terça-feira, 16 de julho de 2013

A ocupação

Amanhã, a ocupação da Câmara de Vereadores de Porto Alegre por ativistas do movimento "Bloco de Luta pelo Transporte Público" estará completando uma semana. Trata-se de mais um episódio dentro da onda de protestos e manifestações que tomou conta do país desde o mês de junho. O grupo de ocupantes da Câmara deseja auditoria imediata das contas do transporte público, com participação popular; passe livre para estudantes, desempregados e idosos; e transporte 100% público. A ocupação proporciona mais um embate entre progressistas e conservadores. Não são poucas as vozes, inclusive na imprensa, que se levantam contra o que consideram uma afronta à ordem institucional, e clamam por uma ação enérgica da Brigada Militar para desocupar o prédio. Independentemente de como vá terminar essa situação, o que ela demonstra é que, definitivamente, a passividade da população diante dos desmandos da classe política chegou ao fim. Os políticos já evidenciaram, também, de que não vão abrir mão tão facilmente de seus privilégios, nem agir contra os seus interesses e os de seus apoiadores. Como sempre, eles apostam que, com o tempo, os movimentos arrefecerão, o que permitirá que tudo continue como dantes. Vão perder a aposta. Os tempos, no Brasil, são outros. As reivindicações não irão parar. No caso específico da ocupação do legislativo municipal de Porto Alegre, há um item, pelo menos, em que os ativistas tem toda a razão. A auditoria nas contas do transporte público é algo indispensável. No estabelecimento da tarifa é sempre usado o argumento de que é preciso levar em conta a planilha de contas das empresas. Ocorre que não hã transparência nessas contas, que permanecem desconhecidas da maioria da população. A prefeitura e a Câmara, por certo, não tem interesse nessa transparência, pois as empresas são financiadoras de campanhas de candidatos. Não será de uma hora para outra que os políticos vão abrir mão da defesa de seus interesses e vantagens. Porém, a população também não irá esmorecer na sua luta por mudanças. Eis um confronto que vai se intensificar cada vez mais, e cujo desfecho ainda está distante.