Sarney. Enquanto o Maranhão e seus cidadãos chafurdam na pobreza, os membros da família Sarney perpetuam seu poder, que exercem de forma praticamente absoluta. Casos mais ou menos semelhantes ocorrem em Alagoas, Bahia e Ceará, com as famílias Collor, Magalhães e Gomes, respectivamente. O Brasil é um país de dimensões continentais e, por consequência, com grandes discrepâncias entre suas diversas regiões. O economista Edmar Bacha chegou a cunhar uma expressão, que ficou consagrada, definindo o país como uma "Belíndia", uma mistura de Bélgica com Índia, ou seja, uma pequena parte com alto padrão de vida e outra, bem maior, com imensos bolsões de pobreza. O fato é que existe um Brasil renitente, que parou no tempo, que resiste a se modernizar, em que o poder ainda é exercido de maneira absolutista, onde a democracia e a transparência são conceitos inaplicados. Com um senso de sobrevivência política extremamente desenvolvido, os artífices desse quadro estabelecem acordos com toda e qualquer corrente que lhes garanta a perpetuação nas esferas do poder. Enquanto não forem, definitivamente, varridos da cena política brasileira, o país segurá dividido entre o alto grau de desenvolvimento do Sul e do Sudeste, e o atraso das demais regiões, que, no caso do Nordeste, é quase medieval.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Tendência irreversível

A revelação por parte do ex-jogador de futebol alemão Hitzlsperger, que jogou 52 partidas pela seleção de seu país, de que é homossexual, é mais um indicativo de uma tendência irreversível de nossos dias, a de que os gays, continuadamente, "saiam do armário". Ainda há, é claro, muito preconceito e intolerância para com os homossexuais, mas os tempos em que eles estavam condenados a viver nas sombras está ficando, cada vez mais, para trás. A declaração de Hitzlsperger recebeu apoio do governo da Alemanha, da Federação Alemã de Futebol e de jogadores, comprovando a mentalidade mais arejada em relação ao assunto. A homossexualidade não é uma doença, nem uma falha de caráter, é uma condição existencial. Não tem porque ser alvo de intolerância ou perseguição. Ao longo da história da humanidade, grupos sempre procuraram estabelecer critérios hegemônicos, ditando o que é certo e errado, gerando odiosas discriminações e sectarismos. Essas inclinações talvez nunca sejam eliminadas de todo, mas já não possuem a força de antes. A sociedade caminha para a inclusão. Por natureza, ela é plural e multifacetada. Não há porque ser reduzida a critérios de "normalidade" impostos por visões tacanhas de fundo religioso. Todos merecem respeito, independentemente de sua orientação sexual, opção política, por ser crente ou ateu. Os que apostam em um discurso conservador, cheio de invectivas moralistas, vão acabar falando para poucos. Num mundo de avanços científicos e tecnológicos espantosos, a boçalidade vai se tornando anacrônica.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Em compasso de espera

O ano de 2014 já começou e, como se sabe, no Brasil, será marcado pela realização de uma Copa do Mundo e de eleições presidenciais. No entanto, faltando cinco meses para o início da Copa e nove para as eleições, o "clima" associado a esses acontecimentos ainda não parece ter despertado. O país segue sua vida num de seus mais quentes verões e não se percebe mobilização para a maior competição do futebol mundial, que retorna ao país depois de 64 anos. No campo político, os humores do eleitorado permanecem inalterados, mesmo com a imprensa "martelando" dia e noite o assunto do mensalão com o claro intuito de desgastar a imagem do governo, que conta com ampla aprovação popular. Os nomes aventados para concorrer a presidente não parecem motivar o eleitor para uma mudança de escolha. A cobertura da imprensa em relação à Copa trata muito mais de atrasos de obras e possibilidades de protestos nas ruas do que sobre o aspecto técnico de uma edição que terá a presença de todos os campeões da história da competição. Se, como sustentam muitos, o ano, no Brasil, só começa, verdadeiramente, após o Carnaval, talvez tenhamos, a partir de março, um entusiasmo maior em relação aos grandes eventos de 2014, principalmente a Copa do Mundo. Até agora, tudo parece seguir no ritmo de sempre. Tomara que essa letargia, em breve, dê lugar ao entusiasmo e à mobilização que a Copa e as eleições, em qualquer circunstância, merecem ter.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O ano do ócio

O ano recém iniciado terá uma característica, no Brasil, que já está preocupando os chamados "setores produtivos". Será um ano marcado por um superferiadão e por férias de inverno prolongadas. Portanto, 2014 terá a marca do ócio. O Brasil, como se sabe, é um país celebrativo. Costuma-se dizer que, no país, o ano só começa, verdadeiramente, após o Carnaval. Pois bem, em 2014 o Carnaval será em março, prolongando as férias de verão. Logo depois, em abril, acontecerá o já referido superferiadão, em que a Semana Santa emendará com o dia de Tiradentes, que cairá numa segunda-feira. As escolas estaduais darão férias de um mês no período de realização da Copa do Mundo, entre e junho e julho. Ainda que alguns feriados tradicionais do segundo semestre caiam em domingos, será um ano de muito tempo livre. Para um país que apresenta índices modestos de crescimento econômico, tantos dias suprimidos de trabalho constituem um fator complicador. Porém, num ano em que o país sediará uma competição da magnitude da Copa do Mundo, somadas às festividades tradicionais do calendário, tudo remete para a festa e a celebração. Mais do que nunca, estaremos entoando o refrão daquela famosa música de fim de ano: "Hoje é a festa é sua, hoje a festa é nossa, é de quem quiser, quem vier...".

domingo, 5 de janeiro de 2014

Eusébio

O mundo perdeu, hoje, um dos grandes gênios do futebol: Eusébio. Nascido em Moçambique, Eusébio atingiu a fama jogando pela Seleção de Portugal e pelo Benfica. Com a camisa de Portugal, fez 41 gols em 64 jogos. Foi o melhor jogador e goleador da Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, com nove gols, quando a Seleção de Portugal, que participava pela primeira vez da competição, chegou num brilhante terceiro lugar. Eusébio, sem dúvida, é um dos maiores nomes da história do futebol. Alguns o consideravam melhor que Pelé, o que é um exagero, mas foi um jogador notável. Aliás, Eusébio contestava o conceito em relação a Pelé, parecia enciumado com a reverência em torno do brasileiro. Isso só prova que Eusébio era humano, e como tal, sujeito a manifestar sentimentos mesquinhos, mas não o deslustra como um jogador de primeiro nível. Seu nome pertence a galeria dos maiores de todos os tempos no futebol, onde estão o já referido Pelé, o número um dentre todos, Garrincha, Maradona, Cruyff, Beckenbauer, Messi. Faleceu com 71 anos, uma morte que pode ser considerada precoce para os padrões de hoje. Sua saúde já vinha debilitada há algum tempo, desde que sofrera um AVC. Deixa uma trajetória escrita de forma indelével na história do futebol. Moçambique, Portugal e o mundo do futebol estão de luto.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Imobilismo

Os dias vão passando, a abertura dos trabalhos do ano será na quarta-feira, mas o Grêmio, que irá estrear na Libertadores daqui a 39 dias, mostra um preocupante imobilismo. Em vez de anunciar contratações, os dirigentes pensam em vender jogadores para aliviar o caixa e colocar salários em dia. As más notícias se sucedem. A mais recente delas é a de que o auxiliar técnico Róger Machado vai deixar o clube. Revelado pelo Grêmio, foi multi-campeão como jogador, e mostrou uma evidente vocação para a função de técnico nas vezes em que atuou como interino. O mesmo clube que faz uma aposta temerária em Enderson Moreira, um técnico de currículo pobre, deixa sair um treinador promissor. Róger vai tentar, finalmente, encetar uma carreira como técnico. Tem tudo para obter êxito. Enquanto isso, o Grêmio não dá nenhuma notícia alentadora para os seus torcedores. Toda a esperança de conquistas parece se resumir na confiança no perfil vencedor do presidente Fábio Koff. Convenhamos, é muito pouco. O Grêmio está prestes a completar 13 anos sem ganhar um grande título. Suas ações para 2014, ou melhor, a falta delas, não permitem nenhum otimismo. O que deveria ser um fator de motivação, a disputa de uma Libertadores, cede lugar ao desalento. Até agora, os gremistas não tiveram nenhum motivo para comemorar a chegada de 2014. O novo ano se inicia com a marca do desânimo, e a perspectiva do prolongamento do jejum de títulos.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Verão tórrido

O Brasil está vivendo um verão tórrido. A estação ainda está no início, mas as temperaturas estão escaldantes. A última semana de 2013 em Porto Alegre foi com sensação térmica sempre próxima dos 40 graus. No Rio de Janeiro, há uma semana as temperaturas não baixam dos 35 graus, com sensação térmica superior. No caso do Rio, cidade turística, isso resulta em praias lotadas. Porém, nas cidades onde não existem praias, e para todos aqueles que precisam trabalhar, por não estarem em férias, as altas temperaturas são um suplício. Sem contar que a seca prolongada afeta a produção agrícola. Enfim, o calor é fonte de diversão para uns e um grande incômodo para outros. A estação sequer completou o primeiro dos seus três meses, o que faz prever um sofrimento prolongado. Nos últimos anos, os invernos, pelo menos no sul do país, também tem sido muito rigorosos. O Brasil é um país de muitos encantos, mas o seu clima está longe de ser ameno. Alguns acham que tudo isso é resultado do desequilíbrio ecológico causado pela ação do homem. Seja qual for a causa dessas estações inclementes, nossa saúde está sendo submetida a testes rigorosos. Resista até março, do jeito que der, e bom verão!

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

A largada de um ano intenso

Estamos no primeiro dia de 2014, um ano que será intenso. Como acontece a cada quatro anos, teremos a coincidência da Copa do Mundo com as eleições presidenciais. Porém, em 2014, há um dado que faz toda a diferença, que é o de que a Copa do Mundo será no Brasil. Afora as ocasiões que  reúnem grande número de pessoas, como o revéillon, o carnaval, as festas juninas do Nordeste, teremos a Copa, juntando multidões em 12 cidades de todas as regiões do país. Durante um mês, estaremos celebrando a magia e o encanto do futebol. Se, como desejamos, a Seleção Brasileira for campeã, teremos uma festa sem hora para acabar. Paralelamente ao lado festivo do ano, há a expectativa da repetição dos protestos de rua de junho de 2013. No ano que está começando, como se vê, a rua será o grande cenário. Para comemorar ou protestar, o espaço público dará o tom no novo ano. Será um ano cansativo, pela sequência de acontecimentos. Tomara que, em todas essas manifestações, os objetivos sejam alcançados, e que possamos celebrar conquistas, tanto no esporte quanto nas reivindicações da cidadania.