quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A queda de mais um ministro

Depois de uma breve interrupção, eis que a "faxina" continua. Dessa vez quem caiu foi o ministro do Turismo, Pedro Novais. O motivo que levou o ministro a pedir demissão foi a descoberta de várias irregularidades nas quais estava envolvido. A mulher de Novais, Maria Helena de Melo, usava um servidor da Câmara dos Deputados como motorista particular. Novais teria pago uma empregada com dinheiro da Câmara no período em que foi deputado federal, de 2003 a 2010. Embora trabalhasse no apartamento de Novais como governanta, Doralice de Souza teria sido nomeada secretária parlamentar. Desde maio, Doralice é funcionária de uma empresa terceirizada que presta serviços ao Ministério do Turismo. O agora ex-ministro do Turismo também é acusado de ter destinado, quando era deputado, R$ 1 milhão para uma empresa de fachada construir uma ponte no município de Barra do Corda (MA). A liberação do recurso teria ocorrido em 2010, por meio de emenda ao orçamento da União. Em dezembro de 2010, Novais pediu à Câmara ressarcimento de R$ 2.156 pagos por ele a um motel de São Luís (MA) em junho de 2010. Segundo a gerente do Motel Caribe, Novais havia alugado a suíte para uma festa. Em agosto, a Polícia Federal, durante a Operação Voucher prendeu 37 pessoas, 9 delas do Ministério do Turismo. Elas sãos suspeitas de  participar do desvio de cerca de R$ 3 milhões de um convênio, firmado em 2010, para capacitação de profissionais de turismo no Amapá. Novais, que ainda não era ministro, alega desconhecer as irregularidades. Como se vê, o rol de malfeitos de Pedro Novais é extenso. Sua saída não surpreende. O que espanta é que tenha sido nomeado. Novais, de 81 anos, só chegou ao cargo porque foi indicado pela bancada do PMDB da Câmara e apadrinhado pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), de quem é amigo. Não tinha qualquer conhecimento do setor de turismo. A presidente Dilma Roussef não tinha simpatia por ele. Por sinal, em  oito meses no cargo, Novais só foi recebido por Dilma duas vezes, uma delas para pedir demissão. Mais uma vez, é preciso destacar que a maior causa das demissões em cascata no ministério de Dilma são os critérios de nomeação. Enquanto cargos tão importantes como o de ministro forem ocupados por meio de indicações políticas e apadrinhamentos, os escãndalos vão continuar a aparecer. A saída dos ministros pode até ser uma faxina, mas o melhor mesmo seria evitar que se produzisse a sujeira. Isso, no entanto, só será possível quando forem nomeados os mais aptos e não os indicados por partidos ou protegidos de raposas da política.