quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Vergonha

A atual edição da Libertadores está irremediavelmente manchada. Fatos escandalosos mostram sue a competição está sofrendo influências que afetam a sua lisura. O Santos foi punido por ter utilizado o meiocampista uruguaio Carlos Sanchez em condição irregular, o que foi denunciado pelo Independiente, seu adversário nas oitavas de final. Porém, Pisculicci, do River Plate, e Abila, do Boca Juniors, também jogaram em situação irregular, e nada aconteceu com seus clubes. A alegação da Conmebol é de que ninguém protestou contra a utilização de Pisculicci e Abila no prazo regimental de 24 horas, o que foi feito pelo Independiente em relação a Carlos Sanchez. Esse argumento suscita perguntas fundamentais. Então, quer dizer que uma flagrante irregularidade não será punida se ninguém protestar contra ela? Sabedora da irregularidade, não caberia à própria Conmebol punir os clubes infratores, independentemente de qualquer denúncia? Como foi que o Independiente teve acesso à informação de que o jogador do Santos estava irregular? Como se não bastassem esses acontecimentos altamente suspeitos fora de campo, hoje o escândalo se deu dentro dele. O jogo Boca Juniors 2 x 0 Cruzeiro, válido pelas quartas de final, na Bombonera, teve a influência direta da arbitragem no seu andamento. O Boca Juniors vencia por 1 x 0, mas sofrendo forte pressão do Cruzeiro em busca do empate, quando o árbitro expulsou injustamente o zagueiro Dedé, e, o que é pior, tendo recorrido ao auxílio de vídeo. A expulsão de Dedé foi tão absurda que até a imprensa argentina a repudiou. Uma vergonha. Com um jogador a menos, o Cruzeiro sofreu mais um gol, o que torna a tarefa de buscar uma reversão no segundo jogo, no Mineirão, extremamente difícil. O poder dos clubes argentinos nos bastidores do futebol sul-americano não é uma novidade. Porém, imaginava-se que os fatores extracampo já não se fizessem tão presentes, comparativamente com outros tempos. Ledo engano. O futebol, na América do Sul, continua uma atividade pouco confiável fora dos gramados.